Capítulo 37

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As luzes amareladas me cegaram em um primeiro momento. Ainda com algumas lágrimas saindo dos olhos, eu tentava entender o que acontecia. Nós estávamos perdidos.

Greg parou o carro como o policial ordenou. Mia falou algum palavrão do lado de dentro do Mia Móvel, ordenando para que Gustavo colocasse o cinto de segurança rapidamente. Cecília (foi muito difícil tira-la daquele teatro, acredite) fitou-me com medo nos olhos. Eu e ela estávamos na caçamba da caminhonete, o que provavelmente seria mais um problema.

O guarda de trânsito aproximou-se com uma lanterna e uma expressão de cara malvado.

– Posso ver os documentos do carro? – ele pediu.

Mia abriu o porta-luvas, agarrando alguns papéis. Ela passou para Greg, que os mostrou para o policial. O homem analisou-os, e quanto a isso eu não tive dúvidas de que tudo estava certo.

– O senhor pode sair do carro?

O quatro dedos olhou para minha mãe. Ela balançou a cabeça, mandando-o sair. Greg deixou o Mia Móvel, fitando rudemente o guarda.

– O que as duas jovens estão fazendo ali atrás? – perguntou.

– A família toda não cabe dentro do carro. – disse o meu padrasto.

– Mas o senhor tem o conhecimento de que é proibido, certo?

Greg começou a rir do nada. O oficial não estava gostando.

– Eu vou ter que aplicar-lhe uma multa, meu senhor.

Mia suspirou dentro do carro, batendo sua cabeça contra o assento estofado.

– Está tudo bem, querida! – o quatro dedos gritou alterado.

O álcool estava entrando em cena.

O policial apontou a lanterna para os olhos do homem rapidamente.

– Ei, tire isso de mim!

O cara fardado acenou para um parceiro que se encontrava no carro de patrulha mais a frente. Este primeiro acabou de escrever a multa e foi até a porta do Mia Móvel entrega-la para a mulher de mesmo nome.

O segundo policial aproximou-se com um pequeno aparelho em mãos. Olhei para o céu estrelado, desejando que o pior não acontecesse.

– Senhor, por favor, faça o que eu mandar. – disse.

Ele ordenou que Greg assoprasse forte para realizar o teste de embriaguez. Ok, nós estávamos perdidos mesmo. Ao fim, o segundo oficial balançou a cabeça em afirmação para o outro.

– O senhor terá que nos acompanhar.

Quando ouvi as palavras, pulei da caçamba enquanto perguntei:

– Mas por quê?

Acho que o guarda assustou-se com meus movimentos rápidos, pois ele apontou a lanterna para mim. Não era a primeira vez que alguém fazia isso, você sabe.

– O seu pai está dirigindo embriagado, mocinha. Precisaremos ir até a delegacia.

Eu não sei o que me aconteceu. As lágrimas de antes transformaram-se em raiva enquanto eu pensava nas pessoas que já havia perdido. Primeiro o meu pai, que estava preso. Naquela noite Jonas, que havia visto o que não podia. E, muito provavelmente também, o jogador de basquete, que precisaria afastar-se um pouco para não causar mais problemas. Eu não perderia mais uma pessoa que amava naquela noite, nem pensar.

O Menino debaixo da minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora