SESSENTA - ENRICO

37 8 1
                                    

MEDELLÍN.

UMA SEMANA DEPOIS.

Ao entrar na minha casa, o peso do que aconteceu ainda ecoava dentro de mim, mas eu sabia que precisava me manter firme. Isabel corre em minha direção, seus braços envolvendo-me em um abraço apertado, e eu sinto imediatamente que algo não está certo. Seus olhos, normalmente tão cheios de vida e brilho, agora estavam nublados, marcados por traços de lágrimas recentes.

— Enrico, eu estava tão preocupada... — ela murmura, sua voz carregada de ansiedade e temor.

— Está tudo bem, diabinha. Eu estou aqui agora. Tudo foi resolvido. Eu estou bem.

Seguro seu rosto entre minhas mãos, forçando-a a me encarar, a ver a verdade em meus olhos. Eu sei que ela pode sentir a tensão em meu corpo, a turbulência que ainda agita minha alma, mas preciso que ela acredite em mim, que confie que eu posso protegê-la, mesmo quando tudo parece estar desmoronando ao nosso redor.

— Você promete? — ela pergunta, seus olhos procurando os meus em busca de segurança.

— Eu prometo, Isabel. Eu nunca vou deixar nada acontecer com você.

Enquanto a abraço, sinto seu corpo tremendo levemente. Seu corpo pressionado contra o meu transmite uma sensação de desamparo que me atinge em cheio, despertando uma mistura de emoções que eu nunca quis admitir que sentia. Observo seus olhos vermelhos, úmidos de lágrimas recentes, e uma pontada de dor perfura meu peito. Nunca a vi tão vulnerável, e a sensação é avassaladora. Meus dedos deslizam suavemente por suas bochechas, capturando as lágrimas que insistem em escapar.

— Está tudo bem, diabinha. — murmuro, tentando acalmá-la. — Eu estou aqui agora.

Seus soluços diminuem gradualmente, mas a tensão em seu corpo permanece palpável. Ela me olha com olhos cheios de temor, implorando por uma garantia que não sei se posso oferecer.

— Por favor, Enrico... — sua voz é um sussurro frágil, mas suas palavras carregam um peso imenso. — Prometa que nunca vai me deixar.

— Eu nunca vou te deixar, Isabel. — declaro, meu tom firme e decidido enquanto enxugo suas lágrimas com gentileza. — Eu iria ao fim do mundo só para ficar ao seu lado.

Sua expressão se suaviza, um lampejo de alívio brilhando em seus olhos.

— Eu te quero tanto, Enrico. — ela sussurra, as palavras fluindo de seus lábios como uma confissão íntima e poderosa.

Meu coração parece parar por um momento, as palavras dela ecoando em minha mente como um mantra sagrado.

— Eu também. — minha voz é um murmúrio rouco, carregado de emoção. — Mais do que jamais pensei ser possível. Vamos para o quarto, diabinha. — digo suavemente, guiando-a pelo corredor até nosso refúgio particular. — Você precisa descansar.

Ela me segue obedientemente, seus passos hesitantes refletindo a fragilidade que a consumiu. Ao nos deitarmos juntos na cama, puxo-a para perto de mim, envolvendo-a em meus braços com ternura. Ela se aninha contra o meu peito, encontrando conforto em minha presença, e eu me permito fechar os olhos por um momento, agradecendo silenciosamente por tê-la ao meu lado.

O momento parece congelar quando Isabel se afasta um pouco de mim, seus olhos brilhando com uma chama intensa de determinação. Ela pede à Alexa para tocar Extasis, de Pablo Alborán, e assim que a melodia envolvente começa a preencher o ambiente, ela começa a se mover com uma graça hipnotizante.

Minha respiração fica presa em minha garganta enquanto a observo, cada movimento de seu corpo ecoando em minha mente como uma sinfonia de desejo e paixão. Seus quadris se contorcem em perfeita harmonia com a batida da música, seus cabelos dançando em torno dela como uma auréola sedutora.

Enrico: nos braços do narcotraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora