O Menino debaixo da minha cama

Capítulo 22

Eu olhei para cima o máximo que pude, e mesmo assim não consegui enxergar o alto daquele supermercado. Era gigante, tomava conta de uma quadra inteira. Greg ficou me observando enquanto eu estava lá parada, parecendo uma garota hipnotizada.

– Você nunca tinha entrado nesse? – ele quis saber.

– Não. – falei. – Você sabe como eu sou distraída. Se me perdesse aí dentro demoraria anos para encontrar a saída.

Ele riu.

– Vamos. – convidou-me para entrar na gigante construção.

Pessoas entravam e saíam pelas portas automáticas do mercado. Muitas pessoas. Aquele lugar devia permanecer lotado durante todos os dias. Olhei para as filas dos caixas e as figuras estranhas conversavam em tom alto, provavelmente reclamando da vida. Imaginei o quanto tudo aquilo iria demorar. Provavelmente o dia inteiro, o que reduziria para zero as minhas chances de ver Jonas.

Logo na entrada do local, Greg encontrou um amigo e os dois começaram a conversar. Eu dei algum jeito de interromper os dois para avisar que iria fazer as compras sozinha e que o encontraria no caixa. Homens não gostam de comprar velas de princesas, então a boa ação do meu dia já estava feita.

Peguei um pequeno cesto verde, desejando para que não me perdesse ali dentro. Seria ridículo ter que pedir para algum funcionário qual era o caminho mais rápido para a saída. Eu parecia uma mexicana refugiada em terras americanas.

Caminhei pelos longos e vastos corredores, tentando deduzir aonde encontraria velas. Ainda tinha que comprar algumas coisas a mais que estavam escritas no papel rasgado antes fixado na nossa geladeira. Será que eles não tinham algum tipo de serviço de guias ou algo parecido? Seria tudo tão mais simples.

Inclinei a cabeça para trás, enxergando algumas placas que estavam presas no teto. Elas indicavam aonde eu encontraria cada produto, o que acabou facilitando um pouco das coisas. 'Artigos para Aniversário' estava escrito na placa do corredor sete, então foi para lá que me dirigi.

Existiam inúmeros tipos de velas. Azuis para meninos, rosas para meninas, brancas para... Bom, acho que eram para o caso de você não saber o sexo do aniversariante. Também existiam velas da Disney com alguns desenhos de princesa, e certamente eram essas que Mia desejava que eu comprasse. Retirei da prateleira a mais feia. Ninguém saberia que existiam algumas mais bonitas mesmo. Continuei procurando por aquela que produzia faísca. Para que diabos minha mãe queria uma vela assim? Princesas pegando fogo, eu pensei.

– Será que toda vez que nos encontrarmos eu terei de dizer a mesma coisa? Como você procura mal! – uma voz surgiu por trás de mim.

Virei-me, encarando o garoto de cabelos bagunçados que segurava uma caixa com quatro velas explosivas.

– Jonas! – gritei.

Eu ficava tão feliz em vê-lo.

– E provavelmente você vai gritar o meu nome todas as vezes que me ver também. – falou ele. – Então, são essas que você procura?

Apontou para as velas.

– Como você sabia? – perguntei.

– São as mais bonitas. E elas talvez combinem com as da Disney que você já pegou. Você quer que as princesas peguem fogo, é isso?

Mesmo pensamento. Alma gêmea.

– Você por favor pode parar de ter os mesmos pensamentos que eu? Eu vou ser obrigada a pensar que você é mesmo um vampiro que lê mentes alheias. E isso não é nada bonito.