Gustavo já dormia no banco ao meu lado. Nathan em meus braços. As árvores do lado de fora mostravam que estávamos deixando a cidade. Estava escuro, e se eu não confiasse em Sam, diria que ele estava nos raptando. Mas ninguém raptaria crianças com dez centavos no bolso.
Depois de uma hora dentro do carro, Cecília atreveu-se a perguntar:
– Onde você mora?
Ele riu.
– Eu estava esperando por essa pergunta. Perdão por não ter falado antes, mas eu moro na saída da cidade. Mais precisamente aqui.
O homem desligou o motor em frente a maior casa que já havia sido construída. Tudo bem, exagerei um pouco, mas era incrivelmente imensa. Rodeada de árvores altas, a casa de vidro e madeira possuía iluminação externa também, o que a deixava ainda mais convidativa.
Perguntei-me quanto um advogado ganhava. Talvez eu me tornasse uma, pois a resposta – considerando a casa de Sam – parecia ser 'muito'. Deixamos o carro, caminhando em direção à mansão. Tive que acordar Gustavo, o que não foi muito difícil, pois o ricaço anunciou que havia comida esperando por ele. Levei Nathan no colo, e o rapaz bonito encarregou-se de guiar Cecília.
Depois de subirmos alguns degraus, atingimos a porta frontal do lugar. Esperei para que o cara retirasse as chaves de seu bolso e abrisse o que eu chamaria de novo lar. Por pelos menos aquela noite. Uns minutos antes a minha irmã havia perguntado se não existia problema em ficarmos por ali. Ele respondeu que sentia-se sozinho demais e que sempre quis ter filhos.
A porta aberta deu visão a um novo mundo. Pedindo licença, entrei no casarão, acompanhada de meus irmãos tímidos. Era tudo muito lindo, extenso e bem decorado.
– Você deve ser ocupado demais. – observei.
– Por que diz isso? – Sam quis saber.
– A árvore de natal continua ali.
Ele riu constrangido.
– Na verdade aquilo não é uma árvore de natal. É só... Uma árvore! – explicou. – Eu gosto das luzes, por isso elas estão ali.
Fazia sentido. Quando os passos lentos, quase inaudíveis, tornaram-se o único som, a barriga de Gustavo roncou.
– E aí, o que vai ser? Um Mc Donald's duplo? – o cara estava animado mesmo com a ideia de ter filhos temporários.
– Acho que não. Preciso de comida de verdade. Massa, batatas, carne. Essas coisas não visitam o meu estômago há muito tempo.
– Na verdade comeremos o que você tiver em casa. Não precisa se incomodar. – disse Cecília, estragando a diversão do pequeno que a olhou com cara de dó.
O jovem de olhos cor de mel pensou um pouco ao abrir a geladeira, e então virou-se para nós.
– Já sei, acho que posso pedir para Maiá cozinhar.
Ouvimos passos vindos do alto das escadas.
– Maiá é a sua...
Cecília desistiu de perguntar se ele tinha namorada – ela estava morrendo em busca dessa resposta – quando viu a empregada descer degrau por degrau. Ela era chinesa (ou japonesa, nunca soube distinguir), com os seus olhos bem fechados. Com um pano nas mãos que lustrava o corrimão, ela abanou para nós e sorriu simpática.
Minha irmã projetou um sorriso na face.
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O Menino debaixo da minha cama
Teen FictionSophia é uma garota de dezesseis anos comum, diferentemente de seus problemas. Sua irmã está grávida do namorado motoqueiro, o bebê que a sua mãe teve durante o segundo casamento a faz acordar todas as noites, e o irmão caçula... Bem, ele é o caçula...