— Acho que é o Rafa. — Clara falou e a gente foi até o tal lugar. Mesmo eu não querendo. — Abre você. — Ela disse pra mim. Eu revirei os olhos e respirei fundo. Abri a porta e ele esta sem camisa com calça jeans preta e protetores de mão para colocar debaixo das luvas de box socando um saco se areia. Ele parou quando eu abri a porta. E veio um flash na minha cabeça muito estranho. Até doeu mas eu não conseguia parar de olhar pra ele, seus olhos extremamente azuis e seu cabelo suado desmanchado.— Que foi? — Ele perguntou ofegante.
— Adianta alguma coisa bater em um saco? — Falei fechando os olhos pela dor chata de cabeça.
— Tudo bem? — Bianca perguntou pra mim.
— É como um flashback de alguma coisa. Quando eu vi esse menino veio um flashback ou algo do tipo. — Eu falei e abri os olhos quando passou.
— Bom, adianta quando estou com raiva ou triste. Você sabe que funciona. — Ele falou. Mas eu não sabia.
— Não sei nem socar assim. — Falei rindo e ele veio pra cima de mim pra me bater. Eu desviei por instinto ou por reflexo não sei. — Você é louco?
— Me bate. — Ele pediu. Eu não sou obrigada. Me virei com cara de tédio e ele me segurou. Agora fiquei com raiva e do nada eu virei para socar ele.
— Chega! Não é assim que você vai me fazer lembrar de tudo. — Falei olhando nos olhos dele. Ele os fechou um pouco e assentiu.
— Se as senhoritas me permitem... — Ele voltou a bater no saco — Eu tenho muita coisa pra esxtravasar. — Então saímos dali. Entramos na casa pela porta dos fundos. Eu acompanhei elas até o segundo piso da casa. Então paramos na frente de um quarto.
— Esse é o seu quarto. — Bianca abriu e ele é lindo. Muito lindo. — Gostou?
— Amei. Tem minha cara. — Falei meio pra baixo. Eu me sentei na cama e fiquei quieta olhando os detalhes. Então elas falaram que iam me deixar sozinha um tempo. A porta ficou aberta, a luz meio acesa e eu olhando pras minhas mãos feito idiota. Aquela aliança parece me prender a visão. Fiquei minutos olhando pra ela quando uma pessoa passou pela minha porta. Ele parou com a toalha na mão sem camisa ainda.
— Oi.
— Oi. — Falei com menos animação que ele. Então o Rafael entrou no meu quarto e se sentou ao meu lado. Eu me distanciei um pouco.
— Estou fedendo?
— Não. É que... Não me entenda mal. Mas eu não lembro de você. Eu não sei quem você é e nem a ligação que eu tenho com você. Desculpe. — Falei ainda olhando pras minhas mãos.
— Não tem problema. E não foi ele quem te deu essa aliança. — Ele disse e eu assenti mas não estava tão desiludida quanto pensei que estaria.
— Que pena.
— Não tem interesse em sabem quem deu?
— Ainda não. — Falei e olhei pra ele. — O que nós somos?
— Nós dois ou nós a casa inteira?
— Equipe? Somos uma equipe de que? Não sou boa em esportes. — Disse irônica. Ele deu uma risada gostosa, uma risada bonita (?)
— Só você para me fazer rir hoje. É complicado te explicar agora.
— Quero ir pro Brasil. Quero ver minha mãe, rever minha casa. Estou me sentindo como se faltasse uma coisa entende? — Não era pra eu ter falado com ele sobre isso. Mas saiu naturalmente.
— Bom, eu te levo pro Brasil. — Ele falou — Amanhã, assim que acordar a gente pega um jatinho pra lá. — Eu sorri pra ele em agradecimento.
— Obrigada. — Falei e ele saiu de lá. Eu fui conhecer meu quarto melhor. Arrumei uma mala para poder ir para o Brasil amanhã. Então a Bianca entrou quando estava terminando de arrumar as malas.
— Onde você vai?
— Brasil. O seu amigo vai me levar. — Falei contente.
— Já volto.
*Rafael*
Eu pensei que até hoje a pior coisa que eu tinha escutado dela era "eu não gosto de você como eu gosto dele" mas então escutei coisa pior, "quem é você?". Tudo que a gente viveu foi apagado. Ela lembra de tudo até o dia que ia procurar pela academia do meu pai. Então ela não lembra mais de nada. Nem do nosso beijo, das nossas brigas, dos nossos amassos escondidos, nem do meu pedido de namoro que foi antes de ontem. Mas uma coisa piorou a situação. Ela ainda gosta do Caio. Ela queria que fosse o Caio o namorado dela. Ela me acha bruto. Agressivo. Violento. Mas pelo menos uma coisa que me deu esperança. Ela tem flashbacks quando vê uma coisa que já viveu. Eu preciso contactar o médico para saber se é possível. E então lembrei de uma coisa importante quando estava me vestindo. Corri até o quarto dela e ela estava se vestindo. É um vestido florido curto. Ela se olhou no espelho do mesmo jeito que eu olhei pra ela.
— Tori, você tem diários. Vem — Eu a puxei pro closet dela. Ela esconde os diários e eu sei onde é.
— Você sabe onde escondi meus diários?
— Sei de muitas coisas. — Falei e tirei os diários de lá. Ela os pegou e riu.
— Só lembro de um e eu vivi mais dois diários inteiros. — Ela parece irônica e triste. — Vou colocar na mala e amanhã no jatinho eu leio. — Ela levantou e eu agachado não tive como não olhar pras pernas dela.
— É, vamos almoçar. — Falei e descemos.
Ela ficou o dia todo lá fora na piscina, olhando pra ela e pra aliança.
— Ela não está bem. — A Bi disse parando do meu lado.
— Eu vou ligar pro médico, escuta — Liguei e depois de algumas chamadas ele atendeu. — Doutor, aqui é o namorado da Tori Backer.
— Ah sim, pois não. Algum problema?
— Não, é que hoje ela viu uma cena e disse que teve um tipo de flashback. É possível?
— Sim. É possível mas ela não vai se lembrar se tudo assim nesses flashbacks. No mínimo umas duas ou três coisas. — E lá vem o desânimo de novo.
— Ah. O.k. Obrigada doutor, qualquer coisa eu ligo avisando. — Falei e desliguei. — Voltamos a estaca zero.
— O que acha de ir pro Brasil hoje? — Ela perguntou. — Eu vou ligar pra tia Jen. E aviso.
— Isso. Coloca no viva voz.
— Oi tia Jen... É a Bianca.
— BI? AI MEU DEUS QUE SAUDADES! TUDO BEM? — Ela realmente gritou.
— Sim,tia. Só tem um problema. Ontem a Tori caiu e bateu a cabeça. Então perdeu três anos quase de lembranças. Ela lembra de quando ela ainda estava com o tornozelo quebrado tia. Então ela e o Rafa vão voltar pro Brasil. Pra ver se ela se sente melhor.
— Eu não tenho o que dizer.
— Nem a gente tia. Bom a gente vai ficar na casa do Carlos. É mais seguro. Para a senhora mesmo. Caso alguém sei lá, tente algo a gente sabe se defender. — Eu não sabia disso mas concordei.
— Sim, claro. O.k. Quando virão?
— Vamos sair hoje daqui. Assim que chegarmos iremos ate aí. Ela quer vê-la. — Bi disse e parece que dava pra sentir a Jen sorrindo.
— Também quero ver ela. Todos vocês. Bi, como foi o encontro dela com o Ryan?
— Foi bem. Ela ficou nervosa mas não transmitiu. — Ela disse — Tia, a gente vai desligar até mais.
— O.k. Vejo vocês mais tarde. Beijos. — E então desligou. Eu me levantei e fui até a piscina. Ela continua encarando as mãos dela.
— Tori. — À chamei e ela quieta. — Vamos para o Brasil hoje. — Então ela se animou.
— Agora?
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Dreaming out loud
AdventureTori pensava que sua vida já não era normal quando era adolescente. Mas quando conhece seu pai e sabe da sua verdadeira linhagem sua vida muda completamente e então nota que sua vida antiga era mais do que normal. E Rafael faz parte dessa loucura in...