68. Frio, muito frio

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Sai correndo para fora como uma doida, nem sabia onde estava indo, mas sabia que teria que correr. Escuto Destin tentar me parar me chamando e até mesmo com magia, mas nenhum dos dois deu certo.

Comecei escutar as gargalhadas das crianças que sempre via nas visões de Lykos, eles gritavam para mim "quente" e "frio" enquanto eu corria, descobri quase caindo em um precipício que "frio" era perigo e o "quente" o caminho seguro.

Não sei onde elas queriam me levar, mas espero que tenha cobertor e chocolate quente, pois estou congelando, muito burra da minha parte correr para fora sem ter me agasalhado bem.

— Claro, como se fosse dar tempo de pegar alguma coisa com Lykos me mandando correr enquanto rosnava — penso alto e assim que me escuto paro completamente na entrada de uma clareira.

O que Lykos tinha na cabeça de me mandar correr para fora? Pior é porque raios eu obedeci, eu nunca obedeço e desta única vez que resolvo obedecer me encontro no meio de uma floresta que não conheço coberta por neve.

— Só pode ser muito burra mesmo — dou um tapa na minha testa e com isso acabo percebendo que estou ficando roxa de frio, Lykos precisa me encontra logo ou vou acabar congelando aqui.

Escuto barulho de galhos sendo quebrados e quando olho para as árvores vejo enormes lobos vindo na minha direção, eles até estavam babando e isso não foi nada legal de se observar.

Vou dando passos indo em direção para a clareira e quando termino de passar vejo a pedra onde na primeira visão eles me mostraram que eu morreria, mas não posso morrer, ainda tenho muito o que aprontar e almas para libertar, sem contar que aquela mulher me disse que preencheria meu útero, não estou grávida, não ainda pelo menos.

Quando me viro me vejo cercada por eles que rosnavam em aviso que iriam me atacar, isso me deixou mais tranquila, afinal cão que late não morde, isso deve se aplicar com lobos também.

Um dos lobos vindo na direção contrária de onde os que rosnavam estavam passa por mim esfregando a sua cabeça na minha mão, foi a melhor sensação que tive e sem saber explicar eu tenho certeza que aquele lobo é apenas uma criança.

Talvez uma criança crescida, a palavra certa séria adolescente, me corrijo mentalmente enquanto ainda sorria para ele que se afasta e vai em direção a um lobo que estava mais afastado, ele não rosnava, apenas me olhava intensamente.

Desse eu fiquei com medo, pois ele me olhava como se estivesse vendo a minha alma, dou passos para trás para tentar manter distância deles, quando aquele lobo avermelhado pula por cima de mim.

Ele estava bem maior e fico pensando como ele pode ter crescido tão rápido assim, mas daí me lembro que estou congelando e me aproveito que estou ao seu lado e corro me enfiar no meio do seu pelo.

— Frio... Muito frio... — penso alto e ele apenas me empurra com o focinho para subir nas suas costas, eu me deito aproveitando do calor do seu corpo, o que me fez ficar calma foi ter visto aqueles olhos verdes que sempre me fez delirar.

Ele se vira para frente completamente, furioso e apenas co um rosnado vejo todos os lobos se curvarem sentindo dor, aquele que passo por mim se abaixou de bom grado assim como o que me observava, por isso não escutei seus grunhidos de dor.

Era Lykos, ou melhor, era o Alfa de Lykos completamente forte e desperto, o medo que eles sentiam foi dando espaço para arrependimento, então aqueles lobos ali eram parte ou até mesmo o que sobrou da antiga alcateia de Lykos.

Quando Lykos meche a sua pata para frente como um aviso que iria atacar o abraço mais forte, eu sei que Lykos sofreu muito, mas eles também. Estão presos a Esec ou estavam até dias atrás e só por isso já ganhou o direito de defesa.

— Nunca a toquem e muito menos tentem a matar ou eu vou caçar vocês nem que seja no inferno.

Enquanto Lykos falava ele ia se transformando, mas não voltou na forma humana, ele parecia mais aqueles lobisomens que já vi em filme de terror antigo, mas uma versa melhorada.

— Filme de terror então?

— Como escutou? — ele toca na marca me fazendo sorrir, mas ele não estava nada contente.

— Desde que momento escuta os meus pensamentos? — abraço o seu corpo que era muito maior que o meu e o sentimento de lar e pertencimento tomou o meu corpo.

— Isso importa?

— Na verdade, não, o que quero mesmo saber é por que me mandou correr?

— Ainda pergunta? — ele tenta me afastar tomando cuidado para não tocar as suas garras na minha pele, mas eu me solto e volto o abraçar.

— Chegou bem a tempo, estou com frio e não sei voltar para casa.

— Não vai fugir, correr ou gritar?

— Fugir apenas de água gelada na banheira, correr só se você estiver bem atrás e me segurar pela cintura e gritar... bom só se for... — minha voz vai sumindo assim que o seu rosto se aproxima, ele era diferente e tudo o que já vi nessa transformação e agora que percebo que nunca vi Lykos transformado, não de perto pelo menos.

Um Alfa, Um SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora