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Estavam no coração da vasta montanha na Ilha de Monstros, mais especificamente a antiga caverna de Polifemo. Poucos raios de sol penetravam as pequenas aberturas no teto daquela gruta. As paredes, escavadas ao longo de milênios, exibiam estalactites e estalagmites imponentes, como dentes de um gigante adormecido. O ar úmido e pesado ecoava com o gotejar constante da água que se acumulava em poças escuras no chão de pedra. Existiam algumas relíquias roubadas espalhadas e ossos ruídos alegados sobre os cantos. Catherine resmungou antes de se levantar, suja pela poeira do chão de terra.
Ao olhar para a saída da caverna, pôde ver a gigante rocha a bloqueando, e ao olhar para frente viu um espectro. Uma silhueta de uma mulher, mas não tinha face e nem beleza, era uma sombra escura, quase se aparentava a um dementador.

—Surpresa, irmãzinha?

Ela encarou o espectro, a única coisa bonita que possuía era sua voz. Mais especificamente a mesma voz usual de Ariadne, uma voz rouca e ao mesmo tempo sussurrada, possuía aquele familiar sotaque grego.

—Então... Essa é a sua forma?

—É tudo que Afrodite me permitiu ter. Muito bondosa a nossa mãe, não é?

O punho de Catherine apertava firmemente o cabo da espada que tinha vindo consigo, não conseguia relaxar um segundo sequer perto de sua irmã amaldiçoada.

—Não tenha medo de mim... —a sombra se aproximou, não parando ao ver a outra semideusa se afastar. —Somos irmãs, Catherine. E somos mais parecidas do que você pensa.

—Não consigo ver semelhança —ela retruca, e mesmo sem ter intenção sua fala soou com sarcasmo.

Ariadne parou, não era possível ver nenhuma expressão, mas seu mero respirar mais pesado dava a entender que ela tinha se irritado.

—Essa arrogância, o ego, a crueldade mascarada... Essa descrição pode ser tanto minha quanto sua —ditou com a voz sussurrada e fria. —Você não precisou de grande esforço para fingir ser eu na ilha de Circe. Sabe disso. Não quero que admita pra mim que estou certa, pois eu sei que estou.

Catherine engoliu em seco, seu olhar tremulou por alguns segundos assim como suas mãos. Um suspiro longo escapou de suas narinas. Gritos ecoavam em sua mente, todos eram apenas seus.

—Quer que eu te diga o que achei mais divertido? —Ariadne diminuiu ainda mais a distância entre elas. —Ouvir seu namoradinho dizer que você é boa e me culpar por suas atitudes. Mas você sabe a verdade. Eu não penetrei em seus ossos e te obriguei a fazer ou dizer algo, eu apenas sussurrei e você concordou por um bom tempo que isso era uma boa ideia.

—Chega.

—Foi tão prazeroso ver você aderir minhas palavras, sabendo que também eram suas —uma risadinha ecoou. —Não fui eu que mandei Luke manipular a Silena. Não fui eu que disse que Percy e Annabeth deveriam ser mortos. Foi você. Apenas você.

A irmã mais nova tensionou a mandíbula e umedeceu os lábios, sentiu seus olhos arderem, não por se sentir insultada, mas por saber que era verdade. Só que sua raiva vinha proporcional em relação a sua dor.

—E serei apenas eu que vou matar você, Ariadne.

A semideusa amaldiçoada riu com escárnio ao ver Catherine erguer a lâmina da espada. Ela se aproximou mais, se aproximou o suficiente para que a espada atravessasse seu peito.

—Você não vai fazer isso. Nem sequer pode, querida.

Era o mesmo que tentar ferir uma sombra, totalmente ineficaz.

—Não desperdice seu fôlego em vão —a sombra agarrou o pescoço de Catherine, seus dedos se fechando outra a pele dela. —Eu posso te ferir, mas você... Nem tanto.

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