Eu nem comecei

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  Fomos para a tal casa do Rafael. É bem grande e bonita.

  — É essa?

  — É. Vamos,entra. — Ele saiu do carro e tirou as malas do porta malas. Eu ia e pegar a minha mas ele se ofereceu.

  — Tenho braços, força e disposição pra fazer isso. — Falei quando estávamos caminhando ate a casa.

  — Tenho braços, muita força, muita disposição e o melhor, muito cavalheirismo. — Ele falou me olhando de canto. Eu simplesmente revirei meus olhos e admirei a casa. Assim que entramos nos sentamos na sala para comer. Eu estou com muita fome então devorei o lanche em poucos minutos. Ele deu risada de mim só porque ele não esta comendo. Na verdade ele esta jogado no sofá com um braço nas costas do sofá e a outra jogada sobre o corpo. — Vai com calma se não vai engasgar. — É insuportável a ironia dele.

  Depois de termos comido eu fui beber um pouco de água então voltei pra sala. Ele ia falar alguma coisa.

  — Bom, temos três quartos de hóspedes, o meu e o do meu pai. No do meu pai ninguém entra nem eu não sei porque. Ele não gosta. Tori se quiser pode dormir no meu quarto. — Ele ofereceu e eu fiquei desconfortável com isso.

  — E você dorme aonde? — Perguntei. Pra deixar claro que a gente não vai dormir na mesma cama.

  — Você não lembra Tori, mas a gente era amigo. E eu já dormi com você na mesma cama algumas vezes. — Ele falou tirando a jaqueta. — Mas eu durmo no sofá. Aproveite meu quarto com muita sabedoria porque tem uma hidromassagem. — Ele falou se jogando no sofá.

  — Qual seu quarto senhor sabedoria? — Perguntei. Ele levantou e nos acompanhou até o segundo andar. Elas entraram cada uma em um quarto de hóspedes e ele abriu a porta de seu quarto. É extremamente bonito. A cama cabe umas três pessoas mais ou menos. É meio escuro mas ao mesmo tempo "sensual". Tem a cara dele. — Bonito.

  — Obrigada. Só vou tomar um banho aqui ta, mas sinta-se como se eu não estivesse aqui. — Eu me sentei na cama com os diários em mãos. Pareciam livros totalmente confusos. Então eu abri um e comecei a ler a carta. Eu fiquei literalmente boquiaberta no inicio, mas então li o final e fiquei sem reação. — Ei, dentro daquela gaveta tem umas camisetas pega uma pra mim por favor? — Ele pediu com a toalha enrolada no quadril. Eu olhei por um segundo e voltei pra carta. — Ah, você leu... — Ele falou vindo até mim.

  — Não, não se aproxima. — Falei recuando.

  — Quer alguma explicação. Eu sei que quer.

  — Coloca uma roupa, desce pra sala e dorme. Eu... Eu vou ler algumas páginas desse diário mas antes... A tal página que você fala na carta. Eu posso ver? — Perguntei e ele se levantou indo até a tal gaveta. As costas dele fica maravilhosa quando ele faz um mínimo de força. Eu respirei fundo e ele se aproximou com o papel.

  — Vou me trocar e descer. Amanhã a gente conversa. — Ele pegou as roupas e chegou perto. Então beijou minha testa. Eu não queria mesmo ter me arrepiado com aquilo mas foi inevitável. — Dorme bem. — Ele desceu e eu me deitei na cama. Fiquei olhando pro teto e então quis muito tirar a roupa que eu estava. Mas minha mala esta lá embaixo e eu não queria dar de encontro com ele de novo. Então peguei uma de suas camisetas e coloquei. Ficou grande e de novo veio uma dor de cabeça. Era eu no meu quarto de Atlanta e estava vestindo uma camiseta dele também e fiz uma careta ao sair do closet. Então parou. Depois dessa dor eu fui dormir.

   No outro dia logo cedo eu acordei e desci ate a cozinha meio que dormindo. Então apareceu o ser atrás de mim.

  — Você fica muito melhor com essa camiseta do que eu, admito. — Ele disse e foi pegar um pouco de café.

  — Eu não queria descer para pegar alguma roupa. Desculpa. Mas agora eu quero conversar. — Falei me sentando no balcão de lá. E de novo uma merda de flashback com ele. — Por que eu tenho flashbacks com você?

  — Bom, a gente era meio que namorados. Assim que você entrou na academia eu te achei diferente e depois de um tempo eu me apaixonei por você. Mas você estava com o Caio. Então eu fui pra Londres pra não ficar aqui vendo aquilo. Mas ai, no seu aniversário de dezesseis anos eu vim pra sua festa, e o Caio te deu um furo e ele ia dançar com você. Então eu fui. — Ele falou se aproximando. O.k., na minha festa de dezesseis ele dançou comigo. Então tínhamos uma intimidade. — E no outro dia o Caio foi até sua casa mas não te deu feliz aniversário. Depois de um mês vocês terminaram.

  — Eu não perguntei do Caio. Até porque por algum motivo eu não consigo me importar tanto com ele como eu pensei que me importaria. Eu quero saber de nós... Espera, com quem foi meu primeiro beijo? — Agora estou muito confusa.

  — Comigo. — Ele falou meio inseguro.

  — Onde? Como?

  — Foi em julho há três anos na academia do meu pai. Você estava dormindo enquanto malhava então te levei pro vestiário. Te deitei e me sentei em cima de você só para irritar. Dai eu... — Ele parou e pegou minha mão me deitando no balcão no meio da cozinha e subiu em cima de mim. Querido, se situe.

  — Ei, ei. Sai de cima de mim. — Falei colocando as mãos nas pernas dele.

  — Fecha os olhos. — Ele pediu com tanta doçura que não tive como negar.

  — Você não está me impressionando.

  — Eu nem comecei. — Dava pra ouvir o seu sorriso cafajeste. Então ele me levantou devagar pelos braços. — Tori, abre os olhos. — Ele pediu e eu abri. Meu coração esta acelerado então olhei para os seus olhos incrivelmente claros de tão azuis. Então ele me beijou. Eu o beijei também porque foi inevitável. Então minha cabeça doeu e eu me soltei. — Acho que alguém lembrou do nosso primeiro beijo. — Eu olhei pra ele e o beijei de novo. Ele esta sem camisa então eu sem querer arranhei ele demais. — Ai. — Ele reclamou e eu o beijei de novo. Ai meu Deus quero parar.

  — Você beija muito bem. — Falei me soltando rapidamente. Então ele desceu da bancada e eu me virei pra ele.

  — Pensei que ia demorar pra gente de beijar de novo assim. — Ele falou me beijando de novo. Então eu parei. Ainda tenho muitas dúvidas.

  — Então essa aliança... Quem me deu?

  — Se você ler o que tem dentro dela vai saber. — Eu a tirei e li o nome. Era o nome dele.— Eu te pedi em namoro um dia antes de você bater a cabeça.

  — Eu queria lembrar de você sabia? Da gente. — Falei meio pra baixo.

  — Se você não lembrar, não tem problema. A gente recomeça.

  — Faria isso?

  — Eu nunca desistiria de você. — Então eu o beijei de novo. — Eu te amo. — Ele falou olhando nos meus olhos. E dentro de mim alguma coisa falava mais alto que a minha falta de memória.

  — Você já começou a tentar me impressionar?

  — Por que?

  — Porque esta conseguindo. — Disse e ele sorriu me abraçando. Então as meninas desceram.

  — O que aconteceu? — Bianca perguntou olhando pra gente abraçado no meio da cozinha.

  — Ela lembrou do nosso primeiro beijo. — Rafael falou e eu me virei meio tímida. Então ele ficou atrás de mim com seu corpo colado ao meu.

   — Ainda bem que ela não lembra das brigas. — Bianca falou e eu fiquei intrigada. Mas não falei nada.

  — Vou subir depois a gente se fala. — Eu subi pro quarto e peguei os diários de novo. Eu comecei a ler tudo muito rápido e por cima. A maioria das folhas era de mim reclamando de ter brigado com ele.

  "O Rafa é perfeito, concordo. Mas eu sempre acabo saindo triste quando estamos juntos. Ele sempre consegue me fazer alguma coisa e me deixar brava, estressada e triste. Eu não sei se seria feliz sem ter conhecido ele mas eu não seria tao triste assim."

  Nesse momento eu fechei o diário e respirei fundo.

Dreaming out loudOnde histórias criam vida. Descubra agora