CINQUENTA E SETE - ISABEL

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Quando finalmente abro os olhos, a suavidade dos lençóis me envolve como um abraço caloroso, mas o vazio ao meu lado me lembra que estou sozinha na cama. A casa está envolta em um silêncio quase opressivo, contrastando com o tumulto de emoções que se agita dentro de mim. Enrico não está aqui. Uma sensação de solidão e incerteza começa a se insinuar, mas eu a afasto com firmeza. Não posso me dar ao luxo de me perder em pensamentos agora.

Decido tomar um banho, buscando refúgio na água quente que me envolve, tentando aliviar as dores latejantes que ainda ecoam em meu ânus e minha boceta. Ele estava especialmente animado depois do baile de caridade que fomo na véspera. Cada gota que cai sobre minha pele parece uma carícia, um lembrete dos momentos intensos que compartilhei com Enrico. Sua presença, mesmo ausente, parece ainda envolver cada canto desta casa, cada respiração que dou.

Quando finalmente saio do banho, envolta em uma toalha macia, meus pensamentos são interrompidos pelo brilho do celular que descansa sobre a bancada do banheiro. Uma sensação de apreensão começa a se formar em meu peito enquanto deslizo o dedo pela tela para desbloqueá-lo. Ao abrir a mensagem de Fábio, me deparo com um turbilhão de palavras furiosas e exigentes. Ele quer me ver em seu quarto de hotel em uma hora, e a urgência em seu tom não deixa espaço para questionamentos. Uma onda de preocupação se mistura ao desconforto que sinto diante da ideia de encarar Fábio em seu estado de fúria. Com um nó no estômago, coloco uma roupa de academia.

Um dos seguranças se aproxima de mim, uma expressão preocupada em seu rosto enquanto tenta me impedir de sair. Sua voz é firme quando ele tenta argumentar, mas eu o interrompo.

— Vou sair para correr. — Minha voz é calma, mas carrega uma firmeza inabalável. — Não tente me impedir.

Ele hesita por um momento, claramente em conflito entre suas ordens e o desejo de me agradar. É então que decido usar outra estratégia para convencê-lo.

— Você realmente quer deixar a namorada de Enrico aborrecida? — Minha pergunta é acompanhada por um sorriso malicioso, um convite silencioso para que ele repense suas prioridades.

Ele parece entender imediatamente o que estou insinuando, e uma expressão de compreensão cruza seu rosto. Com um aceno relutante, ele se afasta, permitindo que eu passe pelo portão sem mais objeções. Respiro aliviada, sabendo que ganhei essa batalha, pelo menos por enquanto.

Dobro a esquina, sentindo o sol da manhã aquecer meu rosto enquanto chamo um carro de aplicativo para me levar até o hotel onde Fábio está hospedado. Chego ao hotel poucos minutos depois, minha mente uma confusão de pensamentos e emoções conflitantes. Respirando fundo, subo até chegar ao quarto de Fábio, meu coração batendo descontroladamente no peito. Quando ele abre a porta, seu rosto é uma mistura de raiva e preocupação, seus olhos escuros fixos em mim.

— Você enlouqueceu?

Sua pergunta me atinge. Quando entro, percebo imediatamente sua expressão furiosa. Ele bate palmas sarcasticamente, como se eu fosse uma criança travessa. Um jornal é atirado sobre a mesa com tamanha raiva que a folha de papel se amassa e desliza até a beirada.

— Olhe para isso, Mariana! — Ele aponta para a foto na primeira página, onde eu e Enrico estamos juntos, com uma manchete em letras garrafais que diz: Magnata do petróleo finalmente fisgado.

Eu olho para a imagem, meu coração afundando enquanto as implicações daquilo se tornam claras. A exposição de nossa relação é algo que temia profundamente, e agora está estampada nos jornais para todos verem.

— Só estou fazendo o meu trabalho.

Fábio está furioso, e com razão. Seus olhos perfuram os meus enquanto ele fala com uma intensidade palpável.

Enrico: nos braços do narcotraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora