Capítulo 75

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O barulho da porta de ferro do carro batendo chamou-me a atenção. Parada, ainda em frente à casa de meu vizinho, olhei para o lado, enxergando o veículo da madeireira parado em frente à residência roxa.

– Greg! – gritei.

O homem, atrapalhado com um bebê no colo, olhou-me com surpresa.

– Sophia!

Corri para abraçá-lo. Apertei-o forte, e depois beijei o pequeno rosto do bebê. Eu estava sentindo muita falta dos dois. Aquilo fez com que eu sorrisse mais uma vez.

– Como você está?

Essa era a pergunta da vez.

– Um pouco melhor.

– Passei algumas vezes naquela casa luxuosa que você está morando agora. Alertaram-me para não chegar perto de você.

– Você não leu a placa de cão raivoso na porta de entrada? – brinquei.

O meu padrasto riu. Pensei um pouco naquela cena toda que estava acontecendo.

– Espera aí... O que você está fazendo aqui? Você e Mia não...

– Não! – exclamou.

Relaxei.

– É minha obrigação passar aqui algumas vezes. Você sabe, ela ainda é a mãe de Nathan. Não que ela se importe muito, pois acho que ela até agradece por não ter que trocar fraldas, mas...

– E como você está se virando em relação a isso? – perguntei curiosa.

– É difícil. Como pode alguém deste tamanho dar tanto trabalho?

Ele passou a mão nos três fios de cabelo do bebê. Estava pronta para concordar, quando ouvi uma outra porta bater. Olhei para a casa roxa, e então a figura detestável – que eu também não enxergava há algum tempo -, deu as caras. Depois de encará-la por alguns segundos, desviei o olhar.

– Acho que já vou indo. – falei para Greg.

O homem concordou com a cabeça. Dei um último beijo no pequeno e no grande, e então comecei a caminhar.

– Sophia... – fui interrompida pela voz.

Virei-me rapidamente, encarando Mia.

– Venha aqui. – pediu.

O que ela queria comigo dessa vez? Estrangular-me?

Hesitei um pouco, mas acabei indo até ela. Não falei nada, apenas continuei encarando-a. Quando cheguei perto, a loira puxou-me pela mão, levando-me até a lateral da casa. Eu estava pronta para reclamar.

– Veja.

Mia apontou para uma pequena muda recém plantada na grama. Um galho finíssimo saía da terra, com uma mísera folha verde em sua ponta.

– Plantei uma outra árvore. Assim, quando ela crescer, você poderá subir de volta para o seu quarto. Essa outra já está velha, sem contar que foi uma péssima ideia tentar corta-la ao meio.

– Mia...

Ela olhou-me esperançosa.

– Aquele não é mais o meu quarto. Essa não é mais a minha casa. Você não é mais a minha mãe. – nunca tinha sido.

O Menino debaixo da minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora