Capítulo 7

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Aquele alarme maldito começou a soar exatamente na hora que eu havia mandado. Admito ter desejado para que ele se esquecesse de me acordar, mas algo importante tinha para ser feito naquele dia.

Depois de tomar banho, desci e Greg continuava dormindo. Ele não roncava dessa vez, mas eu ainda me sentia um pouco desconfortável por vê-lo dormir no meio da sala, com a camisa aberta e os cabelos desajeitados.

Olhei para o relógio e ainda faltavam trinta minutos. Droga, eu poderia ter dormido mais meia hora. Essa mania de acordar antes para evitar o atraso me incomodava sempre. Sentei no mesmo banco de horas antes e observei pela janela. A rua estava deserta, ninguém era louco de acordar tão cedo em um domingo. A não ser eu. Meus dedos impacientes faziam movimentos aleatórios sobre o balcão, e minhas unhas geravam um barulho irritante.

– Vai visitá-lo? – falou uma voz tipicamente rouca.

Greg havia acordado, e agora estava sentado no sofá, passando a mão por seus fios de cabelos amassados.

– Sim. – respondi. – Hoje é domingo.

Ele aproximou-se de mim e sentou no banco em minha frente.

– Você não está adiantada demais? – perguntou.

– O despertador tocou mais cedo, não tenho nada para fazer. – mentirosa.

Ele riu. Sabia que era mentira.

– Você não precisa ficar tão nervosa. – ele me alertou. – A essa hora você já deveria ter se acostumado.

E era verdade.

– Por que você não faz alguma coisa para levar? – Greg sugeriu. – Talvez aqueles cookies que você cozinha tão bem.

– Hm, é uma boa ideia. O tempo vai passar rápido desse jeito. – falei.

Era por isso que eu adorava meu padrasto. Ele sempre sabia como melhorar todas as situações.

Procurei a forma que costumava fazer os meus biscoitos. Peguei na prateleira um pequeno vidro que possuía uma etiqueta com 'Gotas de Chocolate' escrito em letras garrafais. Observei a mesa e senti que havia algo de estranho. Uma fita grossa a dividia ao meio, colando-a. Lembrei de que Jimi havia caído sobre ela na noite anterior, quebrando-a. Greg havia improvisado, deixando-a de pé, que era o mais importante.

Recolhi os mais variados ingredientes e os distribuí em cima da 'nova' mesa, pronta para começar.

– Guarde uns para mim. – pediu ele.

– Você não precisa me lembrar disso. – falei rindo.

O forno estava estupidamente quente, preparado para receber minha mistura comestível. Espalhei as pequenas gotas de chocolate pela massa, e os distribuí na forma. Fechei a porta do eletrodoméstico, implorando para que ficassem bons.

Quando os ponteiros no antigo relógio herdado da minha avó se aproximaram das nove horas, o forno apitou, avisando-me de que os cookies estavam prontos. Vesti uma luva de pano para não me queimar e retirei-os do calor. Perfeitos. Aquilo cheirava como inverno. Arrumei minha criação dentro de uma pequena cesta de vime e deixei a casa.

Meu instinto mandou-me ir buscar minha bicicleta, mas logo me lembrei de seus pneus vazios. Então tive que andar, o que me deixava mais feliz ainda. O vento daquela manhã não era dos mais quentes, então ao encontrar o meu rosto, o delicado frio tomava conta de meu corpo.

O Menino debaixo da minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora