Capítulo 28

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– Aonde você pensa que vai? – perguntou Mia ao me ver com uma mochila nas costas, deixando a casa roxa.

Cecília tentou distraí-la, mas a capitã do nosso próprio Titanic havia descoberto sobre a pequena fugitiva. No caso, eu.

– Eu... – tentei falar, mas nenhum pensamento rápido apareceu desta vez.

– Sophia está indo para a casa de suas colegas de aula. Noite do pijama. Garotas amam isso, você sabe. Falar sobre garotos, fofocar sobre as meninas do ano seguinte, maquiagem e dedos no copo com água. – minha irmã inventou uma desculpa patética se aplicada a mim.

– Dedos no copo com água? – perguntou Mia.

– Os tempos são outros, mamãe. – explicou a grávida.

– Mas você odeia suas colegas! – minha mãe falou olhando para mim.

Fiquei sem responder por alguns segundos. Estava com a boca um pouco aberta como uma idiota.

– Não odeio não. É sempre tempo de criar novas amizades. – falei a coisa mais inútil da minha vida, impressionando-me com a minha capacidade. Mia pensou um pouco enquanto me analisava. Balançou a cabeça, apontando para a porta. Era um tipo de sinal para que eu pudesse ir.

Saí de casa, virando à esquerda. Olhei para a janela em que poderia enxergar Cecília e Mia. Minha irmã falava qualquer coisa com a minha mãe para dar-me cobertura, então pude correr para a casa de Ben. Nunca fui boa com corridas, sempre parecia a Phoebe de Friends.

Toquei a campainha da casa de tijolos, implorando para que fosse Ben o anfitrião. Voltei o olhar algumas vezes para a casa roxa, só para confirmar de que Mia não teria mais nenhum jeito de me enxergar. Meus dedos impacientes contorciam-se, formando o punho em minhas mãos. Estava pronta para bater na porta, mas ela foi aberta.

– Sophia? – falou a mãe do garoto ao abrir a porta.

Onde estaria a sorte de que Cecília havia falado?

A mulher devia ter uns cinquenta anos e era mal cuidada. Seus cabelos já grisalhos e as grotescas marcas de expressão facial a faziam parecer mais velha ainda. Não sei como ela sabia meu nome, porque Mia e ela não eram tão próximas. Minha mãe achava que ficar perto de pessoas descuidadas era algo contagioso.

– O-Oi! – aquilo era inesperado.

– Você precisa de alguma coisa? – perguntou.

– O Ben está?

'Claro que não. E, mesmo que estivesse, você deveria ter ligado antes para combinar. Não se chega à casa dos outros desse jeito.' Ela diria isso, pensei eu.

– Claro que sim. Ele me contou que saiu com você um dia desses e que você é uma garota muito interessante. Pode subir, o Benício está no quarto dele. Primeira porta à direita. – ela falou sorrindo, como se estivesse feliz por uma garota bater na porta de sua casa. Várias deveriam fazer isso, eu era só mais uma.

Quer dizer então que o Ben havia falado de mim até para a própria mãe? E que eu era uma garota interessante? Ele devia odiar o fato de sua mãe o chamar de Benício, aposto que sim.

Sorri de volta, entrando na casa. Diferente da minha, aquela em particular não tinha inúmeras cores e móveis exagerados. Era tudo decorado com sutileza.

O Menino debaixo da minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora