TRÊS - MARIANA

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Minhas aulas de dança começam no dia seguinte com Ariela. O estúdio está envolto em uma atmosfera carregada de expectativa, uma mistura de antecipação e ansiedade permeando o ar. Minha instrutora, é uma mulher esguia e elegante, com olhos que brilham com uma paixão contagiante pela dança. Ela me recebe com um sorriso caloroso, sua energia vibrante contagiando-me instantaneamente.

— Mariana, a dança é uma forma poderosa de expressão, uma maneira de liberar as emoções que estão presas dentro de nós. — Ariela me guia até a barra de pole dance. — Vamos começar com alguns movimentos básicos. A chave é deixar seu corpo se mover livremente, sem inibições. 

Eu me agarro à barra, sentindo o frio do metal contra a minha pele. Cada movimento é um desafio, uma oportunidade de superar minhas próprias limitações. Enquanto treinamos, imagens de Enrico e seus comparsas dançam em minha mente. Eu me lembro do olhar determinado de Fábio, suas palavras cheias de promessas sombrias. Ariela me observa com um sorriso encorajador enquanto eu me movo pela sala. 

— Você está fazendo um ótimo progresso. Continue assim e logo estará pronta. — diz ao final da aula.

Eu agradeço a ela com um sorriso sincero, sentindo-me mais confiante do que nunca. Eu continuo a treinar por seis horas seguidas, seis dias por semana. A dança se torna uma obsessão, uma fuga da dor que ainda ecoa em meu coração. Com o passar dos dias, meu corpo se torna mais definido, mais esculpido, cada músculo vibrando com energia e poder.

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Um dia, uma semana antes de embarcar para Medellín, estou dançando ao som de Animals, de Maroon 5. Eu fecho os olhos, deixando-me levar pelo ritmo selvagem da música. É então que sinto uma presença na sala. Abro os olhos e vejo Fábio parado à entrada, seu olhar fixo. Seus olhos escuros brilham com uma emoção que não consigo identificar, e então eu percebo.

Ele está excitado.

A realização me atinge como um soco no estômago, uma onda de choque que percorre meu corpo. Eu sempre percebi o modo como ele me olhava quando Álvaro ainda estava vivo, mas nunca de forma tão clara assim. Seus olhos devoram cada movimento meu. Eu me sinto exposta, vulnerável diante do seu olhar faminto. Uma parte de mim se sente lisonjeada, excitada até, por despertar essa reação nele. Mas outra parte, uma parte que ainda guarda luto por Álvaro, se sente desconfortável, perturbada pela intensidade de sua admiração.

Fábio se aproxima lentamente, seus passos medidos como se temesse assustar uma presa selvagem. Seu olhar ardente me prende no lugar, como se estivéssemos presos em um jogo perigoso de desejo e proibição.

— Mariana... — Sua voz é rouca. — Você é... incrível.

Eu engulo em seco. Fábio se aproxima de mim, sua presença preenchendo o espaço ao meu redor como uma tempestade iminente. Seus olhos ardentes encontram os meus, faíscas de desejo dançando em seu olhar. Antes que eu possa reagir, seus lábios encontram os meus em um beijo urgente. Eu sinto um misto de choque e confusão, meu corpo congelando com a surpresa do contato inesperado. Rapidamente, eu o empurro para longe de mim, meu coração batendo descontroladamente no peito enquanto eu tento processar o que acabou de acontecer.

— O que você está fazendo, Fábio?

Minhas palavras são interrompidas por sua expressão sombria, seus olhos escuros refletindo uma mistura de emoções que eu não consigo decifrar.

— Desculpe, Mariana. Eu não sei o que deu em mim. Eu... — Sua voz vacila, como se estivesse lutando para encontrar as palavras certas para dizer.

Eu o encaro com uma mistura de raiva e confusão, minha mente girando com a intensidade do momento. Como ele pôde fazer isso? Como ele pôde quebrar essa barreira entre nós, ignorando tudo o que aconteceu entre mim e Álvaro?

Enrico: nos braços do narcotraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora