Ao despertar no meio da tarde no campo de terra, Catherine sentiu o calor do sol a envolver. A luz dourada filtrava através das flores, criando padrões dançantes sobre o solo macio e úmido. Ela piscou um pouco, se acostumando com a luz outra vez. Da última vez que tinha acordado, não se lembrava de nada, agora era diferente, ela se lembrava de tudo e o aperto em seu peito foi contínuo enquanto ela observou novamente os lírios, teve vontade de chorar, mas imaginava que todas as suas lágrimas tinham se esgotado.
Ela se ergueu, tinha dormido por no máximo trinta minutos, mesmo assim parecia uma eternidade. Não sabia o que fazer agora, queria ir embora, queria fugir de lá com Luke, queria fugir sozinha. Não podia fugir, não enquanto não tivesse respostas.
Onde está Afrodite? Onde está Morgrath? Quem deveria ser punido? E como punir o responsável?—Querida?
A voz familiarmente doce a enojou. Ela se virou para olhá-la, existia contraste entre elas agora. Afrodite ainda tinha uma aparência impecável, como se nada tivesse acontecido, mas agora estava com os cabelos presos em um penteado simples enquanto usava um vestido preto de seda. Enquanto isso, Catherine estava cansada. Estava completamente suja de terra, desde sua pele clara, até seus cabelos loiros bagunçados e seu vestido branco imundo e amarrotado. Seus olhos estavam cansados e sua pele corada de tanto chorar.
—Então... —ela parecia pronta para cuspir palavras rancorosas. —Sua filha morre e você some sem explicações, reaparecendo com um vestido preto. Uau.
—Eu precisava de um tempo —sua mãe retruca. —Depois que curei Luke, deixei vocês dois descansando. Falei com ele quando acordou, perguntei o que achava melhor... Nós concordamos que era melhor esperar o momento em que você acordaria e se estabilizaria.
Catherine não conseguia olhá-la. Seus olhos arderam, só que ela não conseguiu chorar, apenas balançou a cabeça negativamente.
—Sei o quanto você e Crystal eram próximas, por favor, não pense que eu não me importo. Eu sinto muito...
—Sente? —ela interrompe, redirecionando seus olhos para sua mãe. —Como você sente? Nem conheceu Crystal direito, nem sequer se deu ao trabalho de designá-la.
—Eu estava esperando pela tradição. Uma tradição que até mesmo você cumpriu.
—E se Crystal nunca quisesse partir o coração de ninguém? O que teria feito? Deixaria ela morrer sem que soubesse de quem era filha? —Catherine sentiu um súbito instinto violento. Queria colocar as mãos no pescoço de Afrodite e apertar até sua cabeça estourar. Era um pensamento incomum vindo dela. —Talvez você gostou disso. Crystal era uma filha que não cumpriu a tradição e morreu assim que você a designou. Talvez tenha te deixado satisfeita.
—Basta!
Afrodite ergueu a voz, pela primeira vez não pareceu tão calma ou doce. Sua voz ecoou com uma autoridade inimaginada, mas não era cruel.
—Posso ter tomado decisões cruéis no decorrer da minha existência, mas jamais me satisfaria com a morte de uma das minhas filhas. Eu posso não ter sido próxima de você ou de sua irmã, mas não permito que encostem em minhas filhas.
—Não precisou permitir —Catherine franziu o lábio superior, aparentava estar enojada. —Morgrath fez o suficiente sem que vossa majestade permitisse.
—E agora ela teve o que merecia —responde Afrodite.
—O que quer dizer com isso?
—Matei Morgana quando vi o que ela tinha feito com vocês três.
Houve uma sensação de alívio e raiva preenchendo Catherine. Ela se sentia bem ao saber que Morgrath estava morta, mas sentia ódio por saber que não teria chance de vingar sua irmã com as próprias mãos.
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Love is a Thief
Fanfiction⎯ Catherine LeBlanc foi uma das jovens destinadas a aceitar sua identidade pouco comum. Ela era filha de Afrodite. Abandonada por seu pai na infância e "acolhida" pelo Acampamento Meio-Sangue, Catherine se vê obrigada a ignorar seus traumas para seg...