OITENTA - ENRICO

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Encaro Mariana, observando a fúria e a decepção estampadas em seu rosto, e decido romper o silêncio pesado que paira sobre nós.

— Isso esclarece a questão da morte de Álvaro, mas ainda estamos no escuro quanto ao verdadeiro mandante das tentativas de assassinato contra mim.

Mariana me encara, seus olhos buscando respostas que ainda não temos.

— Quem poderia ser? — Ela murmura, sua voz ecoando com a angústia de não saber quem são nossos inimigos.

Respiro fundo, tentando conter a tempestade de pensamentos que assola minha mente. Quem teria tanto poder e influência para tentar me eliminar? Quem poderia ser capaz de armar um plano tão elaborado?

— Obviamente, é alguém com dinheiro e conexões. Mas quem? Quem teria tanto a perder com minha sobrevivência?

Eu me sento em minha poltrona de couro, deixando-me afundar em seus braços confortáveis enquanto minha mente mergulha nos abismos sombrios dos problemas que assolam meus negócios. Miami, Brasil, Laos, Europa... cada canto do mundo onde estendi meus tentáculos, onde construí impérios sobre os escombros da moralidade e da lei.

— Merda...

A memória dos carregamentos perdidos em Miami me assombra, cada contêiner desaparecido é uma ferida aberta em minhas finanças e em minha reputação. O roubo de dinheiro no Brasil, uma afronta direta à minha autoridade. E Marcos, aquele desgraçado... Meu primo, meu sangue, mas também minha ruína em potencial. O idiota teve a audácia de roubar dinheiro da máfia italiana, trazendo para mim uma tempestade de problemas que ameaçavam destruir tudo o que construí com tanto esforço.

— Alguém muito poderoso está querendo me destronar... — murmuro, minhas palavras ecoando no silêncio sufocante do escritório.

O adversário é invisível, oculto nas sombras do poder e da corrupção, mas sua presença é inegável. Eu me afundo na poltrona, o peso da minha frustração pressionando contra mim enquanto seguro o copo de uísque entre os dedos. O líquido âmbar queima minha garganta enquanto desço um gole, tentando encontrar um alívio momentâneo para a tormenta que me consome por dentro.

Ela se acomoda em meu colo, seu corpo se moldando ao meu com uma perfeição divina. Eu a envolvo com um braço possessivo, aconchegando-a contra mim enquanto deixo escapar um rosnado baixo.

— Quando eu pegar o desgraçado que está fodendo com a minha vida... Ele vai pagar muito caro.

— Uma hora, o idiota vai dar um passo em falso.

Meus dedos deslizam pela curva suave da barriga de Mariana, uma sensação de urgência tomando conta de mim enquanto eu contemplo o futuro incerto que nos aguarda.

— Preciso resolver isso antes que nossos filhos nasçam.

Antes que ela possa dizer alguma coisa, meu celular irrompe em vida. Eu atendo, uma sensação de apreensão se formando no fundo da minha mente enquanto ouço a voz desconhecida do outro lado da linha.

— Enrico Morales? — A voz é áspera, impregnada de uma ameaça velada que me faz estremecer involuntariamente. — Há quanto tempo você não fala com sua mãe?

Meu coração dá um salto no peito, uma sensação de pavor se espalhando por minhas entranhas. Eu não falo com minha mãe há semanas, afundado até o pescoço em uma teia de intrigas e perigos que ameaçam me engolir vivo.

— Quem é você? O que quer? — Minha voz é firme, mas não consigo esconder a tensão que se agita dentro de mim.

O desconhecido me dá um endereço, suas palavras carregadas de uma promessa sinistra que me faz tremer de medo.

Enrico: nos braços do narcotraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora