Capítulo 34

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O teatro da escola estava cheio. A multidão conversava alto, algumas crianças gritavam, e nenhuma música suavizava o ambiente. Perto do palco, o diretor reclamava sobre algo com sua secretária. Tive pena da pobre mulher.

Cecília passou correndo por mim, encontrando Jimi – ele estava vestido de preto com uma bandana na cabeça, grande novidade –, e abraçando-o em seguida. Depois que ela o deixou, correu para os camarins, aonde se arrumaria para a apresentação.

Meus olhos percorreram o grande local, tentando inutilmente encontrar Ben. Não tive sucesso. A minha família juntou-se a mim no meio de um dos três corredores que separavam os assentos.

– Aonde iremos sentar? Essa junção toda deve ter chegado há horas para pegar algum lugar bom. Malditos!

Mia estava brava. Bipolaridade aumentando.

Greg tirou do bolso a sua bebida, tomando um gole. Aquilo tudo devia ser chato demais para ele.

A secretária do diretor aproximou-se de nós, sorrindo forçadamente. Minha mãe aproveitou para pará-la.

– Ei, ei, mocinha! – gritou. – Será que você pode nos dizer aonde iremos sentar?

A jovem mulher de óculos ficou confusa. Olhou para os assentos, procurando algum lugar vago, depois para a prancheta em suas mãos.

– A fila P ainda tem alguns assentos, senhora.

– Senhorita. – corrigiu. – E onde fica isso?

A secretária atrapalhada apontou para o fundo do teatro.

– Mas lá e a porta são a mesma coisa! – Mia gritou.

A jovem desesperou-se, procurando algo para falar. Não conseguindo, preferiu sair correndo.

Mia balançou a cabeça em sentido de reprovação.

– Servicinho organizacional péssimo o desse lugar, hein?


Fui até os camarins, procurando por Cecília. Várias garotas estavam vestidas como bailarinas. Todas impecáveis, mas nenhuma parecia-se com minha irmã.

– Cecília? – chamei.

Algumas garotas me olharam, talvez se perguntando o que aquela estranha de vestido curto estava fazendo ali.

– Sophia? Ah, ainda bem que você chegou! – minha irmã deixou claro que ela só sabia ser legal comigo nos momentos em que precisava.

– O que houve? – perguntei. – Uns garotos da quinta-série foram até mim, falando que você havia me chamado...

– Ah sim, eles estavam nos espiando, então ofereci cinco pratas para quem fosse te chamar. Eu estou com um... Probleminha.

Ela mostrou-me o fecho de sua fantasia que estava emperrado na metade do caminho.

– Não fecha. – ela sussurrou.

Virei-a de costas para tentar fecha-lo, mas realmente estava preso.

– Quando você provou isso pela última vez?

– Dois meses atrás.

– Gênio. Seu corpo mudou muito devido a... Gravidez. – sussurrei. – Você não entra mais em qualquer coisa.

– Não queria ter que prova-lo de novo. Pensariam que eu engordei!

Revirei os olhos.

– Prenda a respiração. – ordenei.

O Menino debaixo da minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora