SESSENTA E SEIS - ISABEL

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A decisão de voltar à boate não é fácil, mas é uma das poucas opções que tenho. Com Enrico fora da minha vida e sem emprego, estou em uma situação desesperadora. Preciso de dinheiro para sustentar a mim mesma e ao filho que estou esperando, e a boate é o lugar onde tenho alguma experiência e posso encontrar uma fonte de renda.

Visto-me com uma roupa apropriada para o ambiente da boate, algo sensual, mas sem exageros. Sei que terei que lidar com olhares e julgamentos, mas não me importo mais com o que os outros pensam. Minha prioridade é garantir um futuro para o meu filho.

Quando chego à boate, sinto um misto de nervosismo e determinação. Entro no estabelecimento e vou direto ao camarim, onde encontro algumas das dançarinas com quem já trabalhei. Elas me olham com surpresa quando entro.

Uma delas se aproxima e pergunta: — Mariana, é você? Achei que você tinha ido embora com aquele cara rico.

Suspiro e explico brevemente a situação, dizendo que preciso de trabalho. Felizmente, a gerência da boate ainda lembra de mim e concorda em me dar uma segunda chance. No entanto, eles deixam claro que terei que recomeçar do zero, como todas as novatas.

Sei que não será fácil. Dançar naquele palco, sob os olhares luxuriosos dos clientes, não é o meu sonho de carreira, mas é uma maneira de ganhar dinheiro rapidamente. E, no momento, é isso que importa.

Assumo meu lugar no camarim, visto meu figurino e me preparo mentalmente para a noite que está por vir. Tenho consciência de que terei que enfrentar muitos desafios, inclusive o estigma que acompanha a profissão, mas estou disposta a superar tudo isso pelo bem do meu filho.

À medida que a noite avança e eu subo ao palco, lembro constantemente do motivo pelo qual estou ali: meu filho. Cada movimento, cada olhar, cada gesto sensual que faço é um ato de amor e sacrifício por ele.

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Duas semanas se passaram desde que retomei meu trabalho na boate. Cada noite é uma batalha, uma luta para garantir meu sustento e o futuro do meu filho. Hoje, depois de mais uma performance no palco, desço para o camarim, sentindo-me exausta, mas também aliviada por mais uma noite de trabalho concluída.

É então que Alejandro, o dono da boate, se aproxima e me conta sobre um cliente disposto a pagar uma quantia generosa por uma dança privada no reservado.

— Isabel, você está com sorte esta noite. Um cliente pagou 300 dólares por uma dança reservada com você.

Sinto uma mistura de surpresa e ansiedade. Não sou muito fã das danças privadas, mas o dinheiro seria bem-vindo. Respondo com um simples aceno de cabeça, seguindo Alejandro em direção ao reservado.

Ao entrar na sala privada, meus olhos se deparam com uma visão que me deixa sem fôlego. Enrico está lá, encarando-me com uma intensidade que me faz estremecer. Lupita está chupando o seu pau.

— Olá, vadia — Enrico diz, sua voz suave. — Estava ansioso para vê-la novamente.

— O que você está fazendo aqui, Enrico? — pergunto, minha voz soando mais firme do que eu esperava.

— Eu vim aqui para ver você. Para nos divertirmos juntos, como nos velhos tempos.

Sinto meu estômago se revirar enquanto percebo o verdadeiro motivo de sua presença. Ele veio aqui para me humilhar, para me mostrar que ainda tem controle sobre mim. E Lupita, pobre Lupita, está sendo usada como uma peça em seu jogo sujo.

— Eu não estou aqui para brincadeiras, Enrico. Se você não tem nada de útil para dizer, sugiro que vá embora. Tenho clientes esperando por mim.

— Sempre tão teimosa. Mas não se preocupe, vou pagar generosamente por sua "companhia". — Ele olha para Lupita com um aceno de cabeça, indicando que ela continue.

Enrico: nos braços do narcotraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora