1. Não sou eu

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Após a morte dos nossos pais minha irmã se afastou, por sermos menor de idade ainda a nossa guarda ficou com meu tio que apenas nos mandou não ser presa, ele vinha sempre no começo do mês trazer comida e pegar as contas de água e luz, do resto tínhamos que nos virar.

Como faltava apenas dois meses para completar dezesseis anos eu consegui um emprego em uma loja de produtos exotéricos, era a melhor parte do meu dia, foi onde consegui encontrar minha própria personalidade e a me diferenciar da minha irmã principalmente.

Já usei várias cores no meu cabelo que é um loiro bem claro, mas nada se compara com o rosa, tanto que estou o usando já faz nove anos, às vezes deixo ele com colorido, mas o fundo sempre é rosa, já virou a minha marca, ou era o que pensava.

Este já é o terceiro condomínio que sou expulsa aqui de Maringá, mesmo mostrando o obvio eles não aceitam que não tenho nada a ver com a conduta da minha irmã, tanto que ela está fora do Brasil já tem sete anos.

Da mesma forma que me encontrei naquela loja exotérica com os artefatos de bruxaria, ela se juntou a péssimas companhias, o que resultou um vídeo dela transando com seis caras ao mesmo tempo.

Claro ela estava completamente drogada, mas tenho minhas dúvidas se ela realmente não queria aquilo, mas por conta de suas ações quem paga até hoje sou eu. Estou agora tentando explicar pela milésima vez para a idosa síndica do meu prédio que não sou eu no vídeo.

— Não quero puta em contato dos meus netos, aqui você não pisa mais.

— Mas Dona Clarissa, não sou eu, olhe bem para o vídeo, é a minha irmã.

— Você quer que eu fique vendo essa pouca vergonha, saia da minha frente antes que resolva transformar o meu prédio em um bordel.

Ela foi me empurrando para fora da portaria, era oficial, não tinha mais onde morar nem onde passar a noite. Dona Clarissa além de síndica, tinha a procuração da maioria dos proprietários deste prédio, com isso ela mandava e desmandava como bem entendia.

Hoje realmente não é um bom dia, além dos palhaços da faculdade que me fizeram passar vergonha perto do gringo, agora essa, ser expulsa... Será que falta alguma coisa?

Entro no primeiro PUB que vejo, mas infelizmente aqueles cretinos também resolveram entrar e mesmo não vinda a minha mesa escuto eles falarem de mim, sempre a mesma coisa, ninguém acredita que tenho uma irmã que é ela no vídeo e se eu ainda sabia sentar como estava sentando naqueles caras.

— Poha, não sou eu — viro a... Décima? Não sei mais quantas doses de tequila já tinha tomado.

Depois que Zana foi embora, eu consegui terminar o ensino médio, com a ajuda da dona loja, mas ela não poderia me esconder o resto da vida. Demorei para entrar na faculdade para dar tempo de as pessoas esquecerem de mim e deu certo por muitos anos.

Mas meu tormento voltou neste último ano, tanto na faculdade como nos prédios que eu morava, parece que todos os anos que conviveram comigo foi esquecido por um vídeo de quinze minutos.

— Roz, não deveria estar aqui.

— Me deixa — minha voz já estava arrastada pela bebida.

— Depois não reclama — Nala era a única que ainda falava comigo, nunca foi minha amiga, mas pelo menos não deixou de falar comigo a vendo indo embora minha mente me trouxe para onde eu sempre corri.

"Você ficou louca Zana, como pode fazer aquilo?"

"Fiz e vou fazer quantas vezes me pagarem, como acha que consegui dinheiro para ir embora dessa merda toda?"

"Como assim ir embora?"

"Vai chorar Roz? Deixa de ser babaca e aproveita essa buceta que você tem no meio das suas pernas".

Acabo acertando um tapa na cara de Zana, nunca brigamos dessa forma, apenas discutimos diversas vezes, mas nunca nos agredimos até esta data. Lembro dela me olhar com tanta raiva e vir para cima de mim tentando me bater, mas para não fugir do seu costume ela estava um pouco bêbada, então consegui tirar de perto de mim.

"Você está morta para mim Roz"

Assim ela saiu por aquela porta me deixando com toda a sua merda para limpar, merda essa que não consegui limpar apenas sobreviver até hoje. Estava com tanta raiva que coloquei mais força do que deveria no copo, o fazendo quebrar na minha mão.

Ninguém se aproximava da minha mesa e agradecia por isso, até porque não sei para onde vou depois que me levantar daqui, sinto a ardência na minha mão e agora que a percebi sangrando.

— Idiota, como não iria sangrar?

Ergo meu olhar, mas minha visão já estava bem embaçada por conta do álcool, mas ainda consigo ver aquele monumento ruivo, como pode ser tão gostoso... Espera ele aqui? Veio terminar de me ver passar vergonha?

Não consegui mais tirar meus olhos de seus movimentos, ainda mais quando ele se virou para pagar a conta me dando a visa daquela bunda... Parecia uma lua, não estava mais parecendo um pão. Sem perceber, estendo as minhas mãos como se fosse apertar.

Por conta da grande quantidade de álcool no meu sangue, não consegui perceber ele se aproximando, apenas quando ele pegou a minha mão e a enrolou em um pano.

Sem falar nada, apenas olhando diretamente nos meus olhos ele me puxou, me segurando pela cintura e assim saímos do PUB, não conseguia ir contra ele minha atenção estava toda naqueles olhos verdes que mais pareciam ser de vidro ou um quartzo. 

Um Alfa, Um SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora