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Catherine se lembrava de ter adormecido na cama de Silena no Chalé de Afrodite. Estava cansada por ter passado a tarde brincando com as crianças do acampamento e depois ter tido sua estressante conversa com Thalia. Ela não chegou a comentar com Luke sobre aquilo, tinha falado sobre vários assuntos para evitar dizer que tinha achado a filha de Zeus no mínimo insuportável.
Mas nada explicaria o quanto ela tinha ficado confusa e atordoada ao despertar no chão frio da sala de piano do orfanato em Paris. A loira se levantou com rapidez, odiava qualquer mínima lembrança daquele lugar. Sua respiração estava pesada e ela podia imaginar que iria ver a figura fantasmagórica de Morgrath a qualquer momento, a alma despedaçada sempre guiava os pesadelos da semideusa para lá quando desejava atormentá-la. Ela demorou alguns segundos para lembrar que Afrodite tinha destruído Morgrath há quase dois anos, isso lhe mantinha com o questionamento do por quê de estar ali.

—É tão bom te ver, minha bonequinha.

A voz familiar fez com que ela gelasse.
Seus olhos arderam. Catherine se obrigou a fechar os olhos para evitar que lágrimas se formassem, não esperava ouvir aquela voz outra vez e odiava a forma que as palavras soavam.

—Não —ela tampou os ouvidos com as mãos, se sentiu uma criança. —Sai da minha cabeça.

Mesmo tentando burlar sua audição, ela conseguiu ouvir uma risada cheia de escárnio. Seus olhos se apertaram quando sentiu as mãos firmes a obrigarem a se virar.

—Que tipo de monstro você é? —a loira se amaldiçoou por sua voz ter soado fraca.

—Abra os olhos e descobrirá —sibilou.

Catherine quis agir igual a uma criança e permanecer de olhos fechados, mas tinha ciência de que se permanecesse tão apavorada iria apenas estar dando ao monstro o que ele queria. Ela deixou o ar escapar de seus lábios e o olhou. Embora ele tivesse assumido a aparência de Maurice, ela não sabia qual ser era. Isso quase a fez tremer, era uma mistura de medo e constrangimento encarar uma figura igual a ele. Ela quis olhar para os lados e procurar Luke, mesmo sabendo que estava sozinha com um monstro em seu próprio pesadelo.

—Ouvi sobre você... A favorita de Afrodite —ele a rodeava devagar, seus dedos brincando com as pontas dos cabelos dourados.

—Esse título é algo a ser discutido.

Embora estivesse apavorada não quis deixar de alfinetar sua própria situação. Ela amaldiçoava Afrodite em seus pensamentos desde o dia que a mãe a deixou para morrer na escuridão da caverna de Polifemo.
Catherine rapidamente empunhou sua adaga e pressionou a lâmina contra o pescoço do homem ao sentir os dedos dele se enroscarem em seus cabelos. Ele não se moveu, apenas deixou um sorriso ladino se formar em seus lábios, como se fosse exatamente aquela atitude que esperava que ela tivesse.

—A filha favorita que a deusa deixou para morrer... —ele mantinha uma voz firme e constante. Os olhos faiscavam perigo e principalmente morte. —Estou te observando há certo tempo, acho que você tem exatamente o que eu preciso.

—Quem é você? —ela questiona entredentes, apertando a haste da adaga com tanta força ao ponto dos nós de seus dedos ficarem esbranquiçados.

A figura que usava a aparência do homem francês inclinou um pouco a cabeça.

—Não sabe? Você mesma me mandou um recado.

A semideusa franziu as sobrancelhas, odiava quando os monstros tentavam confundi-la. Ele deu um passo, reduzindo a distância. A lâmina da adaga chegou a se manchar com sangue, mas nenhum dos dois pareceu se importar com aquilo.

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