Capítulo 71

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Procurei pela casa de número 787. Os meus pés, cansados de correr, pretendiam acabar comigo depois daquilo. Eu parei em frente àquele lugar, observando o que acontecia. Havia movimentação ali dentro, então a minha visita não seria em vão. As pessoas que passaram em frente à janela, do lado de dentro, deram-me a certeza para que eu continuasse o meu plano. Eu estava determinada: Bateria na porta da casa de Jonas e falaria com o seu pai.

E foi o que fiz. Apertei a campainha e esperei inquieta. Eu estava nervosa, suando frio. Precisava ver aquele homem, precisava saber que Jonas havia me esquecido mesmo, precisava ter a certeza de que seria tudo por conta própria a partir daquele momento.

– Pois não? – falou a mulher parada junto à porta.

Então aquela era a mãe dele. Aparentemente, ela não tinha nada de parecido com o seu filho. O nariz era protuberante, os seios eram minguados (não que eu pudesse comparar com o meu Arie, pois isso ele não tinha), e os olhos eram simplesmente castanhos, como os meus. A tonalidade púrpura de seu cabelo fazia a minha pupila dilatar.

– Eu sou a Sophia... – tentei explicar-me, na tentativa de que Jonas tivesse falado sobre mim.

– Ah... – 'vogalizou' a mulher.

Um homem alto e engravatado passou por de trás dela, começando a subir as mesmas escadas que eu já havia subido. Não pensando duas vezes, entrei rapidamente, mesmo sem ter sido convidada.

– Ei, quem você... – começou a reclamar a minguadinha.

– Onde ele está? – apontei para a cara do homem.

Ele olhou-me surpreso.

– Q-Quem?

Peguei em sua gravata.

– Jonas! – gritei. – O que você fez com o seu filho?!

O homem estava confuso.

– Mas eu não tenho filho...

Soltei-o. Eu queria me enterrar no primeiro buraco. As minhas bochechas ganharam cor.

– Ah, você deve estar falando dos antigos moradores da casa... – ele explicou. – Nos mudamos há pouco tempo.

Morra, Sophia.

– Per... Perdão... Eu, eu não sabia, e... – gaguejei demais. – Vocês tem notícias deles?

– Parece que o filho desapareceu, então eles colocaram a casa à venda. O homem mal humorado nos vendeu pela metade do preço!

Só não caí porque o chão ainda me sustentava. Olhei para a porta e dirigi-me até ela.

– Você precisa de alguma coisa? – perguntou a mulher.

'Respostas', respondi mentalmente.


Eu estava saindo de meu quarto na mansão, quando reparei Sam e Cecília. Já era o dia seguinte, então a minha irmã já havia me explicado tudo. Parece que o ricaço havia apostado todas as fichas, não temendo nada (seguindo assim as dicas de um certo alguém), pedindo-a em casamento. A loira ficou surpresa no início, não entendendo o motivo de tanta pressa – que eles já estavam namorando era óbvio -, então esperou para que o homem explicasse. Ele disse que tudo fazia parte do plano. Quer dizer, ele a amava (e eu achava que nunca havia deixado de amar), mas com o casamento – somente no papel, é claro – o processo de adoção seria facilitado. Então ela aceitou.

O Menino debaixo da minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora