Meu coração dispara quando vejo Mariana se jogar na frente do desconhecido, a arma em punho, pronta para me proteger. Ela é uma louca, mas uma louca corajosa. Antes que eu possa reagir, o som ensurdecedor de um tiro ecoa pelo ar, e vejo Mariana cair no chão, imóvel, um filete de sangue se espalhando ao seu redor. Porra. Minha diabinha arriscou a vida por mim, e agora ela está caída no chão desacordada e sangrando. Um grito rasga a noite, um som primal e angustiante que parece ecoar por toda a boate, saindo fundo em minha alma. Sem pensar, me lanço na direção dela, meus instintos de proteção assumindo o controle enquanto eu me ajoelho ao seu lado, ignorando o caos que nos rodeia. Seu corpo está imóvel, seus olhos fechados e seu rosto pálido.
— Mariana! — Minha voz sai rouca, uma mistura de raiva e desespero. Meu coração está martelando no peito, cada batida uma contagem regressiva para o desastre iminente. — Mariana, por favor, acorde!
— Precisamos levá-la ao hospital, Enrico — Diego diz, sua voz firme apesar do tremor evidente. — Agora.
Eu quase me recuso a acreditar que isso está acontecendo, que minha diabinha está deitada no chão, ferida e desamparada. Com cuidado, levanto-a do chão, segurando-a em meus braços como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. Sinto o calor do seu corpo contra o meu, uma lembrança viva do que está em jogo aqui. Não posso perdê-la, não posso deixar que ela se vá sem lutar.
Diego me ajuda a levá-la para o carro, e eu a coloco no banco de trás, minha mente girando com a urgência. Precisamos chegar ao hospital, precisamos salvar minha diabinha antes que seja tarde demais. O sangue escorre do ferimento de Mariana, manchando minha roupa enquanto Diego dirige freneticamente em direção ao hospital. Merda. O cheiro metálico do sangue enche o ar, e uma sensação de pânico começa a se infiltrar em cada fibra do meu ser.
Em meio ao caos e à agitação, um instante de clareza se abre diante de mim, como se o véu que encobria minha visão finalmente se dissipasse: eu a amo. Porra, eu a amo. Mesmo depois de tudo que fiz com ela, minha diabinha ainda arriscou a vida para me salvar.
As traições, as mentiras, os enganos... tudo isso parece desaparecer diante da urgência do momento, diante da realidade crua e indiscutível da vida e da morte. No fundo do meu coração, sei que Mariana não é perfeita, que ela cometeu erros, que ela mentiu e manipulou para conseguir o que queria. Mas agora, agora tudo isso parece tão insignificante, tão trivial diante da perspectiva de perdê-la para sempre. Ela é tudo para mim, minha razão de viver, e agora ela está lutando pela vida por minha causa.
Diego mantém os olhos fixos na estrada, sua expressão tensa e concentrada enquanto nos aproximamos cada vez mais do hospital. Eu quero gritar, quero xingar, quero bater em algo até minhas mãos sangrarem. Mas sei que não posso. Tenho que me manter forte, tenho que ser o apoio que ela precisa agora.
— Aguente firme, diabinha... — murmuro para mim mesmo, minhas palavras saindo como um mantra sussurrado para o universo. — Aguente firme...
Finalmente, o hospital surge à nossa frente. Diego estaciona o carro com um solavanco brusco, e eu me apresso a sair, carregando Mariana nos braços. As portas do hospital se abrem diante de nós, uma promessa de esperança e cura em um mundo cheio de dor e sofrimento.
— Por favor, salvem-na — murmuro para os médicos e enfermeiros que correm ao nosso encontro, minhas palavras um eco desesperado da minha própria angústia e medo.
Eu os sigo de perto enquanto eles levam Mariana para dentro, meu coração apertado de ansiedade enquanto espero por qualquer notícia, qualquer sinal de esperança que possa me confortar neste momento de trevas e incerteza.
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As horas se arrastam como se estivessem deliberadamente zombando da nossa ansiedade, prolongando o tormento da espera sem fim. Cada minuto parece uma eternidade, um teste cruel de resistência contra o desconhecido que se desenrola diante de nós. Eu me agarro à esperança como uma tábua de salvação em um oceano de incertezas, rezando silenciosamente para que Mariana saia dessa com vida.
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Enrico: nos braços do narcotraficante
RomansaMariana, uma policial federal obstinada, vê seu mundo desmoronar quando seu marido é brutalmente assassinado. Determinada a buscar justiça, ela descobre que o cérebro por trás do crime é ninguém menos que La Águila Negra, o implacável líder do carte...