CINQUENTA - ENRICO

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Os raios de sol filtram-se pelas cortinas semiabertas, lançando uma luz dourada sobre o quarto enquanto os primeiros raios da manhã dançam preguiçosamente pela parede. Eu me viro na cama, sentindo o calor do corpo de Isabel enroscado no meu, sua respiração suave e regular criando uma melodia hipnotizante que me embala em um estado de paz e tranquilidade.

Passa das dez da manhã, um horário em que normalmente já estaria de pé e pronto para enfrentar o mundo. Mas hoje é diferente. Hoje, estou envolto em uma sensação de relaxamento profundo, uma calma que só consigo encontrar nos braços dela.

— Bom dia... — murmuro, minha voz rouca de sono enquanto acaricio os cabelos dela com carinho. — Você sempre consegue me deixar assim, completamente relaxado.

Isabel se mexe levemente ao meu lado, um sorriso sonolento brincando em seus lábios enquanto ela se espreguiça.

— Bom dia, Enrico... — ela responde, sua voz suave e doce como um sussurro. — Você não tem ideia do quanto é bom acordar ao seu lado.

Eu sorrio, sentindo uma onda de calor percorrer todo o meu corpo enquanto me perco em seus olhos escuros e profundos. Ela é como uma droga viciante, uma tentação irresistível que me deixa completamente rendido aos seus encantos.

— Eu também não consigo me lembrar da última vez que dormi tanto assim... — admito, minha voz carregada de sinceridade enquanto me aconchego mais perto dela.

Ela se inclina para me beijar, seus lábios macios encontrando os meus em um gesto de carinho e afeto.

— Bem, acho que isso significa que fiz um bom trabalho, não é? — ela brinca, um sorriso travesso dançando em seus lábios. — Talvez eu devesse considerar uma carreira como profissional do sono.

O som estridente do telefone corta o ar tranquilo do quarto. Eu me estico para pegar o aparelho. Nico. O nome ressoa na minha mente antes mesmo de atender a chamada, trazendo consigo a promessa de mais problemas para resolver. Eu me levanto e vou até um canto afastado do terraço. O sol bate em meu corpo nu.

— Alô? — minha voz soa rouca e autoritária, um reflexo do estado de alerta em que me encontro.

— Enrico, temos um problema. — A voz de Nico soa tensa do outro lado da linha, um presságio sombrio de más notícias por vir.

Suspiro, preparando-me para o pior. Já enfrentei inúmeros problemas ao longo da minha vida, mas sempre há mais um para testar minha paciência.

— O que foi dessa vez? — pergunto, minha voz uma mistura de resignação e irritação. Não tenho tempo para joguinhos ou rodeios. Quero fatos, quero soluções.

— É sobre o Marcos. — A menção do nome do meu primo só aumenta minha preocupação. Marcos sempre foi um problema, um espinho cravado no meu lado que nunca parece sair. — Parece que ele está se envolvendo com o Cosa Nostra.

Uma onda de raiva irrompe dentro de mim, um turbilhão de emoções que ameaça me consumir por inteiro. O Cosa Nostra. Uma das organizações criminosas mais perigosas do mundo, uma sombra que paira sobre a cidade como um espectro ameaçador.

— O que diabos ele está pensando? — Minha voz sai mais alta do que pretendia, carregada de frustração e descrença. — Ele sabe que isso é suicídio, certo?

Nico suspira do outro lado da linha, uma indicação silenciosa de que ele compartilha da minha preocupação.

— Eu não sei, Enrico. Parece que ele se meteu em algo maior do que pode controlar. — Sua voz soa sombria, carregada de preocupação genuína pelo irmão imprudente.

Enrico: nos braços do narcotraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora