Capítulo 55

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Eu apertei dois botões do elevador: o que nos levaria para a garagem e o outro para o terraço. Ele começou a mover-se, e a paisagem atrás do vidro – era um daqueles panorâmicos – foi modificada. Observei agarrada naqueles braços reconfortantes, tentando não chorar de desespero. O elevador descia, assim como as esperanças de encontrar o meu irmão e de ter alguma notícia de Cecília. Estávamos no fundo do poço quando ele falou a primeira palavra.

– Procurei por você a noite toda.

Desprendi-me dos braços de Jonas, fitando seus olhos preocupados e depois beijando os seus lábios macios.

– Desculpe estragar os seus planos de ir atrás dos seus pais.

– Não foi sua culpa. E você sabe que não tenho pressa alguma.

As portas do elevador abriram-se, e eu puxei-o pela mão.

– Vamos nos separar.

Eu já estava pronta para correr mais uma vez.

– Objetivo? – ele quis saber.

– Encontrar o meu irmão que desapareceu. Gustavo. Aquele que sabe que você...

– Conheço ele bem.

Não entendi, mas também não havia tempo para conversas.

– Você não quer mais alguns problemas? Posso passar os meus para você, já que têm tão poucos. – ele ofereceu.

– Vamos começar resolvendo este primeiro. Depois, quem sabe.

O meu namorado piscou para mim, e então nos separamos. Como se eu não precisasse de mais nenhum empecilho, aquela garagem era gigantesca. Devia haver mais vagas do que no estacionamento do shopping. Nem deveriam existir tantas pessoas naquela cidade para tantos lugares. Muito menos pessoas doentes.

Aquele meu começo de dia resumiu-se a isso: Correr. Aparentemente aquele local estava vazio, pois não precisei desviar de nenhuma pessoa. Investiguei carro por carro, inclusive abaixando-me até o chão, onde verifiquei se Gus não havia se escondido embaixo de algum automóvel. Mas ele não tinha motivos para aquilo.

Sem sucesso em minha procura, resolvi voltar para o elevador. Há alguns metros de mim, Jonas voltava da direção contraria.

– Nada. – ele falou.

– Vamos tentar o terraço.

Esperamos pelo elevador. Arie olhou para a garota ofegante ao seu lado.

– Como está Cecília? – perguntou.

– Como você sabe? – quis saber com dificuldade.

– Quando percebi que você demorava demais, saí atrás de você. – confirmou o que eu já imaginava que ele faria. – Fui até a sua casa...

– Antiga casa. – corrigi.

– As marcas de pneu e o rastro de sangue foram bem simbólicos. Passei a noite desejando para que nada tivesse acontecido com você, então visitei uns sete hospitais, na tentativa de te encontrar.

– Existem tantos hospitais assim?

– Nove, para ser exato. Não são bem hospitais, mas eles cuidam de pessoas feridas.

O Menino debaixo da minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora