Minha irmã.
Grávida.
Cecília, que não sabia nem cuidar de si mesma, estava esperando um filho. E eu que já achava o fim do mundo ela ter adotado o Brad Pitt para cuidar. Não que ela cuidasse, pois quase todas as obrigações com o cachorro sobravam para mim.
– Parece que alguém quer tirar esse bebê daí de dentro agora mesmo... – sussurrou o meu irmão para mim, quebrando o silêncio.
Olhei discretamente para minha mãe, procurando por alguma expressão que misturasse tristeza, decepção e desespero. Não foi nada disso que encontrei. Suas feições esbanjavam felicidade, e o sorriso em seu rosto me deixava desconfortável, sabendo que ela concordava com aquilo tudo.
– Você não vai fazer nada, Mia? – perguntou Greg.
Ele sim tinha feições desagradáveis. Seus olhos estavam vermelhos.
Minha mãe levantou e aproximou-se de Cecília. Essa última recuou um pouco, com medo de levar um tapa na cara. Mia a abraçou.
– Minha garota... – falava ela enquanto algumas lágrimas caíam de seus olhos.
– Qual é, Mia, isso é ridículo! – Greg irritou-se. – Essa casa já está cheia, e agora ainda teremos mais um fedelho? Sua filha abriu as pernas para esse marginal! – ele apontou o dedo para a cara de Jimi, que não sabia o que fazer. – E além de tudo ela tem só dezessete anos!
Cecília revirou os olhos como mais cedo.
– Eu faço vinte e um na quarta. – suspirou.
– Isso não significa que até lá você irá amadurecer o suficiente para ter responsabilidades com seu filho. – falei, sabendo das conseqüências que estavam por vir. – Você nem tem um emprego.
Jimi levantou-se, disposto a declarar que tinha sua banda, cujo clipe (que foi filmado na esquina de nossa casa com uma filmadora velha) seria lançado e passaria todos os dias na MTV. Acho que ele se deu conta de quão ridículo isso soaria e desistiu de abrir a boca.
– Sophia, não se meta. Você que é a pirralha por aqui, não tem moral nenhuma para falar. – gritou Cecília na minha cara. Eu sabia exatamente as palavras que ela falaria após. – Já contou para a mamãe que você não foi à aula hoje?
Vadia. Eu sabia que não poderia confiar.
– Isso é verdade, Amora? – perguntou minha mãe, com olhos incrédulos.
Mia tinha o costume de chamar de Amora, e eu nunca quis saber a real razão para ela fazer isso. Acho que ela acabou acostumando-se com todos meus colegas chamando-me de 'A menina da casa roxa', e quis aproveitar a situação para me constranger um pouco mais, chamando-me de um tipo de fruta que tinha a mesma cor.
– Eu fui para a igreja. – respondi, como se isso me absolvesse.
Cecília riu mordendo os lábios, sabendo que eu estava ferrada.
– Você está de castigo, Amora. – falou Mia enquanto balançava a cabeça negativamente. – Ir para a igreja não é desculpa. O Senhor não perdoa.
Fiquei irritada e agradeci a adolescente loira ironicamente.
– O Senhor também não perdoa atos sexuais sem intenções amorosas, pelo que sei. – falei.
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O Menino debaixo da minha cama
Teen FictionSophia é uma garota de dezesseis anos comum, diferentemente de seus problemas. Sua irmã está grávida do namorado motoqueiro, o bebê que a sua mãe teve durante o segundo casamento a faz acordar todas as noites, e o irmão caçula... Bem, ele é o caçula...