⎯10.

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Nos primeiros dias, a paixão floresce como um jardim recém-plantado, com emoções vibrantes e momentos que parecem dançar no tempo. Cada encontro é uma descoberta, um capítulo inédito que se desdobra com sorrisos furtivos e palavras cuidadosamente escolhidas. O coração bate mais rápido, a mente é um caleidoscópio de pensamentos sobre a pessoa amada.
E mesmo com essa sensação intensa e arrebatadora, os dois semideuses sabiam que tinham que voltar a sua rotina de sempre. Não podiam ficar todo o tempo conversando, fugindo e se beijando as escondidas e as claras.

—Isso é ridículo —Clarisse reclama. Seu nariz sangrava e seu rosto estava sujo de fuligem, seu treino contra Luke definitivamente não tinha tido o resultado que ela esperava. —Eu vou matar ele, Catherine.

—Pode planejar o assassinato dele pelas minhas costas? Sabe que não vou te ajudar —ela ironiza, usando um pano úmido para limpar alguns machucados do rosto da filha de Ares. —Mas posso ser honesta? Você mereceu. Estava passando da hora de alguém abaixar a sua bola.

Clarisse a olhou com mal humor, definitivamente não era alguém que lidava bem com comentários negativos. Filhos de Afrodite naturalmente sabiam tirar o melhor dos filhos de Ares, a amizade de longo prazo entre Catherine e Clarisse não era uma excessão. Catherine não concordava com grande parte das atitude de Clarisse, e vice-versa.

—Não acredito que você está saindo com ele —a filha de Ares revira os olhos.

Catherine não pronunciou uma resposta, ela apenas molhou o pano sobre o álcool e tirou o excesso, passando-o sobre o machucado na testa de Clarisse, que arfou e a xingou pela mistura de dor e ardor.

—Sabe, por que não se aproxima mais do Chris?

—O outro filho de Hermes? —Clarisse franze o cenho, tirando o pano cheio de álcool de sua pele e o jogando para longe. —Por que eu faria isso?

—Apenas minha intuição —a filha de Afrodite deu de ombros com pouca importância.

—Ah não. Pode parar de querer bancar o cupido —a outra retruca. —Não vou começar a sair com o Chris para sair de casalzinho junto com você e o seu namorado.

Catherine arqueou as sobrancelhas, não conseguindo deixar de rir da fala da morena.

—Isso é uma graça, Clarisse —ela limpa as próprias mãos, ainda achando graça da fala da filha de Ares. —Eu jamais te convidaria para um encontro duplo, isso seria um pesadelo.

A filha de Ares estava pronta para retrucar, sempre com uma resposta na ponta da língua, ela teria feito isso se não tivesse focado toda a sua energia apenas em revirar os olhos quando notou a presença de Luke.

—Princesa —ele se aproxima de Catherine. —Tá ocupada?

—Ela está —responde Clarisse.

—Não estou não —debate Catherine. —Já terminamos aqui, Clarisse. Você tá ótima e pronta para perder em mais jogos.

Aquele seria outro comentário que Clarisse retrucaria sem pensar duas vezes, isso se não tivesse tanta consideração por Catherine e fez um esforço surreal apenas para se manter calada, mesmo que seu semblante dissesse muito mais do que sua boca.

—Idiota —ela murmura ao ver Luke destinar um sorrisinho sarcástico para ela enquanto saía de lá junto com Catherine.

Mas ela não admitiria que enquanto observava a movimentação do acampamento através da porta, ela se questionou se talvez a filha de Afrodite tivesse razão sobre Chris.

—O que você queria falar comigo? —a loira questiona, caminhando ao lado do filho de Hermes.

—Eu lembrei na noite passada sobre aquela história que você contou na fogueira —ele começa. Não sabia o por quê de mentir sobre aquilo, seria mais fácil ser honesto, mesmo assim continuou, como se as mentiras já tivessem autonomia. —Sobre as almas gêmeas.

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