Capítulo 62

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Gustavo pulou na piscina com tanta força e velocidade que um pouco de água espirrou em mim.

– Vá com calma, assim não sobrará nada aí dentro! – gritou Cecília.

Ela fingia estar se divertindo também, mas eu sei o quanto a minha irmã desejava poder entrar na piscina com todos. E foi por isso que eu me dispus a ficar do lado de fora ao seu lado. O dia estava incrivelmente lindo, e o sol encontrava o enorme quintal da casa de Sam sem grandes dificuldades.

– Vou ligar para a madeireira. – avisei para todos.

O rapaz pediu para que Gus brincasse um pouco sozinho, e então juntou-se a nós duas.

– Estive pensando... – se fosse em uma outra época, seria estranho ouvir a minha irmã falando isso – Não faz mais tanta diferença agora. Greg não tem para onde nos levar, e também não tem dinheiro suficiente guardado para sustentar nós quatro.

– Mas também não podemos ficar aqui para sempre, Cecília. – avisei. – Precisamos pelo menos descobrir se ele só está viajando mesmo ou... Apenas nos abandonou. – doeu dizer.

– Já disse que podem ficar o tempo que precisarem. – falou o cara.

– Sophia tem razão, você tem uma vida para viver, e ela não nos inclui.

– Quem disse? – o homem piscou.

Ele entregou-me um celular que estava ali por perto e eu disquei os números do local de trabalho de Greg. Demorou algum tempo até que alguém atendesse, mas, por fim, aquele mesmo homem que havia encontrado-me no dia de minha visita ao local, falou comigo. Depois de uma dúzia de palavras trocadas, desliguei.

– Ele morreu de overdose, certo? – brincou a minha irmã.

– Greg parte para a viagem de volta em três dias.

– E precisaremos conversar com ele assim que chegar. Tenho um grande plano. – avisou o homem rico.


Os três dias passaram-se. Liguei para Ben em cada um deles, implorando para que ele não desgrudasse os olhos da janela, avisando-me se enxergasse o nosso padrasto voltar. Se Greg havia ficado transtornado com a notícia da gravidez de Cecília, eu nem poderia imaginar como ele reagiria ao que Mia havia feito. Era muita informação para tão curto período de tempo.

Folheei outro livro da vasta estante, mas aquele ainda não era o que eu procurava. Fui outra vez até o balcão, pedindo ajuda para a mulher que cuidava do local. A biblioteca da cidade era grande demais para uma pessoa tão pequena como eu.

– Ainda não encontrei. Você tem certeza de que estou na parte certa?

Ela suspirou, como se quisesse dizer 'é-óbvio-que-está-pois-eu-nunca-erro'. A mulher levantou-se de seu banquinho e deixou o balcão da recepção. Com as mãos, sinalizou para que eu a seguisse. Percorremos até o fim do corredor F, dirigindo-nos até as prateleiras onde ficavam os livros com sugestões de nomes para bebês. A bibliotecária procurou por bastante tempo. Acho que ela não queria estar errada.

Quando cansou-se, ela virou para mim:

– Eu acho que não temos livros com nomes árabes.

Revirei os olhos.

– Mas eu pedi um de nomes judaicos.

A boca dela abriu-se rápido demais, e eu senti que ela pensava 'esses-pirralhos-pensam-que-eu-tenho-tempo-de-sobra'. Em questão de segundos, ela agarrou um livro e passou-me.

O Menino debaixo da minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora