SESSENTA E TRÊS - ENRICO

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Mariana se afasta, seu olhar perdido refletindo a dor que sinto no fundo da minha alma. Por um momento, fico paralisado, incapaz de articular qualquer palavra diante da magnitude da perda que estou enfrentando. Meu coração dói como se estivesse sendo dilacerado em pedaços, e tudo o que posso fazer é observar enquanto ela desaparece da minha vida.

— Porra... — Murmuro para mim mesmo, minha voz ecoando no vazio do quarto enquanto meus pensamentos se embolam em um turbilhão de emoções contraditórias. — Eu amo aquela puta mentirosa.

É como se um punhal tivesse sido cravado em meu peito, cada respiração uma luta árdua enquanto tento assimilar a realidade cruel da situação. Eu me pergunto como permiti que meu coração fosse enganado por uma mentira tão doce e sedutora.

— Maldição... — Rosno de frustração, meu punho cerrado com força enquanto tento conter a tempestade de emoções que ameaça me consumir por completo.

Eu me sinto como um homem à deriva em um mar de angústia e desespero, sem nenhuma bússola para me guiar de volta à costa segura. Mariana era meu porto seguro, meu refúgio em meio à tempestade da vida.

Como o maior narcotraficante da América Latina, é difícil admitir que fui enganado. Afinal, estou acostumado a controlar tudo ao meu redor, a nunca ser surpreendido, a nunca permitir que alguém entre em minha vida sem que eu tenha total controle sobre eles. Mas com ela, foi diferente. Ela conseguiu penetrar as defesas que eu havia construído ao longo dos anos, envolvendo-me em sua teia de mentiras e falsidades sem que eu sequer percebesse.

A verdade é que Mariana era uma mestra na arte da manipulação, uma verdadeira femme fatale que sabia exatamente como me seduzir e me enganar com sua beleza e charme irresistíveis. Ela me fez acreditar em suas mentiras, em suas promessas vazias de lealdade, enquanto ela secretamente tramava contra mim nas sombras.

— Diego estava certo... — Reconheço com amargura, lembrando-me dos avisos que meu fiel braço direito havia me dado sobre ela. — Ele sempre soube que ela era encrenca, mas eu não quis ouvir.

Cerro os punhos, a fúria borbulhando dentro de mim enquanto prometo a mim mesmo que nunca mais permitirei que alguém como Mariana se aproxime de mim novamente. Eu aprendi minha lição da maneira mais difícil possível. O ódio fervilha dentro de mim, uma tempestade de emoções violentas que ameaça me engolir por completo. Dou um murro tão forte na mesa de cabeceira que a madeira racha, a dor aguda que se irradia por minha mão apenas alimentando o fogo que queima em meu peito.

O que mais me consome é o fato de que, mesmo depois de todas as mentiras e traições, ainda a desejo. Ainda anseio por ela, mesmo sabendo que ela me enganou, me manipulou e me deixou destruído. Por que, porra... Por que ainda a quero tanto? É uma pergunta que me atormenta desde o momento em que descobri suas mentiras. Por que meu coração ainda clama por ela, mesmo quando minha mente sabe que ela não passa de uma mentirosa manipuladora?

Fecho os olhos, tentando encontrar alguma paz dentro do caos que se instalou em minha mente atormentada. Porque mesmo que a raiva e o ódio me consumam, ainda há uma parte de mim que se recusa a desistir dela.

Meu telefone toca e Diego pergunta se ele já pode ir para fazer a limpeza e eu digo que não tive coragem para matá-la.

― Enrico, você enlouqueceu? ― ele dispara, sua voz cortante como um chicote. Sinto a intensidade de sua preocupação atravessar a linha telefônica.

Meu coração dispara dentro do peito, uma mistura de medo, raiva e desejo lutando pelo controle. Engulo em seco antes de responder, tentando encontrar as palavras certas para expressar o que estou sentindo.

― Diego, eu... ― minhas palavras vacilam enquanto tento articular a confusão que se instalou em minha mente.

Ele não me deixa terminar, sua voz urgente interrompendo meu silêncio.

― Ela tem informações suficientes para te foder ― insiste. É um lembrete brutal do perigo iminente que Mariana representa, das consequências devastadoras que minha decisão poderia acarretar.

Respiro fundo, tentando controlar a torrente de emoções que ameaça me submergir.

― Eu sei, Diego ― admito finalmente, minha voz carregada de resignação. ― Mas eu não posso fazer isso.

Há um breve silêncio do outro lado da linha, como se Diego estivesse processando minhas palavras.

― Por que não? ― sua voz finalmente quebra o silêncio, sua curiosidade misturada com incredulidade.

A verdade é que eu não posso fazer isso porque a amo. Por mais que Mariana tenha me traído e me enganado, uma parte de mim ainda a deseja, ainda a anseia com uma intensidade avassaladora que me deixa sem fôlego.

― Porque não quero, porra...

Ouço sua respiração do outro lado da linha, uma pausa tensa enquanto ele processa minhas palavras.

― Enrico, você não pode deixar o que sente cegá-lo para o perigo que ela representa ― finalmente responde, sua voz carregada de preocupação. ― Você precisa ser racional, pensar nas consequências de suas ações.

Eu sei que ele está certo. Eu sei que me deixar levar pelo amor é um luxo que não posso me dar, especialmente quando minha própria vida está em jogo. Mas mesmo assim, é difícil ignorar os sentimentos que ainda nutro por ela, mesmo depois de tudo que aconteceu.

― Eu sei ― murmuro, minha voz pesada de resignação. ― Mas eu não posso fazer isso. Eu não posso me livrar dela, não importa o quão perigosa ela seja. — e desligo.

É uma verdade amarga, uma confissão de fraqueza que me consome por dentro. Mas mesmo assim, é uma verdade que não posso ignorar. Porque no final das contas, não há nada mais poderoso do que o amor. E é por isso que, mesmo diante de todo o perigo e incerteza, eu não posso deixar Mariana ir. Eu a amo demais para isso.

UMA SEMANA DEPOIS...

Porra, preciso foder uma boceta pra arrancar o maldito feitiço que Mariana jogou em mim. Pego o celular e ligo pra Tereza.

— Oi, Enrico, o que você precisa?

— Tereza, preciso que você me encontre no lugar de sempre. E traga alguém. — Minha voz é cortante, minha urgência não permite rodeios.

— Entendi. Vou providenciar. — responde ela, sem hesitação.

Desligo o telefone e me levanto da poltrona, a frustração fervendo dentro de mim. Mariana ainda tem um controle sobre mim que me irrita profundamente. Mas hoje, eu vou quebrar esse feitiço, mesmo que seja apenas por algumas horas. 

(❁'◡'❁)(❁'◡'❁)(❁'◡'❁)(❁'◡'❁)

Bom dia, pessoal.

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Votem e comentem muito.

Beijos.

Enrico: nos braços do narcotraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora