QUARENTA E CINCO - ENRICO

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Com um bocejo preguiçoso, desperto para a manhã que já avança para além do seu ápice. A luz do sol invade o quarto, pintando os lençóis com tons dourados que dançam ao redor de nós. Olho para Isabel, ainda adormecida ao meu lado, e não consigo conter um sorriso. Seus traços suaves, a forma como seu corpo se molda ao meu, é como se estivéssemos feitos um para o outro.

— Bom dia, pequena — murmuro, minha voz rouca e carregada de ternura, enquanto passo os dedos pelos seus cabelos escuros.

Ela resmunga algo ininteligível, mas não acorda completamente. Observo-a por um momento, maravilhando-me com sua beleza serena. O sol está alto no céu, lançando seus raios sobre a paisagem que se estende além da janela. O som suave das ondas quebrando na praia próxima alcança meus ouvidos, trazendo consigo uma sensação de paz e calma que há muito tempo não experimentava.

— Você dorme como um anjo — murmuro, voltando meu olhar para ela e acariciando sua bochecha com suavidade.

Ela responde com um sorriso sonolento, os olhos ainda pesados de sono, mas o brilho em seu olhar é inconfundível. Não há palavras entre nós, apenas o silêncio reconfortante de dois amantes que se conhecem tão bem que nem mesmo o silêncio é desconfortável.

Envolvo-a em meus braços, aconchegando-a ainda mais contra mim, e sinto-me completo de uma maneira que não pensei ser possível. Neste momento, somos apenas nós dois, perdidos em nosso próprio pequeno mundo de intimidade.

— Eu poderia me acostumar com isso, sabia? — murmuro, mais para mim do que para ela, mas esperando que ela possa ouvir e entender o significado por trás das palavras.

Ela inclina a cabeça para trás, seus olhos encontrando os meus em um olhar cheio de ternura e promessas silenciosas. Com um suspiro, deslizo minha mão até o criado-mudo ao lado da cama, pegando meu celular. A tela iluminada revela que já é bem além do meio-dia, o tempo passa rápido demais quando estou com Isabel. Duas chamadas perdidas de Nico piscam na tela, um sinal de que algo pode não estar indo como o planejado nos meus negócios em Miami. Mas, por agora, decido ignorar as preocupações e me concentrar na mulher ao meu lado.

Deslizo meu dedo pela tela do celular, apagando as notificações de chamada perdida antes de guardá-lo de volta no criado-mudo. Não é hora de lidar com problemas de negócios, pelo menos não agora. Agora é hora de aproveitar a presença de Isabel e deixar o mundo exterior para trás, pelo menos temporariamente.

— Bom dia — digo a ela, enfatizando minhas palavras com um beijo suave em sua testa.

Ela sorri, um sorriso tão doce que faz meu coração se aquecer, e se aconchega ainda mais contra mim. É um gesto simples, mas é tudo o que preciso para saber que estamos no caminho certo.

— Bom dia — responde ela, sua voz suave como um sussurro.

Os lábios de Isabel se movem de encontro aos meus com uma suavidade que parece transcender o tempo, mas antes que eu possa me perder completamente no calor de seu beijo, ouço as batidas apressadas na porta. Uma mistura de frustração e relutância se instala dentro de mim, mas sei que não posso ignorar as responsabilidades.

Com um suspiro resignado, me afasto lentamente de Isabel. Visto a minha cueca e atendo a porta. Diego está com uma expressão séria e urgente, e sei antes mesmo de ele falar que há assuntos importantes a tratar.

— Enrico, Nico está tentando falar com você novamente. Ele diz que é urgente — Diego diz, sua voz carregada de preocupação.

Encaro Diego por um momento, ponderando sobre as palavras que acabaram de sair de sua boca. Ele tem razão, é claro. Enquanto estou aqui, imerso no calor do momento com Isabel, há questões sérias que exigem minha atenção lá fora. Mas por um breve instante, permito-me afastar-me dessa realidade, afundando-me no conforto do toque de Isabel.

Enrico: nos braços do narcotraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora