⎯Prólogo.

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"Séculos atrás, nas brumas da Grécia Antiga, vivia uma jovem garota chamada Ariadne. Ela era conhecida por sua beleza incomparável e charme mortal, mas também por sua natureza cruel e egoísta. Ela usava a aparência encantadora para manipular e subjugar aqueles ao seu redor, usando o sofrimento para alimentar seu ego. Ela seduzia guerreiros, os levando à ruínas apenas com palavras sibilada. Causava guerras entre mulheres inseguras sem ao menos tentar. Por onde ela passava levava consigo uma onda de caos, destruição e corações partidos.
E ao início de sua vida adulta, Ariadne foi convocada pela própria deusa. Ela se descobriu filha de Afrodite com um charmoso mortal grego, e foi mandada para um lugar especial. A deusa do amor tinha a esperança de que seus conselhos divinos ajudassem sua filha a encontrar os caminhos corretos. A arrogância e soberba em excesso era algo reservado aos deuses, e Afrodite não admirava o fato de que sua filha estava ultrapassando todos os limites, até mesmo de seres que possuíam uma linhagem divina.
Mas a arrogância de Ariadne chegou ao seu extremo. A garota desafiou até sua própria mãe, zombando de suas noções do amor, considerando-os fraquezas indignas de uma deusa. Ela cometeu o erro fatal de desafiar Afrodite, questionando sua legitimidade como deusa do amor e da beleza. Alegando que seu encanto era mais promissor do que o de sua mãe.
Enfurecida com a insolência de sua filha, Afrodite puniu Ariadne, lançando uma maldição sobre ela. Mesmo com lágrimas sobre os olhos, a deusa amaldiçoou a garota, privando-a de sua beleza e a transformando em uma visão repulsiva. A reduzindo a uma sombra pálida e sem vida, uma alma sem forma que estaria fadada a passar o resto da eternidade sem amor, beleza ou vaidade.
E após ser condenada por Afrodite a vagar eternamente se alimentando de sua própria amargura e desgosto, Ariadne jurou..."

—Essa é a história da mitologia grega mais falsa que eu já ouvi —interrompe Luke.

Catherine baixa o livro e estreita seus olhos em direção ao semideus.

—Claro que é, foram escritas por mortais —ela descruza as pernas, o corpo ainda perfeitamente relaxado sobre a poltrona do avião. —Mas é tudo o que temos no detestável voo de primeira classe super confortável.

A fala pesando sarcasmo acabou fazendo Luke rir. Ele sempre adorou ouvir histórias, para sua sorte, Catherine era uma das pouquíssimas semideusas que não tinha dislexa, e ela adorava ficar lendo histórias para ele por horas seguidas.
Luke ergueu a pequena divisória entre as poltronas da primeira classe, tirando qualquer distanciamento entre eles. Ele puxa as pernas de Catherine, a trazendo para mais perto e fazendo ela apoiar as coxas sobre o colo dele.

—Ainda dá pra desistir dessa história de irmos para o acampamento —ele passa os dedos suavemente sobre as coxas da garota, um pouco abaixo da barra do vestido rosa dela. —Podemos passar o resto do tempo sem nenhuma preocupação.

O toque de Luke sobre sua pele era uma boa fonte de convencimento. Ela sentia que podia concordar com tudo o que ele dizia enquanto sentia as mãos dele sobre ela. Tão convidativas.

—Você ainda não disse o porquê de não querer voltar para o acampamento —ela coloca a mão sobre a dele, o impedindo de acariciar sua pele.

Luke desvia o olhar, forçando um leve sorriso quando deu de ombros.

—Não é nada que mereça sua atenção —ele diz.

Catherine arqueou uma sobrancelha, uma risada nasal escapou de suas narinas e ela concordou com a cabeça, mesmo que não concordasse com a falta de diálogo de Luke sobre aquilo.

—Pode dizer isso durante todo o nosso voo, mas sabe que eu não vou acreditar —ela brinca com a mão de Luke. —Ainda tem a ver com o raio?

—Com Cronos —ele especifica, voltando a olhá-la. —Sua mãe pode ter deixado ele fora da minha cabeça, mas ele não vai sumir para sempre. Renunciar a aliança com ele não é ficar imparcial, é se tornar um inimigo.

A garota suspira. Ela encolhe um pouco seu corpo, se aconchegando sobre o braço de Luke.

—Se arrepende por ter renunciado a causa? —ela questiona calmamente, erguendo um pouco o rosto para olhá-lo nos olhos. —Não vou ficar brava caso tenha se arrependido... Sabe que só quero sua honestidade, e que você fique bem.

Ele aproximou seu rosto da curva do pescoço dela, respirando fundo para inalar o cheiro de seu perfume. Em seguida, voltou a olhar diretamente para a garota.

—Eu não me arrependo por ter te escolhido, princesa —ele sorri. —Se é isso que você quer saber.

—Então... Fico feliz em saber disso, meu amor —ela sussurra.

A filha de Afrodite retribuiu o mesmo sorriso e selou seus lábios com os de Luke. Não destinou mais sua atenção ou seus questionamentos a Cronos ou ao Acampamento Meio-Sangue. Apenas aceitou o conforto dos braços de Luke enquanto aproveitava o resto do voo.

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