DOIS - MARIANA

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Após a licença nojo, volto ao trabalho. Teria voltado antes, mas Fábio não deixou. Ele insistiu que eu precisava de tempo para me recuperar, para lidar com a dor que me consumia por dentro. E, de certa forma, ele estava certo. Mas agora estou de volta, pronta para mergulhar de cabeça no trabalho que tanto amo. Por enquanto, estou apenas em serviços internos, uma maneira de me reintegrar gradualmente à rotina, mas eu anseio por algo mais, por uma operação grande que me desafie, que me faça sentir viva novamente.

Estou treinando na academia da sede quando Paulo, meu colega, se aproxima com uma expressão séria no rosto.

— Mariana, o Fábio quer falar com você. — Sua voz é calma, mas há uma tensão subjacente que não consigo ignorar.

Meu coração dispara com a notícia. Fábio quer falar comigo. Será que finalmente chegou a hora de voltar às operações de campo? Uma mistura de emoções tumultua meu interior enquanto eu me apresso em direção ao escritório do nosso chefe.

Quando chego lá, Fábio está sentado atrás de sua mesa, uma pilha de papéis espalhados diante dele. Seus olhos sérios encontram os meus quando entro na sala, e eu sinto um arrepio percorrer minha espinha.

— Mariana, sente-se. Precisamos conversar. — Sua voz é grave, carregada de significado.

Eu me sento, nervosa, os músculos tensos com a expectativa do que está por vir.

— O que é isso, chefe? — Minha voz é firme, mas há uma ansiedade latente por trás dela.

Fábio respira fundo, seus olhos estudando-me como se estivessem buscando respostas em minha expressão.

— Agente Ferreira, você passou por um trauma terrível. Eu sei disso, você sabe disso. Mas não podemos nos dar ao luxo de deixar nossas emoções nos dominarem.

Sinto um nó se formar em minha garganta. Ele está certo, é claro. Não posso deixar minha dor me consumir, não quando há tanto em jogo.

— Eu entendo, chefe. Estou pronta para voltar ao trabalho.

Fábio assente, parecendo satisfeito com minha resposta.

— Ótimo. Temos uma operação em andamento que precisa de alguém como você. É arriscado, mas sei que você é capaz. — Seus olhos brilham com uma confiança inabalável, e eu me sinto grata por tê-lo ao meu lado.

Ele me diz que descobriu quem mandou executar Álvaro e quem cumpriu a ordem e pergunta se tenho interesse em integrar a operação que visa prendê-los. Meu coração dispara com a notícia, uma mistura de raiva e determinação borbulhando dentro de mim como lava fervente.

— Quem são eles? Onde estão? — Minha voz é um rosnado baixo, carregado de fúria reprimida.

Fábio me lança um olhar grave, seus olhos sérios transbordando de uma determinação igual à minha.

— São figuras poderosas, Mariana. Estão bem protegidos. Mas temos informações suficientes para dar o primeiro passo. — Sua voz é medida, mas há uma chama de justiça ardendo por trás dela.

Eu me levanto, sentindo a energia pulsar através de mim como uma corrente elétrica.

— Eu estou dentro. Quero fazer parte dessa operação, Fábio. Quero ver esses desgraçados atrás das grades, pagando pelo que fizeram. — Minhas palavras são como punhais afiados, cortando o ar com uma determinação implacável.

Fábio assente, um sorriso de satisfação brincando em seus lábios.

— É assim que eu gosto de ouvir. Prepare-se, Mariana. Esta será uma jornada difícil, mas juntos vamos fazer justiça para Álvaro. — Sua voz é um eco de confiança, um lembrete de que não estamos sozinhos nessa batalha.

Enrico: nos braços do narcotraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora