– Ai meu Deus, você passou o dia com um morador de rua? – Virgínia perguntou gritando, quase fazendo com que a sala toda escutasse.
Olhei para os lados, mas ninguém nos encarava. As populares estavam passando batom vermelho-selvagem nos lábios, os nerds copiando a matéria do quadro negro, e os bonitões estavam alisando seus braços bombados. Minha amiga e eu não nos encaixávamos em nenhuma das categorias. Na verdade, éramos as alienígenas dali.
– Ele não é um morador de rua, oras! – respondi sua pergunta. Estávamos falando sobre o meu dia diferente com Jonas. – E fale baixo, ninguém precisa saber da minha vida, ok?
– Tudo bem, você passou a tarde com um estranho e quer que eu ache isso normal? – quis saber. – O estranho do parque! Parece até nome de psicopata, Sophia! – Virgínia riu.
Fiquei pensando, analisando as hipóteses. Jonas não era um psicopata! Quer dizer, ele não tinha cara de alguém que gostaria de fazer coisas ruins comigo. E, mesmo se quisesse, já teria feito. Ele teve uma tarde inteira para isso, na qual comportou-se muito bem.
– Eu não deveria ter te contado nada, ta vendo? – falei.
– Estou só brincando, ta? Mas me diz, como ele é?
Demorei um pouco para responder.
– Ele é bonito. Não tem a mesma barriga dos garotos que você fotografa, o tipo dele não é esse. Eu meio que babei nos olhos e no sorriso. Ele é perfeito. Mais que o J, e eu não estou exagerando. – respondi.
Virgínia arregalou os olhos.
– Impossível.
– Você verá quando nossos bebês nascerem. – sussurrei.
Minha melhor amiga ficou surpresa.
– Ai meu Deus, vocês não...
– Não! – a interrompi. – O que você pensa que eu sou? Estava brincando só. – repeti o que ela havia falado anteriormente.
– Ufa.
Olhei para a minha barriga, imaginando ela umas quatro vezes maior. Eu me odiaria.
Deixamos a sala de aula quando o sinal tocou. Virgínia falou algumas coisas sobre os garotos novamente, mas eu não me importei, estava sendo uma péssima amiga. O meu pensamento na verdade estava muito ocupado pensando em Jonas. Ele havia dito que eu saberia onde encontrá-lo, e isso obviamente significava o parque. Perguntava-me se eu deveria ir ao seu encontro logo no dia seguinte que o tinha conhecido. Não seria precipitado e desesperado demais? Eu tinha essa mania de achar que tudo que eu fazia era errado mesmo.
– Sophia? Acorda! – gritava Virgínia em frente a mim.
A nuvem de pensamentos em minha cabeça desfez-se.
– Ah, perdão.
– No que você estava pensando? – perguntou minha amiga.
Quis mentir, porém pensei duas vezes. Ela era a pessoa em que eu mais poderia confiar, não tinha motivos para esconder nada.
– Você acharia precipitado demais eu ir encontrar o Jonas novamente?
– Não. Ele gostou de você, certo?
– E eu gostei dele.
– Então não tem porque pensar duas vezes. Aliás, você não tem garantia nenhuma de que indo ao tal lugar inabitado irá encontrá-lo. – falou ela com sinceridade.
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O Menino debaixo da minha cama
Teen FictionSophia é uma garota de dezesseis anos comum, diferentemente de seus problemas. Sua irmã está grávida do namorado motoqueiro, o bebê que a sua mãe teve durante o segundo casamento a faz acordar todas as noites, e o irmão caçula... Bem, ele é o caçula...