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As águas cristalinas da piscina já tinham se tornado uma maré vermelha com o sangue que saía do imóvel Jasper Reid. Ninguém se importava com um corpo flutuando na piscina do navio, toda a atenção estava voltada para os passos pesados e sincronizados que quase geravam um pequeno terremoto.

—Você tinha um exército, não é? —Catherine questionou a Luke, a preocupação quase a fez soar calma com ele.

O filho de Hermes engoliu em seco, sabia o que aquilo significava.

—Algo assim —respondeu, segurava o cabo da MordeCostas com força o suficiente para que os nós de seus dedos ficassem brancos.

—Acha que eles ainda obedecem as suas ordens? —ela indaga, mesmo que soubesse a provável resposta.

Luke olhou para ela.

—Eu acho que já perdi o controle da situação há tempos —ele diz, sabendo que todos os aliados de Cronos deveriam querer oferecer ao titã sua cabeça em uma bandeja.

Catherine sabia que um exército de monstros se aproximaria, e sabia que eles não tinham nenhuma mínima vantagem. Se perguntou como quatro semideuses, um sátiro e um ciclope conseguiriam lutar contra dezenas ou até mesmo centenas de inimigos. O desespero começou a percorrer por seu corpo, ela se obrigou a segurar a espada com mais força para não acabar tremendo.
Os dois homens-ursos foram os primeiros a aparecerem. Não pareceram se importar com seu comandante substituto aparentemente morto flutuando sobre as águas da piscina, provavelmente consideravam um alívio não ter que ouvir a irritante voz de Jasper. Eles se aproximaram vagarosamente, exibindo os dentes pontudos e podres. Atrás deles estava toda a tripulação restante. Homens-cobra, lestrigões, semideuses de armadura de batalha e outros monstros.

Por um instante, Luke pensou que o Oráculo tinha se confundido ao dizer que apenas a filha de Afrodite morreria no final daquela missão, pois aparentemente todos acabariam mortos.
Percy pulou de cima do telhado, quase se desequilibrou e agradeceu aos deuses pelo fato da altura entre o telhado e o convés não ser muito grande. Ele se posicionou, empunhando sua espada junto com seus amigos. Seus lábios se separaram para proferir algumas palavras, mas foi interrompido por algo cortando o ar. Uma flecha com penas vermelhas brotou na boca de Oreios. Com uma expressão surpresa na cara peluda, ele desmoronou no convés.

—Irmão! —gemeu Agrios.

Por uma fração de segundo, os monstros ao redor ficaram atordoados demais para fazer qualquer coisa a não ser olhar para os corpos dos gêmeos ursos se dissolvendo em fumaça. Então, se ouviu um coro selvagem de brados de guerra e um estrépito de cascos contra metal. Uma dúzia de centauros irrompeu da escadaria principal.

—Pôneis! —exclamou Tyson, empolgado.

Os semideuses tiveram uma certa dificuldade de processar o que estavam vendo. Notaram Quíron no meio da multidão, seus parentes não pareciam quase nada com ele. Eram centauros com corpo de garanhões árabes, outros com pelo dourado de palomino, outros com manchas laranja e brancas como paint horses. Alguns usavam camisetas de cores vivas com letras fosforescentes que diziam: "Pôneis de Festa: Divisão do Sul da Flórida."
Alguns estavam armados com arcos, alguns com bastões de beisebol, alguns com pistolas de paintball. Um tinha a cara pintada como um guerreiro comanche e agitava uma enorme mão de isopor mostrando um grande Número 1. Outro estava de peito nu e inteiramente pintado de verde. Um terceiro usava óculos com olhos vesgos presos a molas, balançando para cima e para baixo, e um daqueles bonés de beisebol que têm latas de refrigerante com canudinhos penduradas dos dois lados. Eles estouraram no convés com tamanha ferocidade e tanto colorido que por um momento todos ficaram atordoados.
Ninguém poderia dizer se eles tinham chegado para comemorar ou atacar. Aparentemente ambas as coisas. Luke, Catherine, Percy e Annabeth ergueram as espadas para se juntar a eles e lutarem contra os monstros. Por um erro de pontaria ou uma breve confusão sobre quem era inimigo ou aliado, um dos centauros acabou disparando contra Luke uma flecha diferenciada, com uma luva de boxe na ponta, mandando-o para dentro da piscina.

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