Estou olhando para o corpo de Álvaro, meu marido, dentro do caixão durante o velório. Seus olhos não mais piscam, sua respiração cessou, e o calor que uma vez emanava dele desapareceu, deixando apenas a frieza da morte. Mas eu sei que Álvaro não partiu de qualquer maneira. Ele foi tirado de mim enquanto cumpria seu dever como um policial federal.
— Porra, Mariana, olha o que fizeram com ele! — exclama um dos colegas de Álvaro, com uma mistura de tristeza e raiva.
— Eu sei, Paulo. Eu sei — respondo com a voz trêmula, lutando contra as lágrimas que ameaçam inundar meus olhos.
Não posso evitar sentir uma onda de ódio fervendo dentro de mim. Ódio contra aqueles que tiraram Álvaro de mim, contra aqueles que arrancaram a vida dele sem pensar duas vezes. Mas também há orgulho. Orgulho pelo homem que ele era, pelo que representava. Um protetor incansável da lei, um guardião da justiça.
— Ele não merecia isso, Mariana. Era um dos melhores que tínhamos — murmura outro colega, sacudindo a cabeça em descrença.
— Ninguém merece. Mas ele estava cumprindo seu dever, assim como todos nós fazemos todos os dias — digo, minha voz carregada de pesar e determinação.
Enquanto observo o corpo de Álvaro, minha mente vagueia para os momentos que compartilhamos juntos. As noites de paixão desenfreada, os dias de risadas e ternura. Ele era meu porto seguro, meu amante ardente, meu tudo. E agora, tudo o que me resta são lembranças e um vazio avassalador.
— Mariana, precisamos encontrar quem fez isso. Álvaro merece justiça — declara um dos investigadores, com a mandíbula cerrada de determinação.
— Eu farei o que for preciso. Vou caçar cada um deles, não importa onde se escondam. E quando os encontrar, farei com que paguem pelo que fizeram — prometo, minha voz ecoando com uma determinação implacável.
Os dois dão tapinhas em meus ombros e fico ali, observando o corpo dele sem vida. As lágrimas queimam meus olhos, mas me recuso a derramá-las. Não há espaço para fraqueza agora. Álvaro está estendido ali, imóvel, sua pele pálida contrastando com os cortes profundos de seu rosto. A dor perfura meu peito, mas também há uma fúria incandescente borbulhando dentro de mim. Ele não merecia isso.
— Senhora Mariana, lamentamos profundamente pela sua perda. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para encontrar os responsáveis por isso. — O policial fala com uma voz calejada, mas seus olhos transmitem uma sinceridade que não posso ignorar.
— Vocês deveriam ter feito mais para protegê-lo! Ele estava lá fora, arriscando a vida dele para manter a ordem, e vocês o deixaram cair! — Minha voz é um rugido que ecoa nas paredes. Não estou interessada em suas desculpas vazias.
O outro policial se aproxima, seus olhos castanhos encontrando os meus com uma intensidade que me deixa momentaneamente sem fôlego.
— Entendemos sua frustração, mas precisamos que você coopere conosco para resolver esse caso. Precisamos de sua ajuda para encontrar quem fez isso com o seu marido. — Sua voz é suave, como se estivesse tentando acalmar uma fera enjaulada.
Os dois policiais trocam olhares de pena antes de se afastarem, deixando-me sozinha com o corpo de Álvaro. Eu me aproximo do caixão, minha mão tremendo enquanto alcanço a dele. Sua pele está fria e sem vida, mas, ainda assim, me sinto reconfortada ao tocá-lo.
— Eu vou te vingar, meu amor. Vou caçar cada um dos filhos da puta que fez isso com você e vou fazê-los pagar. — Minha voz é um sussurro carregado de promessas sombrias.
Eu me inclino sobre ele e sinto o cheiro de sua pele, tão familiar e reconfortante, mas agora tingido com o aroma doce da morte. Eu fecho os olhos e me permito um momento para lembrar dos momentos felizes que compartilhamos juntos, antes de me afastar. Dali, saímos para o enterro. Fábio, nosso chefe na polícia federal, está ao meu lado. Fábio caminha ao meu lado, seu olhar sério refletindo a dor que todos nós compartilhamos. Ele é um homem duro, acostumado com as crueldades deste mundo, mas mesmo ele não pode esconder a tristeza que queima em seus olhos.
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Enrico: nos braços do narcotraficante
RomanceMariana, uma policial federal obstinada, vê seu mundo desmoronar quando seu marido é brutalmente assassinado. Determinada a buscar justiça, ela descobre que o cérebro por trás do crime é ninguém menos que La Águila Negra, o implacável líder do carte...