SETENTA E DOIS - ENRICO

39 9 10
                                    

O som ecoa pelo silêncio da noite, despertando-me de um sono profundo como se fosse um trovão que estoura no céu. Instintivamente, meus sentidos se aguçam, e o coração dispara em meu peito enquanto me ergo abruptamente da cama. Um arrepio percorre minha espinha ao perceber que não estamos sozinhos, que algo ou alguém está se movendo lá embaixo.

Num movimento quase automático, minha mão busca a gaveta da mesinha de cabeceira, onde repousa a fiel companheira das noites inquietas, minha pistola. A frieza do metal em minhas mãos contrasta com o calor pulsante da adrenalina que corre em minhas veias, preparando-me para o confronto iminente.

Porém, antes que eu possa articular uma única palavra, meus olhos encontram os de Mariana, que também se ergueu da cama, desperta pela mesma urgência que me assalta. Num gesto rápido e preciso, ela alcança as suas armas: duas Glocks.

A visão dela, de pé diante de mim, com uma arma em cada mão, é um misto de perigo e sensualidade que incendeia meu sangue, despertando desejos em meio à tempestade que se aproxima.

— Você sabe atirar com as duas mãos? — Minha voz soa rouca, carregada de surpresa e admiração, enquanto a observo com um misto de incredulidade e admiração.

— Sei, Enrico. E agora não é hora para perguntas. Estamos em perigo, e precisamos nos proteger.

O silêncio pesa no ar enquanto avançamos pela escuridão da casa, cada passo meticulosamente calculado para evitar qualquer ruído que possa alertar nossos intrusos. À medida que nos aproximamos da sala de estar, uma tensão crescente se instala. Meus músculos se contraem em preparação, a adrenalina pulsando em minhas veias enquanto me preparo para o embate.

Quando finalmente alcançamos a sala, nossos olhos captam o movimento furtivo de duas figuras vestidas de preto. Antes que qualquer um de nós possa reagir, Mariana se lança à ação com uma destreza impressionante, seus movimentos rápidos e precisos enquanto ela avança em direção aos intrusos. O som abafado de seu golpe certeiro ressoa pela sala, seguido pelo baque surdo de corpos atingindo o chão.

Surpreendido pela eficácia de sua abordagem, mal consigo processar o que acaba de acontecer antes que Mariana se vire para mim, os olhos ardendo com uma determinação feroz e atinge os dois intrusos nos joelhos.

— O próximo tiro será na cabeça.

Por um instante, sou tomado por um misto de orgulho e admiração por essa mulher que escolheu compartilhar sua vida comigo.

— Minha diabinha não brinca em serviço.

— Soltem as armas, agora!

Os intrusos hesitam por um momento, seus olhares se encontrando em um silencioso entendimento mútuo. Com um gesto cuidadoso, eles abaixam as armas, suas mãos erguidas em um gesto de rendição.

Eu me ajoelho diante deles, meu olhar fixo em suas figuras sombrias.

— Quem os mandou até mim?

Finalmente, um dos invasores quebra o silêncio.

— Não podemos dizer quem nos mandou. Fomos contratados para fazer um trabalho e não temos mais informações do que isso.

Suas palavras são curtas e diretas.

— Eles estão dizendo a verdade? — Pergunto a Mariana em um sussurro.

Mariana inclina a cabeça em um gesto de assentimento, seus lábios se curvando em um sorriso mordaz.

— Provavelmente. Mas isso não muda nada. Eles ainda representam uma ameaça para nós.

Enrico: nos braços do narcotraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora