28. Você só pode estar brincando

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Acordo com Lykos ainda agarrado ao meu corpo, já sei que ele percebeu que acordei, mas como ele não me falou nada e vou fingir que não sei para ver até onde ele vai levar essa situação.

Toco o seu rosto o mais leve que consigo e por estar tão próxima consigo perceber ele controlando a respiração que está se acelerando cada vez mais, vou descendo o toque pelo seu pescoço.

Sua pele se arrepia de acordo com que vou tocando deixando ele cada vez mais sem saída, ao tocar em seu peito consigo sentir cicatrizes, mas não eram normais e sim mordidas e ao tocar a mão completamente nelas consigo escutar os seus gritos e até mesmo o seu choro intenso.

Nunca pensei que ele escutaria um choro tão doloroso quando esse, não sei como acessei isso, mas ele já sofreu muito nessa vida e agora entendo o motivo dele nunca querer falar do passado e me ajudar a ter uma vida nova.

— Como consegue? — Lykos me olhava atentamente e acaba respirando fundo, finalmente entregando que estava acordado esse tempo todo.

— O que Lykos? — será que ele sabe que sou esquisita e essas visões estão surgindo?

— Você acorda linda e toda delicada...

— Owwwwww eu já disse que você é um fofo? — aperto o seu rosto, obrigando sua boca a fazer um bico, enquanto ele me aperta pela cintura.

— Não me deixou terminar.

— É para não dar tempo de lembrar que meu humor oscila — ele confirma com a cabeça rindo nasalado.

Após muitas tentativas minhas de se levantar ele acaba me soltando apenas quando a minha barriga começa a roncar, em poucos segundos ele já estava indo até a cozinha e antes mesmo que eu chegue o cheiro de café e torradas preenchia o local.

No meio da tarde percebi que o humor de Lykos se alterou e como ele estava no escritório entrei sem bater para ver sua reação, que apenas me puxou para se sentar no seu colo e como sou curiosa acabei lendo o seu e-mail.

— Quando você vai?

— Não quero ir.

— Espero que o motivo desta negação não seja a minha pessoa.

— Preciso me ausentar por quatro dias e não quero você sozinha andando...

— Destin não pode me acompanhar?

— Está muito amiguinha dele, não acha?

— Ciúmes, senhor Fotiá? — Lykos aperta a minha bunda já que me virei no seu colo ficando de frente.

— Apenas preocupado com o linguarudo do Destin.

— Mas é isso que mais me interessa, quem sabe assim consigo minhas respostas mais rápidos, por falar nisso vai trancar o escritório?

— Roz...

— Eu vou olhar, sim, vou ler o máximo que conseguir, já que seu passado é doloroso e não quer falar sobre ele.

— Não é isso, mas eu tenho medo que...

— Tenha medo de mentir e esconder as coisas de mim e não de me contar a verdade — me levanto do seu colo aproveitando que ele ainda está apreensivo — Agora se apresse quando antes você for mais rápido você volta.

— Vai estar aqui?

— Te esperando, eu prometo.

O sorriso de Lykos aqueceu o meu coração, merda estou mais que atraída por ele, nunca amei ninguém, mas deve ser isso que estou sentindo por ele, pois me dói apenas a ideia de nunca mais o ver.

Ele fez algum drama ainda antes de sair, mas saiu me prometendo que iria voltar a tempo de me levar na faculdade, onde tenho aula apenas na sexta. Eu não estava preocupada com isso, pois Destin poderia fazer isso, mas sei que ele está é com ciúmes, apenas não admite.

Os dias sem a presença de Lykos passou até rápido, como ele me prometeu o escritório estava aberto, mas fiquei tão encantada com os livros que acabei não mexendo em nada.

Na quinta a noite Destin chegou trazendo comida e já me avisou que iria ficar por ali para não correr o risco de perder a hora. Na sexta ele me deixou na faculdade e mesmo inquieto ele não tocou no assunto das visões.

Já quando estava vindo embora ele acabou explodindo me fazendo rir muito pelo seu desespero e sua fala toda cortada, mas quando toquei em sua mão ele parou de falar e respirando fundo olhou nos meus olhos.

— Podemos ir na minha casa antes de retornar?

— Claro, sei que quer conversar — ele confirma com a cabeça e sai com o carro indo direto para sua casa que ficava próximo a lagos e mais escondida ainda que a casa de Lykos.

— Fique a vontade Roz, espero que goste do meu lar.

— Você só pode estar brincando — olho para os lados admirando todos aqueles amuletos, pedras, livros e até mesmo ervas que estavam secando penduradas.

— Eu fiquei com receio de você achar de mais...

— Isso aqui é o paraíso, mas por favor me confirme que vai me ensinar.

— Será o enorme prazer, mas primeiro quero conversar com você sobre as visões.

— Já descobriu que sou esquisita né?

— Você pode ser doidinha, mas esquisita, eu te garanto que não é.

— Isso era para ser um elogio?

— Calada e vem logo aqui que vou te ensinar algumas ervas enquanto o chá fica pronto para conversarmos melhor.

Um Alfa, Um SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora