Sorri antes de abrir os olhos. Não era a manhã seguinte apenas. Alguns dias já haviam se passado, e essa era só mais um amanhecer rotineiro. Jonas havia se adaptado muito bem ao nosso plano noturno, e ninguém ainda – muito obrigada, Deus – havia o descoberto.
Eu estava sentindo-me muito bem naquela manhã, até abrir os olhos e deparar-me com a face de Arie quase colada à minha, sorrindo. Fiquei estática, meus olhos arregalados. Ameacei gritar, mas o garoto cobriu a minha boca com sua mão direita.
– Você não quer que me descubram. – ele sussurrou.
Puxei o edredom, escondendo meu rosto.
– Eu te falei para não olhar-me enquanto durmo ou acordo! – falei.
– Você é mais linda que sua irmã, sabia?
– Mentiroso. – a minha voz estava abafada por baixo do pano.
– Se tem alguma coisa que eu não faço é mentir, ok?
– Sei.
Ouviu-se um barulho vindo do lado de fora. Jonas olhou rapidamente para a janela aberta e jogou-se sem medo. No instante seguinte, Cecília apareceu no ambiente, fitando-me com uma cara confusa.
– Por que você estava falando sozinha? – perguntou ela.
Sentei na cama, aproveitando para pensar em alguma resposta convincente.
– Estava aquecendo a voz. – menti, fazendo alguns sons com a boca depois. – Não passo a noite inteira falando como você faz.
Ela aproximou-se, abrindo a boca.
– O que você quer dizer?
– Que você fala enquanto dorme. Estou reparando isso há dias. – olhei-a nos olhos.
– Er... Ahm... Duh, eu não faço isso!
– Faz sim... Duh! – a imitei.
Cecília cruzou um braço, apoiando a mão no queixo. Ela estava pensando, olhando para o nada, imaginando se havia dito mesmo algo durante a noite ou não. Ignorei-a, lembrando-me de Jonas. Não liguei para o fato de estar usando pijamas, apenas deixei o quarto correndo, estranhando pela família toda estar em casa. 'Anormal', pensei.
– Sophia? – o quatro dedos me chamou, mas não olhei para ele.
Ouvi a voz de minha irmã, no alto das escadas. 'Você está ficando louca ou o que?' foi o que ela disse para mim em voz alta para que todos pudessem ouvir claramente.
Abri a porta da frente, fechando-a logo em seguida. Dirigi-me até a lateral da casa roxa, onde encontrei Jonas sentado no meio da grama.
– Ai meu Deus, você está bem? – perguntei.
– Sobreviverei.
Peguei em seu pulso, analisando-o.
– Você é um tipo de mutante que nunca se machuca? Nenhum arranhão? – procurei por algum machucado em seus braços.
– Eu estou bem.
Observei meu pijama, pensando na minha cara de derrotada. Olhei para as ruas para ver se nenhum vizinho estava presenciando minha humilhação.
– Você se preocupa muito com os outros, hein. – falou o garoto.
– Não é você que está vestindo florzinhas coloridas em um pijama curto.
Levantamos da grama, encarando a árvore já familiar. Era rotina ter que escala-la todas as noites, então não havia problema algum fazer isso outra vez. O garoto auxiliou-me com suas mãos geladas. Sempre agarrava-me com força aos galhos velhos, pois sabia que um dia ou outro acabaria caindo dali. Olhei para a janela já aberta do quarto, enxergando Cecília.
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O Menino debaixo da minha cama
Novela JuvenilSophia é uma garota de dezesseis anos comum, diferentemente de seus problemas. Sua irmã está grávida do namorado motoqueiro, o bebê que a sua mãe teve durante o segundo casamento a faz acordar todas as noites, e o irmão caçula... Bem, ele é o caçula...