– E então? – perguntou ele.
– Está muito bom. Mesmo. – não menti.
As inúmeras velas que havíamos acendido separavam-me de Finta, que encontrava-se do outro lado da mesa de jantar retangular.
– O que está mais gostoso?
– A Coca-Cola, definitivamente.
Ele balançou a cabeça para mim.
– Ok, eu arriscaria dizer que são as batatas. Mas o estrogonofe em si está muito bom mesmo. Não sei decidir.
– O que você vai fazer para a sobremesa? – o garoto quis saber.
Larguei o garfo em meu prato, fitando-o com cara de 'ok-...-o-que-?'.
– Eu não sei cozinhar.
– Adoro te ver apavorada. – ele riu. – Bom, eu não pensei em nada. O que você quer que eu faça?
– Tem uma coisa que eu sei fazer. Uma.
– Deixa-me adivinhar... Miojo?
– Essa é a única coisa salgada que eu sei fazer. Tem uma doce também.
Ele ainda ria. Era muito bom escutar as suas gargalhadas.
– Não tem graça, ok? Você verá o que farei. E vai gostar. – avisei.
Terminei de degustar o meu prato. Estava realmente tudo perfeito.
– Há quanto tempo você vem cozinhando tudo isso? Não é muito para uma só pessoa fazer?
– Ah, pensei que você não repararia nisso. Tive uma pequena ajudinha dos sete anões. Tudo bem, caras, podem sair do esconderijo.
Ben olhava para os lados, esperando os seus anões imaginários.
– Bobo.
Levantei de minha cadeira e fui buscar o boné vermelho que o garoto havia jogado longe uma hora antes. O coloquei em minha cabeça.
– Como eu fico? – perguntei.
– Eu diria que você se parece com uma esposa de um jogador de basquete, que acompanha o marido em todos os jogos.
– Senhorita Finta, então. Prazer.
Retirei o adereço e o coloquei por sobre os cabelos de Ben.
– Sei que você sente falta.
– Bom, não desse jeito. – falou ele, reclamando da maneira que eu tinha colocado.
O boné estava sobre seus olhos, tapando sua visão. Era proposital.
– Não posso deixar que você veja nada. Só depois que minha sobremesa ficar pronta.
– Se você insiste...
Dirigi-me até a cozinha, onde abri várias portas e gavetas, procurando os ingredientes que eu desejava. Eram apenas dois, na verdade. Misturei-os em uma tigela e levei ao microondas por algum tempo. Ben estava impaciente.
O eletrodoméstico apitou, anunciando que estava pronto. Cuidei para não queimar-me, retirando devagar a tigela. Misturei tudo mais um pouco, e então agarrei duas pequenas colheres e coloquei dentro do recipiente.
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O Menino debaixo da minha cama
Teen FictionSophia é uma garota de dezesseis anos comum, diferentemente de seus problemas. Sua irmã está grávida do namorado motoqueiro, o bebê que a sua mãe teve durante o segundo casamento a faz acordar todas as noites, e o irmão caçula... Bem, ele é o caçula...