106. Se controla

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Passo por Destin e Igétis que estavam na porta ainda processando o que havia acabado de acontecer, quando chego na cozinha eu me transformo deixando o meu lobo completamente solto.

Ele uivava com tanta dor que eu até chegava a se encolher em alguns momentos. Sei que deveria estar com os meus filhos, mas eu não consigo, não posso deixar eles sentirem essa dor que estou sentindo agora.

Corri tanto que cheguei onde a Roz morreu pela primeira vez, uma lápide foi erguida após tudo aquilo, foi a forma que acharam de a homenagear por ter libertado todas aquelas almas.

Ali tinha algumas flores onde os familiares vivos deixavam como presente e lembrança do seu ente querido, a raiva foi crescendo dentro de mim e quando me dou conta estava tudo quebrado.

Alguns lobos estavam me olhando escondidos por medo da minha reação e sinceramente eu também estaria, logo minhas patas começam a correr em direção a minha casa novamente.

Os uivos de dor foram dando lugar para raiva, era somente isso que eu sentia, raiva, a Roz foi embora, ela me largou, me abandonou, ela nem me permitiu me despedir, como ela pode fazer isso comigo?

Entro em casa já em meia transformação e jogo todos para fora da escada, pois tentavam me impedir de chegar no quarto, mas eu vou trazer ela de volta a vida nem que seja a mordendo por inteiro.

Com muito custo consigo entrar no quarto e vejo Destin posicionado pronto para me enfrentar, os dois estavam colados com o corpo da minha Roz. Destin tentava me chamar para a realidade, mas não adiantava, eu queria apenas o corpo dela.

Ele me joga contra a parede algumas vezes, mas consegui o jogar para longe, ele já estava sangrando no chão quando ele gritou para Mairin romper o fio, ela pula em cima do corpo de Roz no mesmo momento que eu.

Como se estivesse em câmera lenta eu me vi pulando de forma mortal em cima do corpo da minha filha que apenas sorria para mim enquanto fechou os olhos, começo a gritar tentando parar o corpo no ar, mas logo o meu pescoço é apertado com tanta força que fico sem ar no mesmo momento.

— Mágissa — Destin sussurra e acaba desmaiando fazendo Enver correr até ele, mas Mairin ainda estava na frente do corpo da mãe pronta para me enfrentar ou até mesmo enfrentar a Mágissa.

— Se controla — sua voz era dura e quando ela me jogou no chão pulou em cima de mim socando a minha cara até que o meu corpo voltasse a forma humana — Agora você.

Ela se levanta e ainda zonzo consigo ver quando ela começa a andar em direção a Mágissa, mas Enver foi mais rápido e se colocou na frente e logo os dois estavam rosnando a fazendo gargalhar.

— Calma aí pirralhos, eu sou da paz aqui — ela se aproxima e toca no rosto de Enver que estava cortado e assim que a sua mão saiu não tinha mais nada — Quero conversar com a garotinha...

— Mairin, a minha irmã se chama Mairin — Enver não se colocou mais na frente, mas ainda, sim, estava atento aos movimentos da Mágissa.

— Rebelião? Faz jus ao nome mesmo, me dê sua mão — ela nega com a cabeça e Mágissa respira fundo a puxando com tudo, mas assim que ela começou a espernear já parou ao ver que sua mão estava toda cortada, ou estava, pois com o toque dela ficou apenas uma cicatriz.

— Mágissa... — me aproximo e Mairin vem correndo me abraçar — Eu...

— Você surtou legal lobinho, precisava de tudo isso? — ela se vira para o corpo de Roz e logo algumas flores começam a surgir ao redor e ela estava vestida agora como uma verdadeira fada.

Mairin e Enver se aproximam na minha frente e logo começam a sorrir com a descoberta que sua mãe era uma fada, a marca que tinha no pulso dela agora estava no meu com o toque das mãos dela.

— Não tínhamos mais alguns meses?

— A queria sofrendo? — apenas nego com a cabeça — Ela não sofreu, mas eles sim — ela me tá um tapa na minha cabeça — Seu surto os deixou traumatizados, levanta criatura — ela toca com o pé Destin que pula de uma única vez.

— Mágissa...

— Nem vem, fica... — de acordo com o que Destin se mexia, ela dava o comando como se ele fosse um cachorro, isso fez Mairin e Enver gargalhar — Cuidado com ele, ele sofre com grudisse aguda.

— O que é isso? — Mairin já estava mais solta e isso me fez sorrir, com os dois conversando com ela eles não viram o momento que o corpo de Roz foi desaparecendo até que sobrou apenas as flores ali em cima.

Mágissa ainda conduziu eles para plantar aquelas flores, no caminho ela explicou que fadas não devem ser enterradas como os demais e sim como flores, pois ali a sua alma vai poder cuidar de todos sempre que for necessário.

Me junto a eles que já estavam brincando e rindo enquanto enterravam aquelas flores, Destin não se atreveu a vir e quando eu o chamei ele apenas negou chorando. Mágissa apenas piscou para mim e foi até ele.

Enquanto as crianças estavam ali distraídas enterrando comigo, Destin estava chorando desolado nos braços de Mágissa, ele que tinha se mantendo firme até agora acabou desmoronando de uma vez.

— Pai, me ajuda — Enver me chama e vejo que Mairin havia caído dentro do buraco que os dois estavam cavando e sem conseguir segurar acabo gargalhando com a cena, a minha frente, claro que quando consegui tirar ela lá de dentro levei vários tapas seus, nós estávamos nos forçando a ficarmos em pé, não que estávamos bem, mas um estava apoiando o outro.

Um Alfa, Um SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora