Capítulo 5

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Minha irmã.

Grávida.

Cecília, que não sabia nem cuidar de si mesma, estava esperando um filho. E eu que já achava o fim do mundo ela ter adotado o Brad Pitt para cuidar. Não que ela cuidasse, pois quase todas as obrigações com o cachorro sobravam para mim.

– Parece que alguém quer tirar esse bebê daí de dentro agora mesmo... – sussurrou o meu irmão para mim, quebrando o silêncio.

Olhei discretamente para minha mãe, procurando por alguma expressão que misturasse tristeza, decepção e desespero. Não foi nada disso que encontrei. Suas feições esbanjavam felicidade, e o sorriso em seu rosto me deixava desconfortável, sabendo que ela concordava com aquilo tudo.

– Você não vai fazer nada, Mia? – perguntou Greg.

Ele sim tinha feições desagradáveis. Seus olhos estavam vermelhos.

Minha mãe levantou e aproximou-se de Cecília. Essa última recuou um pouco, com medo de levar um tapa na cara. Mia a abraçou.

– Minha garota... – falava ela enquanto algumas lágrimas caíam de seus olhos.

– Qual é, Mia, isso é ridículo! – Greg irritou-se. – Essa casa já está cheia, e agora ainda teremos mais um fedelho? Sua filha abriu as pernas para esse marginal! – ele apontou o dedo para a cara de Jimi, que não sabia o que fazer. – E além de tudo ela tem só dezessete anos!

Cecília revirou os olhos como mais cedo.

– Eu faço vinte e um na quarta. – suspirou.

– Isso não significa que até lá você irá amadurecer o suficiente para ter responsabilidades com seu filho. – falei, sabendo das conseqüências que estavam por vir. – Você nem tem um emprego.

Jimi levantou-se, disposto a declarar que tinha sua banda, cujo clipe (que foi filmado na esquina de nossa casa com uma filmadora velha) seria lançado e passaria todos os dias na MTV. Acho que ele se deu conta de quão ridículo isso soaria e desistiu de abrir a boca.

– Sophia, não se meta. Você que é a pirralha por aqui, não tem moral nenhuma para falar. – gritou Cecília na minha cara. Eu sabia exatamente as palavras que ela falaria após. – Já contou para a mamãe que você não foi à aula hoje?

Vadia. Eu sabia que não poderia confiar.

– Isso é verdade, Amora? – perguntou minha mãe, com olhos incrédulos.

Mia tinha o costume de chamar de Amora, e eu nunca quis saber a real razão para ela fazer isso. Acho que ela acabou acostumando-se com todos meus colegas chamando-me de 'A menina da casa roxa', e quis aproveitar a situação para me constranger um pouco mais, chamando-me de um tipo de fruta que tinha a mesma cor.

– Eu fui para a igreja. – respondi, como se isso me absolvesse.

Cecília riu mordendo os lábios, sabendo que eu estava ferrada.

– Você está de castigo, Amora. – falou Mia enquanto balançava a cabeça negativamente. – Ir para a igreja não é desculpa. O Senhor não perdoa.

Fiquei irritada e agradeci a adolescente loira ironicamente.

– O Senhor também não perdoa atos sexuais sem intenções amorosas, pelo que sei. – falei.

O Menino debaixo da minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora