Estou aqui

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  Eu me deitei na cama olhando para o lugar onde ele sempre se deitava. E as lágrimas saiam sem nem ao menos eu notar. Então o Max entrou com algo para eu comer.

  — Vem, vamos comer. — Clara me levantou e eu olhei pra comida. Aquilo me embrulhou o estômago. Talvez seja por conta de eu não ter comido nada há várias horas seguidas. Comi um pouco e até ali tudo bem. Mas depois um enjôo de novo. Então corri para vomitar. — Você não está bem. — Clara disse. E eu debruçada no vaso sanitário. — Max, vá a farmácia, compra testes de gravidez. — Meu coração teria acelerado com a possibilidade mas estava sem forças para isso. Ouvi eles se despedirem e a Clara veio até mim.

  — Grávida? — Perguntei a ela.

  — Pelo que tudo indica. — Ela assentiu.

  Após um tempo o teste já estava respondendo minha dúvida. Dois risquinhos, bom, um bebê está chegando. Eu não sabia se eu chorava de alegria por aquilo ou tristeza pelo fato de que eu estou grávida do cara que eu amo que por acaso estava morto.

  — Precisamos falar pra eles. — Max disse e a gente desceu. Paramos na frente deles na sala e nos preparamos para falar.

  — Gente a Tori tem uma notícia para vocês.

  — Boa ou ruim? — Brenda perguntou.

   — Ótima. — Falei. — Eu estou grávida. — Eles se animaram com a ideia e vieram me abraçar.

  — E é óbvio que eu sou a madrinha. — Brenda disse e começou uma discussão de quem seria o tal padrinho e madrinha.

  — Sem brigas. — Falei calma. — Já tenho um casal para serem os padrinhos. — Eles me olharam e eu peguei a mão do Max e da Clara. Eles sorriram e me abraçaram.

  E então a gestação passou. Longos nove meses passaram como um sopro. E logo eu já estava com ele em meus braços. O chamei de Rick. Rick Bennett Backer. Nome de gente fresca. Eu olho pra ele e vejo o Rafa, só que com os cabelos mais claros.

  Eu subi para ver como ele estava, e o vi dormindo. Me aproximei do berço e o toquei.

  — Eu nunca vou deixar nada acontecer com você. — Falei baixinho e ouvi uma voz.

  — Tori? Tori estou aqui. — Era a voz dele vindo de longe.

  — Rafa? Rafa! Cadê você?! — Eu desci correndo e gritando então quando cheguei na sala ficou tudo confuso.

   Então abri os olhos e o vi ali. Parado na minha frente preocupado e eu chorando. O abracei e ele ficou surpreso com meu ato desesperado.

  — Amor, o que foi? — Ele perguntou e eu não conseguia dizer nada. — Está tudo bem. Eu estou aqui. — Ele me afastou e me olhou nos olhos. — Agora, me diz, o que houve? — Eu me acalmei.

  — Você morreu. Bianca morreu. Justin morreu. Eu... Eu vomitei muito. Eu estava grávida. — Olhei pra ele e o vi surpreso.

  — Grávida. — Ele falou. — Você não está... está? — Ele perguntou.

  — Não, amor. — Eu o abracei de novo. — Parecia tão real.

  — A imaginação nos prega peças. Mas estou aqui. E pretendo não te deixar tão cedo, muito menos grávida e sem a gente casar. — Ele colocou as mãos no meu rosto e me beijou. Eu confesso que aprofundei um pouco aquilo. — Ei ei. — Ele disse me vendo em cima dele. — A dor de cabeça já passou pelo jeito.

  — Já. — Levantei e estava indo pro banheiro quando parei e olhei pra trás. — Aceita um banho?

  — Quem sabe depois. — Ele saiu e eu tomei outro banho e me arrumei. Desci e abracei a Bi e o Jus falando bom dia.

  — Bom dia? — Os dois falaram. Nos sentamos na mesa e comemos. O Rafa ainda está estranho.

  — Vocês dois estão estranhos. — Max disse. — Você está animada de mais... e você quieto de mais. — Falou sobre mim e Rafa.

  — Ela teve um sonho. Pessoas morreram, incluindo eu, e ela estava grávida. — Rafa soltou o grávida meio... estranho.

  — Rafael!

  — O que? Eles precisavam saber.

  — Pelo jeito que nos abraçou a gente morreu também? — Bi perguntou.

  — Nós três. — Rafa esclareceu.

  — Grávida é? — Bi perguntou. — Quem eram os padrinhos?

  — A Clara e o Max. — Ela disse olhando pros talheres.

  — E eu? — Brenda disse quando se sentiu ofendida.

  Eles ficaram discutindo aquilo e eu o chamei para irmos lá fora.

  — Oi. — Ele falou.

  — Tudo bem?

  — Como ele era? Era menino?

  — Ele era lindo. Tinha seus olhos mas não tinha seu cabelo. — Ele riu e me beijou.

   — Queria uma menina. — Ele admitiu e nos sentamos. — Eu te amo.

  — Essa foi a última coisa que você me disse.

  — Para amor. Foi só um pesadelo. — Ele passou os dedos nos meus cabelos.

  — Mas foi algo possível. Estávamos em uma missão e podia muito bem acontecer. — Falei e ele respirou fundo.

  — Nós somos bons no que fazemos e eu... Vamos esquecer isso o.k.?

Dreaming out loudOnde histórias criam vida. Descubra agora