Capítulo 31

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As minhas caminhadas noturnas já haviam se tornado rotina, mas levando em conta de que elas eram intercaladas com garotos diferentes, sempre poderiam existir surpresas a cada novo passo.

– Você não vai me contar o seu grande plano, Einstein?

Jonas segurou em minha mão.

– Tudo bem. Não entre em pânico, não discorde, não fuja. Você prometeu que aceitaria as minhas condições.

– Tentarei.

Respirei fundo, vomitando todas as palavras depois.

– Eu vou te esconder embaixo da minha cama.

Ele riu alto até demais, mas a rua era deserta mesmo.

– Boa ideia. Podemos aproveitar e chamar o Senhor Willy Wonka para preparar nosso café da manhã.

Eu parei de andar. Minha mão – presa à dele – continuou um pouco, o que fez com que eu estendesse o braço.

– Estou falando sério. – percebi que ele iria surtar. – Lembre-se: Sem descontrole, fugas repentinas ou discórdia.

– Você é louca. – ele falou com calma.

– Eu também sei disso. Mas vai dar certo, você precisa confiar em mim. Será só durante a noite. Quer dizer, eu estou de férias, não tenho nada para fazer, posso passar o dia todo ao seu lado. E quando o sol se esconder, você entra debaixo da minha cama e fica lá até a manhã chegar.

Ele pensou um pouco, ainda achando tudo muito complicado.

– Acho que você esqueceu da parte em que me descobrem, te expulsam de casa, e viramos dois desabrigados.

– Eu ainda vou ter você do mesmo jeito. – dei de ombros.

Jonas aproximou-se de mim, grudando o seu rosto ao meu. Testa a testa, face a face. Era agora. O nosso primeiro beijo. A sua mão gelada encostou-se à minha nuca, mexendo um pouco em meus cabelos, e quando eu estava pronta para beijá-lo, uma pequena flor apareceu, obstruindo nossos lábios. Pelo jeito os truques de mágica haviam voltado.

– Como você consegue me convencer tão facilmente? – ele perguntou sussurrando, com sua voz rouca que me deixou paralisada.

– Simples, você é facilmente manipulável. Acredita em tudo que eu falo. – brinquei.

– Ah é? Então não devo acreditar em nada que você falar? – perguntou.

– Você saberá quando eu estiver falando a verdade.

– E porque parece que você acabou de falar várias delas?

– Porque eram verdades mesmo.

As luzes do poste acima de nós piscaram.



– Teremos que entrar pela janela. – anunciei.

Jonas olhou-me surpreso.

– Por quê?!

– Alguém pode estar acordado e nos ver entrando. Se usarmos a janela, entraremos direto em meu quarto. Há essa hora Cecília já está dormindo. – falei, olhando para o relógio em meu pulso. – Eu espero.

O Menino debaixo da minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora