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Daisy sempre soube que gostar de garotas era algo intenso e maravilhoso, mas simultaneamente era cruel e assustador. Além disso, ela sentia que estava destinada a se apaixonar por mulheres que não valorizariam seu amor.
Seu primeiro amor foi Catherine. Tudo bem, ela se lembrava do quanto a filha de Afrodite tinha sido gentil, nem sequer fazia aquela rejeição soar como uma rejeição. Parecia ser surreal pensar que Catherine era alguém tão amável e complacente, e hoje carregava um olhar frio, capaz de matar qualquer um que entrasse em seu caminho.
Sua segunda paixão tinha sido Clarisse. Ela sempre admirou mulheres fortes e tinha sido um choque o fato da filha de Ares não ter negado um beijo a ela. Só que Clarisse sempre foi muito fria e distante quando se tratava de emoções, aquele caso não foi uma excessão.
E por fim, ela encontrou Thalia. A filha de Zeus tinha sido algo avassalador e recíproco, soube desde o primeiro momento que teria que traí-la e aquilo pareceu tornar tudo mais intenso.
Fazia ela desejar tudo aquilo que não poderia ter.

—O que você está fazendo aqui? —Thalia questionou com impaciência ao entrar em sua tenda.

—Vim fazer uma visita, tempestade —Daisy continuava acomodada em um pequeno puf macio. —Gostou da surpresa?

A filha de Zeus passou a mão pelos próprios cabelos suados. Ela detestava todas as visitas de Daisy, detestava porque aquilo era um risco grande demais.
Estar perto de Daisy significava constantemente correr o risco de beijá-la, não podia fazer isso. Ainda por cima era torturante vê-la e saber que ela não estava disposta a se afastar da causa, continuava sendo uma traidora que trabalhava para Cronos.

—Vai embora —proferiu como se fosse uma ordem. —Agora.

—Você fica tão bonita comandando —Daisy sorriu, mantinha aquele toque de sarcasmo de sempre. —Combina com você. Deveria comandar mais vezes. Comigo, talvez?

Thalia revirou os olhos. Poderia empunhar sua lança e a colocar próxima ao pescoço da filha de Dionísio, mas temia que ela fosse gostar disso, como se fosse um afrodisíaco ou um flerte perigoso.

—Você quer que eu morra?

—O que? —Daisy franziu as sobrancelhas. —Não, claro que não.

—Então, saia daqui. Porque Ártemis vai me  punir pelo que estamos fazendo.

Ela se levantou e caminhou na direção da tenente das caçadoras. Estava perto demais, não conseguiu resistir ao impulso de acariciar sua pele e encarar os olhos tempestuosos.

—Eu não vou mais te incomodar... Essa é a minha última visita.

A filha de Zeus a encarou. Tinha um pesar oculto em sua feição, como se não quisesse que aquele fosse o fim, embora tivesse certeza de que aquilo era o certo a se fazer.

—Catherine sabe que eu estive te visitando... Eu nem deveria estar aqui, mas precisava ver você uma última vez.

Algo tomou conta de Thalia, a deixou perturbada. Apavorada, seria a palavra certa, ela não se permitiria admitir em voz alta que morria de medo de Catherine desde o dia que ela a empurrou daquele penhasco.

—Ela disse alguma coisa? —quis se amaldiçoar pelo fato de sua voz ter fraquejado.

—Ela não vai vir atrás de você —assegurou Daisy. —Não precisa ficar com medo. Catherine tem milhares de coisas para fazer, não vai perder tempo vindo atrás de você

Thalia não acreditava naquilo. Sabia que a filha de Afrodite queria a sua morte desde o ano passado, não seria surpresa se ela largasse todas as suas responsabilidades apenas para garantir uma morte lenta e dolorosa.
Daisy suspirou ao olhá-la por mais alguns instantes, então recuou.

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