TRINTA E UM - ENRICO

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Relutante, deixei Isabel em seu apartamento e segui com meus seguranças para a sede da minha empresa de fachada. Antes de descer do carro, ajustei a minha Sig Sauer na cintura. Diego está me olhando estranho desde que saímos da minha casa; é como se ele soubesse algo que eu não sei, algo que me deixa desconfortável.

— O que foi, Diego? — Pergunto, tentando parecer casual, mas minha voz soa mais tensa do que eu gostaria.

Ele me lança um olhar sério antes de responder, sua expressão indecifrável.

— Nada, patrón. Só estou preocupado com a segurança. — Ele responde, sua voz baixa e medida.

Mantenho meu olhar fixo no dele por mais alguns segundos, tentando ler nas entrelinhas o que ele não está dizendo, mas não consigo decifrar seus pensamentos.

— Tudo bem, vamos logo com isso. Temos muito trabalho a fazer. — Digo, tentando afastar a sensação de desconforto que me assombra desde que deixei Isabel em seu apartamento.

Diego assente e nós dois saímos do carro, seguidos pelos outros seguranças. O prédio da minha empresa é imponente, com uma fachada de vidro que reflete os raios de sol da manhã.

Enquanto subimos os degraus até a entrada, não consigo evitar a sensação de que estou sendo observado, como se alguém estivesse seguindo cada passo que dou. Mas quando olho ao redor, não vejo nada além de pedestres passando apressados pela calçada.

Adentramos o prédio e seguimos para o elevador, onde cumprimento os funcionários que encontramos pelo caminho com um aceno de cabeça. No entanto, não consigo me livrar da sensação de inquietação que me acompanha desde que saí de casa.

Enquanto o elevador sobe até o meu escritório, meu pensamento volta para Isabel. Eu a reivindiquei como minha e agora penso se tomei a decisão certa. Mas não posso voltar atrás agora. Tenho que manter a fachada e continuar com meus planos, mesmo que isso signifique arriscar tudo o que conquistei. Afinal, no mundo do narcotráfico, não há espaço para fraqueza ou hesitação.

O elevador finalmente chega ao meu andar e saímos, sendo recebidos pelo burburinho familiar do escritório. É hora de assumir o controle e mostrar a todos por que sou o chefe. Diego continua a me olhar de forma estranha, e isso começa a me incomodar. Seus olhos têm um brilho peculiar, como se estivessem escondendo algo que ele não quer me dizer. Assim que entramos em minha sala, decido confrontá-lo, precisando esclarecer o que está acontecendo.

— O que foi, Diego? Por que está me olhando desse jeito? — Pergunto, minha voz soando mais ríspida do que pretendia.

Ele parece hesitar por um momento, como se estivesse decidindo se deve ou não me contar algo. Finalmente, ele respira fundo e decide abrir o jogo.

— Peguei Isabel fora do seu quarto, patrón. Ela disse que estava com fome e procurava a cozinha. — Diego responde, sua expressão séria denotando preocupação.

Uma onda de desconforto percorre meu corpo. Isabel não deveria estar perambulando pela minha casa sem permissão, especialmente quando estou dormindo. E por que diabos ela não pediu comida para mim? Essa mulher definitivamente tem uma habilidade irritante de se colocar em situações complicadas.

— E o que você fez? — Pergunto, minha voz saindo mais áspera do que pretendia.

Diego parece hesitar por um momento, como se estivesse ponderando sobre a melhor forma de responder.

— Eu a levei de volta para o quarto e entreguei um sanduíche. — Ele responde, sua voz soando um pouco tensa.

Respiro fundo, tentando conter a raiva que começa a borbulhar dentro de mim. Porra, essa mulher vai acabar me deixando louco com suas atitudes impulsivas.

Enrico: nos braços do narcotraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora