Hospital

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  Nessas longas semanas não notei tamanha diferença. Mas sabia que algo estava errado comigo. Minha palidez era notável, nada para no meu estômago e meu emagrecimento é estranho. Mas apesar de todos esses fatores não fui à um médico procurar uma solução. Desde muito tempo meu trauma com hospitais me impede de ir até um médico. Fugia do Rafael e de qualquer pessoa que queria vir até minha casa. Quando era impossível impedi-los eu me maquiava para tentar disfarçar a palidez e as olheiras. E vestia minhas roupas largas para não destacar minha magreza excessiva.

  Hoje acordei ruim novamente. Fui ao banheiro tomar um banho relaxante para ver se passava e nada acontecia. Coloquei um de meus pijamas normais que sempre usei. É considerável os espaços que sobram na roupa. Me deitei encolhida pela dor e confesso que chorei. Algumas lágrimas se deixaram sair pela dor até que ouvi algumas vozes lá embaixo. Depois alguns passos subindo as escadas rapidamente. Me coloquei em pé com medo e o Rafael entrou pela porta decidido quando me olhou. Seu olhar era de surpresa e de espanto.

  - O que aconteceu com você? - Ele se aproximou e viu que estava chorando. Também notou meu estado.

  - Nada, eu estou muito... - Ia completar a frase com um "bem" mas acabei perdendo meus sentidos.

  Acordei novamente naquele quarto branco de sempre. Um hospital. Olhei pela janela e o Max estava ali de guarda com a Clara. Quando viram que eu havia despertado chamaram o Rafael. Ele entrou novamente com um copo de água em suas mãos.

   - Por que você me trouxe pra cá? - Foi minha pergunta urgente.

  - Você ainda me pergunta? Olha seu estado Tori, você desmaiou em cima de mim. Isso já é motivo suficiente para me preocupar e te trazer para o hospital. - Ele falou e o jeito que ele me olhava me constrangeu. Eu estava cansada, com dor e com vergonha do meu próprio namorado.

  - Você não contou para o meu pai, contou?

  - Não. Chegamos aqui faz duas horas. Ainda não sei o que dizer a eles. Amor... - Ele ia dizer algo mas o doutor entrou. Não sabia se eu ficava feliz ou extremamente amedrontada pelo o que ele pode dizer.

  - O.k. Tori, que bom que acordou. Agora nos vamos ir fazer alguns exames.

  - Que exames?

  - Ahn... - Ele estava com receio de dizer talvez pela minha expressão desperada. Enquanto ele não respondia o enfermeiro veio preparar tudo. - Vamos fazer uma biópsia.

  - Mas doutor... Biópsia é para descobrir se a pessoa tem câncer... Certo? - Meu desespero já havia ultrapassado todos os limites.

  - Vamos lá, eu só quero ter uma confirmação. Eu posso estar errado. - Ele tentou me acalmar mas não deu certo.

  - Onde? - Perguntei chorando me referindo em que lugar era o tal câncer.

  - Fígado. - O médico viu que nada me animava. Me levaram até uma sala. Eu dormi novamente e quando acordei tinha algumas pessoas olhando pra mim. Estava envergonhada.

  A que ponto eu cheguei.

  Não tinha ninguém ali além do Max e do Rafael.

  - Oi meu anjo. - Rafael se sentou ao meu lado seus olhos estavam inchados e avermelhados. O doutor voltou com alguns papéis em mãos e eu já fiquei alterada. Notei pelos batimentos cardíacos que apareciam no painel ao lado.

  - Olá Tori. O processo de biópsia geralmente é lento mas a gente se empenhou no seu caso e já temos um resultado. - Meu coração acelarava cada vez mais. - Deu positivo. Você tem câncer no fígado. Mas a boa notícia é que com um transplante de fígado resolvemos o seu problema. É uma pequena parte do fígado que é cancerosa e só precisa de um transplante. Pode ser tanto de um doador ja morto ou de um doador vivo com o mesmo tipo sanguíneo que o seu.

Dreaming out loudOnde histórias criam vida. Descubra agora