Capítulo 45

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– Mas não estamos. – falei rápido.

– Certo.

Ele ajudou-me a levantar. Nossas mãos ainda estavam entrelaçadas. Ben falou para eu sentar no sofá enquanto ele olharia a nossa janta. Depois de mexer em algumas panelas, ele juntou-se a mim na sala. Retirando o boné por um curto segundo, ele arrumou o excesso de cabelos que tinha.

– Por que você o usa? – perguntei.

– Me dá sorte.

– Você fica mais bonito sem. Juro.

Ele fez uma cara que denunciava algo como 'você-acha-mesmo?'. Eu sorri para ele. Ben então tirou o boné da cabeça e olhou-o por um tempo. Depois, jogou-o para longe.

– Só por hoje. Por você ter aceitado o meu convite. – falou.

– Tudo bem. Eu entendo como é difícil abandonar o seu amuleto da sorte. Jonas também...

'Cala a boca, Sophia!'. Fechei os olhos. Quando os abrisse, iria me desculpar. Aquela era a noite de B e S. Só.

– Tudo bem. Uma hora teríamos que falar sobre ele. – disse Finta.

Olhei-o nos olhos. Pude perceber que havia um pouco de tristeza ali. Senti pena do garoto. Se estivesse apaixonado por mim de verdade, eu sabia como ele se sentia. E não era um bom sentimento.

– O que aconteceu naquela noite? – perguntei.

Ben respirou fundo.

– Eu não sei. Acho que apenas fiz o que sempre quis fazer.

– Sempre?

O garoto fez uma cara de 'ok-você-precisa-saber-de-toda-a-verdade'.

– Desde quando você me vigia no binóculo? – quis saber.

Eu pensei um pouco para responder.

– Hm, eu não sei. Não pense que o uso para vigiar apenas você. Olho a vizinhança, você sabe. E você está incluído nela.

– Mais ou menos...?

– Deve fazer um ano, quando achei nas coisas velhas do meu avô.

– Então...

Meus olhos aumentaram de tamanho.

– Não me diga que...

– Eu me interessei por você desde a primeira vez que você pousou seu olhar em mim. Seu binóculo, na verdade. Não são muitas as garotas que costumam estar acordadas as duas e quarenta e seis para observar os vizinhos. E você me observou naquela noite. Foi bastante tempo, até que eu percebesse a sua janela. Pude ler seus lábios pedindo desculpas e eu não respondi nada. Fiquei bobo. Foram... Sessenta e três espiadas a mais depois daquela.

Eu estava imóvel, atônita. Não acreditava no que estava escutando. Eu tinha uma espécie de admirador secreto e não fazia a menor ideia. O garoto estava na minha frente, talvez arrependido por ter contado a verdade, mas esperava por palavras minhas.

– Por que você perguntou se sabia a resposta?

– Para ver se você sabia.

O Menino debaixo da minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora