Capítulo 46

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– E então? – perguntou ele.

– Está muito bom. Mesmo. – não menti.

As inúmeras velas que havíamos acendido separavam-me de Finta, que encontrava-se do outro lado da mesa de jantar retangular.

– O que está mais gostoso?

– A Coca-Cola, definitivamente.

Ele balançou a cabeça para mim.

– Ok, eu arriscaria dizer que são as batatas. Mas o estrogonofe em si está muito bom mesmo. Não sei decidir.

– O que você vai fazer para a sobremesa? – o garoto quis saber.

Larguei o garfo em meu prato, fitando-o com cara de 'ok-...-o-que-?'.

– Eu não sei cozinhar.

– Adoro te ver apavorada. – ele riu. – Bom, eu não pensei em nada. O que você quer que eu faça?

– Tem uma coisa que eu sei fazer. Uma.

– Deixa-me adivinhar... Miojo?

– Essa é a única coisa salgada que eu sei fazer. Tem uma doce também.

Ele ainda ria. Era muito bom escutar as suas gargalhadas.

– Não tem graça, ok? Você verá o que farei. E vai gostar. – avisei.

Terminei de degustar o meu prato. Estava realmente tudo perfeito.

– Há quanto tempo você vem cozinhando tudo isso? Não é muito para uma só pessoa fazer?

– Ah, pensei que você não repararia nisso. Tive uma pequena ajudinha dos sete anões. Tudo bem, caras, podem sair do esconderijo.

Ben olhava para os lados, esperando os seus anões imaginários.

– Bobo.

Levantei de minha cadeira e fui buscar o boné vermelho que o garoto havia jogado longe uma hora antes. O coloquei em minha cabeça.

– Como eu fico? – perguntei.

– Eu diria que você se parece com uma esposa de um jogador de basquete, que acompanha o marido em todos os jogos.

– Senhorita Finta, então. Prazer.

Retirei o adereço e o coloquei por sobre os cabelos de Ben.

– Sei que você sente falta.

– Bom, não desse jeito. – falou ele, reclamando da maneira que eu tinha colocado.

O boné estava sobre seus olhos, tapando sua visão. Era proposital.

– Não posso deixar que você veja nada. Só depois que minha sobremesa ficar pronta.

– Se você insiste...

Dirigi-me até a cozinha, onde abri várias portas e gavetas, procurando os ingredientes que eu desejava. Eram apenas dois, na verdade. Misturei-os em uma tigela e levei ao microondas por algum tempo. Ben estava impaciente.

O eletrodoméstico apitou, anunciando que estava pronto. Cuidei para não queimar-me, retirando devagar a tigela. Misturei tudo mais um pouco, e então agarrei duas pequenas colheres e coloquei dentro do recipiente.

O Menino debaixo da minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora