108. Sonhos

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Já passamos por todas as praias e nenhuma agradou verdadeiramente a eles, após muita insistência minha viemos para as montanhas, não pelo clima frio e sim por ser mais afastado e silencioso.

Aqui os dois tiveram uma melhora significativa no seu comportamento, sono e até mesmo a relação dos dois que já estava bem delicada, estava vendo a hora que eles iam se matar e no processo me matava do coração antes.

Nunca pensei que cuidar dos dois pudesse me dar tanto trabalho, o luto foi obrigado a ficar para depois, pois eles ocupavam todo o meu tempo e não somente o meu e sim Destin que se via doido com Enver que parecia uma esponja absorvendo tudo quando se tratava de magia.

Mas percebi que ele estava cobrando muito de Destin, pois ele já estava passando noites em claro e procurando feito louco mais informações, no começo estava achando até muito legal da sua parte, mas agora já está ultrapassando os limites.

— Chega Destin, deixa esses livros, você precisa dormir — vou puxando os livros na sua mão e ele só não grita comigo, pois Enver está dormindo ali no sofá da biblioteca.

— Você não entende Lykos...

— Quem não entende que está com enormes olheiras, que não está se alimentando direito, que está com um humor péssimo é você, Destin eles estão se afastando de você.

— Não fala assim.

— Você sabe que é verdade, Enver pode gostar muito de magia, mas já parou para pensar que ele está fazendo isso apenas para ter um pouco da sua atenção?

Peguei pesado com Destin, mas foi necessário, não posso perder meu amigo também, ele é minha família, uma pessoa muito importante. Pego Enver no colo e vou com ele na cama resmungando alguma coisa enquanto dorme.

— Venho sonhando com a Roz — meu corpo gela neste momento, eu havia parado de chorar tem apenas alguns anos e não estava a fim de voltar — Ela sempre me pede para te levar na lua cheia...

— Para Destin, eu sei que você sente muito a falta dela, mas tenho certeza que você não sabe o buraco que ficou aqui dentro do meu peito, ela tudo para mim, não consegui me recuperar ainda e sinceramente acredito que nunca vou.

— Ela pode voltar Lykos...

— Não faz isso comigo, não me dê esperanças sem ter certeza ou você vai me destruir.

— É muito real Lykos.

Não o respondo, apenas me deito na cama respirando fundo para não cair no choro novamente, pela altura da lua Mairin deve acordar logo. Destin se aproxima e senta na cama me lembrando que a lua cheia era daqui a duas semanas.

A nossa conversa se encerra quando Mairin entra no quarto falando que sonhou com a mãe, meus olhos encontram com Destin que apenas dá um beijo na cabeça dela e sai do quarto provavelmente de volta para a sua pesquisa.

— O que a mamãe falou?

— Está com saudade — Mairin não estava chorosa e isso me fez ter calafrios.

— Ela pediu alguma coisa? — ela nega com a cabeça, mas Enver também entra no quarto me lembrando do motivo de ter uma cama enorme.

— Lua cheia e mais algumas coisas que eu não lembro — ele resmungou já deitando na cama e apagando em seguida.

Agora quem não conseguia dormir sou eu, os dois chegavam até babar no travesseiro e mesmo com muita vontade de ir até Destin sei que não posso sair da cama ou eles vão atrás.

Assim que amanhece não consegui mais ficar na cama, encontrei Destin adormecido no chão em cima de vários livros, eu até tentei acordar ele de forma delicada, mas quando o joguei no sofá ele acordou assustado.

— Para que tudo isso?

— Foi no sofá, fofinho, poderia ser no chuveiro ou na piscina.

— Eu também te amo e apenas para deixar claro você precisa melhorar essas suas demonstrações de carinho.

— Não consegui dormir.

— A lua cheia está próxima e podemos...

— E as crianças? Não vou falar nada até ter certezaaaaaaaaaaaaa...

Destin acaba gritando quando Mágissa e aquele médico aparecem na nossa frente, não consegui segurar a gargalhada e também não ia fazer diferença, pois apenas com o grito fez os dois aparecerem correndo na sala.

Enver foi o primeiro que pulou no colo da Mágissa que o rodou no ar, mesmo os dois tendo quase a mesma altura devido ao seu crescimento acelerado. Ela já me explicou que assim que eles completarem seus quinze anos a altura cessa e o corpo começa a tomar forma.

— Preciso de ajuda para mostrar ao Heres a cidade, quem pode me ajudar? — entro na frente deles a olhando nos olhos e em resposta ela sobe o sofá dando um tapa na minha testa.

— Você some e depois aparece...

— Sem drama lobinho, estava ocupada e agora vou ficar ocupada aqui, mas não será hoje e sim daqui a duas semanas, primeiro preciso ensinar a essa criatura a lutar — ela aponta para Heres que começa a rir baixo enquanto nega com a cabeça.

— Em outras palavras, ela vai me quebrar na porrada — percebi que Mairin ficou corada assim que ouviu e olhou diretamente e isso me fez olhar mortalmente para o lobo que não desviava o olhar para Mairin.

— Não...

— Exatamente, não te perguntei, estou avisando que vou sair com eles dar umas voltas — ela me interrompe, eu sei que não posso contra ela, mas ele está dando em cima da minha filha.

— Onde? Quem?

— Você faz muitas perguntas lobinho e as respostas você não vai gostar, vejo vocês daqui alguns dias — com isso ela some novamente junto com aquele abusado.

Um Alfa, Um SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora