Eu enxergava a claridade, mesmo estando com os olhos fechados. Aquilo machucava-me, então fui obrigada a abri-los, na tentativa de entender aonde eu estava. Quando o fiz, rejeitei rapidamente os refletores que estavam sobre mim. Era como estar em uma cadeira de dentista, com aquela luz que tem a intenção de te cegar, afim de que não sintas dor. Mas eu não estava com a boca aberta, e muito menos havia alguém ali perto.
Levantei, pois até então eu estava deitada em uma posição desconfortável, e reparei naquele local. Devia ser mais um sonho – ou pesadelo –, porque o lugar era totalmente vazio, e os refletores eram a única fonte de luz que me impedia de ficar a sós com a escuridão. Cambaleei para os lados, tonta e desorientada.
E aí eu o vi. Jonas, em minha frente. Ele estava parado, há uns cinco metros de distância, com uma expressão séria até demais. Sorri, estupidamente feliz por encontrá-lo. Eu sabia que aquilo tudo era mentira, e que ele continuava vivo. Ele havia voltado, estava em frente a mim. Explicaria-me tudo e voltaríamos a viver o nosso amor.
Corri como uma criança atrás do carro de sorvete. Braços abertos, prontos para agarrá-lo. Fechei-os, porém abracei o ar. Ao abrir os olhos, o meu Arie havia desaparecido. Mais uma vez. Virei de costas, olhando para o local que eu havia estado no princípio, e o encontrei novamente. Ameacei correr mais uma vez.
– Não faça isso, Sophia. – ele falou.
Eu sentia falta da sua voz. Aquele timbre doce e suave trazia-me inúmeros sentimentos de felicidade. Há tempos eu não conseguia sentir-me completa com as palavras que ele dizia.
– Por quê? – perguntei confusa.
Dei alguns passos para frente. Eu precisava sentir o seu corpo junto ao meu.
– Você já sabe da verdade, e está tentando fugir dela.
– Que verdade, Jonas? – quis saber. – Por que você está assim? O que aconteceu? Para onde você foi? Eu tenho tantas perguntas...
– Não pertenço mais a esse mundo, minha pequena. Você sabe da verdade agora, e tem que acreditar nela.
– Pare! – gritei. – Você não morreu, eu estou te vendo!
Ele abaixou a cabeça.
– Foi o único jeito que eu pude me comunicar com você. Nesse momento você está desacordada do mundo real, sonhando comigo. A minha única chance de explicar-lhe tudo é essa.
Não quis acreditar. Andei mais um pouco, aproximando-me dele. A sua imagem desapareceu outra vez.
– Sophia, é inútil... Você não conseguirá me tocar, eu sou um espírito agora. Não gostaria que tudo isso tivesse acontecido, mas você precisa acreditar em mim e seguir em frente, porque ainda há um caminho longo a percorrer.
– Eu não vou percorrer droga de caminho nenhum sem você! – rebelei-me.
Jonas continuava imóvel, brilhando sob a luz de um dos refletores.
– Tiraram a minha vida, mas o mesmo não acontecerá com você. Eu quis contar-te antes, a minha intenção nunca foi de deixar-te esperando por notícias sobre mim. – falou. – Como você pôde pensar por vários momentos que eu havia abandonado você? Eu nunca fugiria de alguém como você. Sabes que eu te amo além de tudo, minha Malka.
As minhas lágrimas saíram descontroladas.
– Você desapareceu e não deu notícias. Você partiu e nunca mais voltou. – falei com dificuldade.
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O Menino debaixo da minha cama
Teen FictionSophia é uma garota de dezesseis anos comum, diferentemente de seus problemas. Sua irmã está grávida do namorado motoqueiro, o bebê que a sua mãe teve durante o segundo casamento a faz acordar todas as noites, e o irmão caçula... Bem, ele é o caçula...