Love is a Thief

⎯28.

Estava outra vez no exato lugar onde havia encontrado Catherine. Tudo parecia igual. A mesma clareira, as tochas acessas refletindo luz contra as árvores. Mas Luke não sabia como tinha chegado naquele lugar, definitivamente não fazia ideia.
Ele se aproximou mais, franzindo o cenho ao notar uma movimentação. Apertou os olhos, não conseguia ver nada além de vultos, mas aos poucos conseguia enxergar com nitidez. Reconheceu Catherine. Ela empunhava uma espada, era familiar, porém ele não conseguia lembrar de onde reconhecia aquela arma.

—Catherine —ele a chama.

Ela não olhou, nem sequer pareceu ter ouvido seu chamado. Catherine olhava para frente, sua boca se movia, mas nenhum som ecoava. Aquilo era estranho. Luke se aproximou e tentou apoiar a mão sobre o ombro de Catherine, só que ele também não conseguiu tocá-la. E então um pensamento ecoou, estava em um sonho.
Luke sentiu uma pontada de desespero. Fazia muito tempo que não tinha nenhum sonho, geralmente tinha medo de dormir e sonhar porque sabia que não eram só sonhos, eram visões e mensagens. Tinham parado de acontecer desde que ele começou a ficar com Catherine, se lembrava de que tinha a agradecido por isso em Paris. Só que eles não estavam mais juntos, ela não estava mais lá para afastar seus pesadelos.

Mesmo assim, lá estava Luke Castellan. Preso em seu próprio sonho, visão ou pesadelo, não sabia dizer o que era. Ele observava uma versão da sua alma gêmea. Ela empunhava uma espada e lutava contra outra pessoa, não era possível saber quem era essa pessoa. Não dava para ver o rosto, a cor de pele, o cabelo ou os olhos, era apenas uma sombra. Uma silhueta escura e sem aparência. Uma sombra que estava lutando contra Catherine. O som metálico das espadas se chocando ecoava. Luke tinha milhões de coisas a dizer. Perguntas sobre o que estava acontecendo, quem ou o que era aquela sombra, por que Catherine estava lutando? Queria dizer para ela se esquivar, queria gritar para que ela tomasse cuidado, mesmo em um mero sonho não suportava a ideia de vê-la machucada. Aquilo tudo parecia tão real, isso assustava, o fazia questionar o quanto daquilo era real e o quanto era apenas uma criação de seu subconsciente.

Ele viu a garota desarmar a sombra, a lâmina de sua espada sobre o pescoço da imagem sem rosto. Luke sorriu.
Tudo bem, ela ganhou. Disse em seus pensamentos, tinha um toque de alívio naquilo tudo. Tudo acontecia tão rápido, alguns momentos pareciam ser uma névoa, tudo em si era confuso. Talvez não fosse um pesadelo, deveria ser apenas um sonho qualquer e sem significado. Foi o que o tranquilizou, nem tudo precisava ter um significado.
Esse era seu pensamento. Até poderia ser verdade... Isso se não visse a sombra cravar a espada fundo sobre o abdômen de Catherine, torcendo a lâmina dentro dela. A filha de Afrodite caiu de joelhos quando a espada saía de seu corpo coberta de sangue. A roupa dela estava molhada, estava esvaindo sangue. O vulto sem face lançou a espada banhada pelo líquido rubro sobre a terra e se afastou, não queria dar a Catherine uma morte rápida ou talvez não podia, mesmo assim se afastou pela floresta com passos trêmulos. Os olhos de Luke estavam vidrados, ele correu até ela.

Era uma sensação desesperadora, por longos momentos ele se esqueceu do que era real e do que não era. Tentava chamá-la, mas ela não conseguia ouvi-lo. Mas o pior era o fato de tentar tocá-la e não conseguir. Não conseguia segurá-la em seus braços e estancar aquele sangue. Olhou para os olhos azuis cansados e que aos poucos perdiam o brilho.
Aqueles lindos olhos azuis que ele tanto admirava, tão cheios de vida e tão cheios de amor. Agora pareciam vazios. Não tinham vida.

E assim, Luke despertou. Desesperado e com a respiração pesada. Sentiu sua cabeça doer. Quis ir atrás da filha de Afrodite e ver como ela estava, mas não podia.

—Que horas são? —Luke avistou Chris no chalé.

—Sete da noite.

Luke franze o cenho e corta o próprio bocejo.