Dreaming out loud

Um tempo depois

   *Tori*

Assim que ele me abraçou e pediu pra eu olhar pra ele eu sabia que ele não ia conversar comigo. Eu me senti tao errada por ter beijado e mais errada ainda por ter gostado e por querer mais daquilo. Então a Bi chegou e o Caio estava lá. 

  — Porque você sumiu? Eu estava contando com você. — Falei meio brava. 

  — Eu tinha ido pra outra cidade cedo com a minha mãe pra comprar alguma coisa de presente pra ti mas não conseguimos nem chegar lá. Tava um transito de matar e quando conseguimos chegar o pneu do carro furou e chegamos aqui era uma da manhã. Desculpa — Ele falou e eu assenti.

  — Porque não veio se explicar mais cedo ou porque não ligou avisando ontem?

  — Ah sei lá. Ontem eu cheguei e dormi. Dai hoje eu me distraí e até tinha esquecido. — Na hora que ele disse "esquecido" parece que toda a magia foi pro ralo. Ele esqueceu da minha festa de dezesseis anos, do meu aniversário. Nem sequer ele me deu parabéns, nada.

  Eu pedi pra ele ir embora porque não estava no clima. Daí eu subi pro meu quarto a Bi subiu também e trancou a porta. Nos sentamos e ela esperou uma fala da minha parte.

  — Vocês dois se beijaram. E foi um belo beijo. 

  — A quanto tempo você estava lá?

  — Acho que fazia uns dois minutos.

  — Mas eu gostei muito, na boa. Ele beija magnificamente bem. Mas me senti culpada por ter gostado e mais ainda por querer mais. E mais. — Falei e respirei fundo. 

  — O.k. Então porque não aproveitou a deixa daquele desastre com o Caio e terminou com ele e foi atrás do Rafa?

  — Porque uma vez  Carlos disse que nós nunca poderíamos ficar juntos... 

  Passou cerca de um mês, eu e o Caio nos distanciamos cada vez mais até que no começo de outubro nos saímos da escola e ele foi se despedir de mim. Eu fui sincera e disse que não queria mais nada com ele. Mas o que eu fiquei mais "pasma" é que ele nem disse nada. Ele falou:firmeza, se é isso que você quer. E deu as costas pra mim. Eu fui pra casa e me senti bem. Porque tudo aquilo que eu sentia por ele foi diminuindo, acabando. 

  Fiquei um ano estudando todos os dias inglês. Minha mãe pega muito no meu pé, mas ela pega tanto que eu transformei minha vida em uma aula. Escrevo o meu diário em inglês, sempre que posso falo em inglês. Minha conversa com a Bi é em inglês e tudo mais. Por esse ano eu fiz meus dezessete e fiquei um bom tempo sem falar com o Rafa. Em compensação o Carlos vem me ver sempre. 

  Em outubro, depois de tudo, minha mãe e a mãe da Bi mandou nós duas para um intercâmbio. Esperamos ate novembro, fechamos nossas notas e fomos pra Disney. Vai ser um intercambio de quatro meses. Ao chegarmos lá tinha uma moça esperando por nós. Ela sabe um pouco de português mas a gente sabe quase tudo em inglês então.. Fomos pra casa dela, iremos ficar aqui ate o intercambio acabar. Nos desfizemos nossa mala nesse quarto. Nós fomos tomar banho.

  — Vamos? — Perguntei animada. A partir do momento em que chegamos no aeroporto falamos só inglês um com a outra. Então fomos eu, Bi e a Jess, dona da casa. Chegamos nos parques da Disney e foi tudo incrível. Quando estávamos vindo embora eu vi três caras lindos. Um deles esta de jaqueta de couro e os outros dois eu vejo no YouTube. São os irmãos Collins. Quando ele me viu eu dei um sorriso e ele abriu os braços. Eu corri ate ele e o abracei.

  — Foi um longo ano sem você. — Falei e ele abriu um sorriso. 

  — Concordo. — Eu me soltei e os amigos dele estão me olhado. — Chris e Crawford, Tori. — Ele nos apresentou e eu puxei a Bi. — E essa é a Bi. — Ele continuou. 

  — Prazer... — Dissemos os quatro juntos. O Chris ficou me encarando. — Vocês estavam indo pra lá? — Perguntei apontando pro parque.

  — É, vamos com a gente? — O Chris perguntou me olhando.

  — A gente acabou de voltar. Chegamos hoje e é melhor descansarmos. — Bi falou.

  — Ah, vocês tem que se divertir meninas. Vão com eles. Eu vou voltar e fazer o jantar. — A Jess disse e eu quis matar ela. 

  — O.k. Então vamos...— Falei. Entramos de novo no parque. 

  Após algumas horas ali já estava anoitecendo. O Chris e o Crawford foram embora mais cedo e o Rafa levou nós duas pra casa. Ele entrou e subiu pro nosso quarto. Ficamos quietos olhando pros lados. 

  Então ouvimos barulho de porta batendo brutalmente lá embaixo. Eu dei um pulo e o Rafa veio pra perto de nós. Era barulho de luta. Então saímos do quarto. Um cara de preto com arma subiu as escadas e viu a gente. Então a Jess atirou nele. Mas alguém jogou ela pelas escadas. Antes de ele nos ver entramos no banheiro. Deixamos a porta entreaberta. Com a lux apagada ficamos os três quietos atrás da porta. Então o cara entrou e eu fui ate ele. O único jeito era quebrar o pescoço. 

  — Sinto muito. — Falei mesmo não sentindo. Agora não tem mais nenhum. Eram só os dois. Mas por precaução o Rafa pegou a arma e desceu na nossa frente. Não tinha ninguém mesmo. A Jess esta no chão tentando levantar. Mas ela está em panico e meio ferida. Eu a coloquei no sofá.

  — Agora nos explica, quem são esses caras? — O Rafa perguntou.

  — Eles iam matar elas e pegar você. — Eu fiquei gelada por dentro.

  — Como assim?

  — Vocês não estão mais seguros. Eles já sabem onde encontrar vocês. Temos que dar um jeito nisso. — Ela falou pegando o celular. Nós três ficamos sem entender nada de nada. — Senhor, temos um problema. Eles acharam os três. Precisamos levar eles pro C.T. — C.T.? Que raios é isso? — O.k. — Ela desligou e respirou fundo. — O que fizeram com o outro? — Ela perguntou levantando.

  — Quebrei o pescoço dele. — Falei e me dei conta de que eu nem sequer sabia como fazer isso. Nunca tinha feito.  

  — Como?

  — Não sei. Reflexos. — Falei passando a mão na cabeça. Eu matei uma pessoa. Tem pessoas atrás de mim e da minha melhor amiga. Ficamos ali sem respostas quietos bebendo café. A Bi esta nervosa, eu estou nervosa e o Rafa tentando acalmar nós duas. 

Depois de uma hora mais ou menos chegou um cara de terno cinza olhando a porta derrubada, o cara morto e nós três olhando pra ele como crianças indefesas...