QUARENTA E DOIS - ISABEL

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Enrico me conduz por um mar de pessoas elegantemente vestidas, cada uma imersa em suas próprias conversas e risadas. Finalmente, ele para ao lado de um casal, e eu sinto uma onda de reconhecimento ao perceber quem são.

— Isabel, deixe-me apresentar-lhe Vicenzo Martinello, meu primo. E essa é Antonella, sua esposa.

Encaro o casal à nossa frente, reconhecendo imediatamente os nomes por causa de minhas investigações anteriores na INTERPOL. Antonella e Vicenzo são figuras proeminentes na máfia italiana, envolvidos em uma miríade de atividades criminosas que vão desde o tráfico de drogas até a extorsão e o assassinato.

— Um prazer conhecê-los, senhora Martinello, senhor Martinello. — Minha voz é controlada, mas por dentro estou nervosa. Estar diante de figuras tão influentes no mundo do crime é uma experiência intimidante.

Antonella me avalia com um olhar perspicaz, enquanto Vicenzo mantém sua expressão impenetrável. É evidente que eles são mestres em ocultar suas verdadeiras intenções por trás de uma fachada de cortesia e diplomacia.

Vicenzo beija minha mão com uma gentileza, seus olhos azuis penetrantes me estudando com interesse evidente. É um homem de presença imponente, com uma aura de confiança que exala poder e autoridade. A sensação de seu toque, embora cortês, envia uma corrente elétrica através de mim, despertando uma mistura de emoções contraditórias.

Logo, os três começam a conversar em italiano e eu fingo desinteresse, como se não entendesse o idioma. No entanto, cada palavra trocada entre eles e Enrico reverbera em meus ouvidos, revelando segredos e alianças obscuras que poderiam abalar os alicerces do mundo criminoso em que estamos imersos. É como se eu estivesse diante de um jogo de xadrez, onde cada movimento poderia significar a diferença entre a vida e a morte. Vou fazendo anotações mentais de tudo que falam para repassar a Fábio assim que tiver oportunidade.

Me mantenho à margem da conversa, fingindo apreciar a serenidade do mar à distância, minha mente está totalmente imersa na troca de palavras entre Enrico, Vicenzo e Antonella. O som das ondas batendo suavemente na costa fornece um contraponto tranquilizador à tensão que paira no ar, como se a natureza estivesse alheia aos jogos de poder e intrigas que se desenrolam ali. Enquanto os três conversam, percebo que suas palavras carregam um peso significativo, como se estivessem discutindo assuntos de extrema importância e consequências imprevisíveis.

Enrico, com sua habitual expressão impassível, parece liderar a conversa, suas palavras carregadas de autoridade e determinação. Vicenzo, por sua vez, exibe uma postura mais descontraída, mas seus olhos brilham com uma intensidade que denota sua astúcia e perspicácia. Já Antonella, com sua elegância gélida, observa a interação entre os dois homens com uma mistura de admiração e cautela. Os minutos se arrastam, me esforço para captar cada detalhe da conversa, cada insinuação e sugestão velada que poderiam revelar os segredos que tanto busco desvendar. É como se estivesse assistindo a um jogo de xadrez, onde cada movimento é calculado e estratégico, e qualquer erro poderia resultar em consequências devastadoras.

Mesmo fingindo interesse pelo mar, meu coração bate descompassado dentro do peito, ansioso por descobrir a verdade por trás das palavras cuidadosamente escolhidas dos três. Cada pausa na conversa é como um suspense insuportável, alimentando minha sede por respostas e minha determinação em desvendar os mistérios que envolvem Enrico e sua família.

— Te entendiei, não é? — ele murmura, sua voz carregada de um tom sedutor que envia uma onda de calor através de mim.

— Não, tudo bem. Só estava absorvendo a atmosfera da festa e apreciando a vista para o mar. — respondo, tentando manter minha voz firme, apesar do formigamento que se espalha pelo meu corpo com seu toque.

Enrico: nos braços do narcotraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora