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"Acreditar em Papai Noel quando você tem três anos é fofo, acreditar em Papai do Céu aos trinta é no mínimo embaraçoso."
Catherine levou essa citação de um livro para sua vida. Ela seria ateia se não tivesse certeza que as maiores catástrofes do mundo eram culpa dos deuses. Não se importava que era filha de uma deusa, isso não era levado em conta por ela mesma. Ela tinha certeza que Zeus deveria a odiar, não existia outra razão para ele mandar outra tempestade justamente quando tinha começado sua outra etapa de viagem de avião.
"Por que ele manda tantas tempestades? Ele nem está com o raio-mestre. Idiota."
Foi seu pensamento amargurado.

Ela disparou uma quantidade absurda de xingamentos designados a todos os deuses. Se eles pudessem ler seus pensamentos, ela tinha certeza que já teria morrido da pior forma possível. Sabia que os Estados Unidos estavam em uma época chuvosa, as conhecidas chuvas de verão. Eram compostas de tempestades intensas e perigosas, não duravam muito tempo, mas eram imprevisíveis e depois traziam um calor quase infernal.
Catherine podia pensar que o comissário deveria ser mais rígido e tentar enfrentar aquela tempestade que fazia o avião sacudir e fazia os passageiros quase gritarem com a turbulência. Mas ela não podia esperar que alguém fosse tão apático e sem cuidado com as vidas alheias, para alguns, viver significava muita coisa. Ela se repreendeu, a vida também significava muito agora para ela, tinha que permanecer viva se quisesse salvar Luke. Era difícil tentar se apegar a vida, levando em conta que nas últimas semanas ela não conseguiu sentir nada além de tristeza, medo e raiva, mas sabia que era necessário.

—Senhoras e senhores, aqui é o comandante falando. Lamentamos informar que, devido às condições climáticas adversas, estamos obrigados a realizar um pouso de emergência em Las Vegas. Fiquem tranquilos, a decisão foi tomada visando a segurança de todos a bordo. Por favor, apertem os cintos, mantenham a calma e sigam as instruções da nossa equipe de cabine. Agradecemos a compreensão enquanto lidamos com essa situação.

Outro atraso para sua viagem, conforme esperava.
Tudo bem, eu vou lidar com isso. Era uma promessa e ao mesmo tempo uma forma de se auto consolar. Outra vez, ela saiu do avião e caminhou pelo aeroporto, irritada com todo o mundo ao seu redor.
Catherine se sentia tão cheia de ódio e tristeza que achava que deveria ter perdido sua beleza, não quis se olhar no espelho porque esperava uma visão feia. Obviamente ela estava equivocada sobre isso, mas não se atreveu a encarar seu próprio reflexo.
Ainda chovia muito do lado de fora, os pingos de chuva batiam fortemente contra as paredes transparentes do aeroporto. Ela xingou Zeus outra vez. Ela nunca tinha xingado tanto em sua vida, mesmo que fosse apenas em sua cabeça. A filha de Afrodite encarou a chuva uma última vez, estava correndo contra o tempo e estava perdendo feio, se queria salvar Luke precisava estar em vantagem. Então, decidiu agir. Ela começou uma longa pesquisa sobre o percurso de carro de Las Vegas até Los Angeles. Descobriu que eram quatro horas de carro, três horas a mais do que de avião, mas se fosse de carro poderia ir agora mesmo.

Ela olhou ao redor na saída do aeroporto. A chuva não estava mais intensa, havia se reduzido a pequenos chuviscos. Não tinham táxis por perto. Revirou os olhos, se perguntou se teria que ir a pé em busca de uma agência de carros. Mas sua atenção foi tomada quando um carro parou abruptamente perto de onde ela estava, os pneus emitindo um ruído irritante quando frearam. Era um homem de aparência bem afeiçoada e esnobe, tinha olhos verdes e cabelos castanhos bagunçados. Catherine quase revirou os olhos ao imaginar o que ele diria, ainda mais se fosse levar em conta o olhar pouco discreto dele, que a analisou da cabeça aos pés.

—Precisa de uma carona, boneca?

Claro que não. Ela pensou.
Aceitar a carona de um homem desconhecido era o mesmo de assinar sua sentença de morte. Mas Catherine ponderou, ela sorriu e apoiou a lateral de seu corpo sobre a Ferrari, encarando o homem nos olhos e se inclinando um pouco.

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